Clarice, a louca

Me sinto tão só... É como se não tivesse ninguém que pudesse se preocupar comigo, como se não existisse mais ninguém...

Apenas eu e as minhas lágimas e essas quatro paredes que estão a girar, diminuir e aumentar me deixando desesperada.

Não me sinto só, é abstrato demais, me sinto desesperada.

Não consigo mais escrever meus olhos estão turvados pelas lágrimas que não mais são lágrimas, são um rio, um rio a transbordar, a carregar tudo, tudo de bom que um dia foi construido.

Destinada a passar a eternidade de meus dias na solidão de meu desespero.

Como eu queria alguém, não pra conversar, apenas pra dizer: 'Aconteça o que acontecer eu estarei contigo'.

Mais ninguém mais tá nem ai pra isso e ninguém vai vir aqui para dizer 'Vou compartilhar contigo o seu silêncio', ninguém vai estar aqui para me dar um abraço, ninguém vai estar aqui pra me ligar, porque ninguém tem o meu número, e quem tem não se importa o suficiente para ligar.

Ninguém quer saber se eu estou bem ou viva ou se eu apenas estou.

O ciúme me corrói, a sanidade me destrói insanamente, mas aguentar e sorrir é o que se deve fazer pra que quem você ama fique bem, não é ato de heroísmo, é bom senso.

Me sinto traída por confiar e mais traída ainda por desconfiar, perco longas horas na tentativa de confirmar as minhas suspeitas, quero apenas um motivo pra chorar.

E quando consigo, tamanho o susto eu tombo de costas e grito com o travesseiro apertado contra a face para que os gritos de desespero não ultrapassem as fronteiras do meu quarto.

O mundo desaba.

Sindelll
Enviado por Sindelll em 08/01/2012
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