Perigos urbanos

A seriedade dos olhos da moça eram de assustar, seu silêncio mórbido, um misteriosos crime e a total incompreensão.

Mônica perdeu o ônibus das 23 horas, e sabia que era o ultimo que ia para sua casa, tinha sido uma distração ter ficado conversando com o rapaz simpático no balcão alem da conta, agora lastimava sua longa jornada de dois ônibus. Caminhando alguns quarteirões ouvindo somente o som de seus passos, observava as esquinas e vãos escuros das ruas, estava acostumada a andar sozinha, mas aquele trajeto, em particular era muito sombrio à noite.

O vento assoviava, ao longe podia ouvir carros passando, e uma musica tocando, mas se sentia estranhamento observada. Foi surpreendida de repente por um carro virando a rua que acabara de atravessar cantando pneu em uma velocidade incrível, desaparecendo a frente. Atonita caminhou mais rápido, tentando fazer mapas mentais de vias paralelas que fossem mais movimentadas, mas aquela área a noite era quase toda daquele jeito. Um minuto depois um outro carro virou a mesma rua cantando pneu, só que este trazia um homem com metade do corpo para fora e uma arma, e passou olhando para ela, com um sorriso sacana. Duas quadras a frente viu o carro, parar, o sangue gelou nas veias, o carro começou a dar ré, as pernas bambearam e se viu no meio do quarteirão sem ter para onde correr. O carro parou a seu lado, e o homem perguntou:

-Viu um carro passar por aqui?

-Sim-voz tremula- seguiu reto, cerca de 4 quarteirões.

-Certo, precisa de uma carona? –Ele não trazia mais a arma nas mãos.

-Não obrigada.-nenhuma outra palavra saiu de seus lábios, estava anestesiada de pavor.

Levantou as sobrancelhas e o carro seguiu seu rumo numa arrancada rápida.

Continuou com passos mais rápidos, quase correndo. Arfando com o coração na boca, segurando para não chorar. Quando estava há exatos dois quarteirões da avenida que tinha o ponto de ônibus, foi agarrada por um dos caras do carro:

-Tão linda e andando sozinha, agora nos fará companhia, tapou sua boca e imobilizou seus braços. As lágrimas escorriam e tentava gritar, um grunhido abafado era tudo o que podia ser ouvido.

Foi colocada no banco de passageiros amarrada, um dos homens acariciava seu corpo com um sorriso sacana no rosto:

-Lindinha, vamos nos divertir muito.

A dor de sua alma agora se misturava com nojo, suas pernas tremiam, e sentia um pouco de náusea. Quando pararam em um bairro próximo, residencial com casas de classe média, a tirou do carro, o motorista se aproximou e ficou observando-a de perto, como a uma carne que se esta prestes a comer. Tocou em seu rosto e passou a língua pelos lábios:

-Gostosa!

Sentiu raiva, vontade de destruir aqueles malditos com as próprias mãos, as lágrimas de ódio escorriam pela face. Eles conversavam animadamente falando de algo que tinham roubado, quando foram surpreendidos por um carro que chegou e fechou o que eles estavam vários homens desceram e renderam estes com armas de grande porte. Ela amarrada, apenas se jogou no chão apavorada, os homens se renderam, mas foram mortos com tiros na cabeça. Os homens a viram, desamarraram e um deles perguntou:

-Você esta bem?

Ela tremia, sequer consegui responder, em lagrimas encolheu em posição fetal e ficou olhando nos olhos dele pedindo piedade, se eram bandidos não sabia o que poderiam fazer a ela.

-Moça, não vamos te machucar, estes caras eram bandidos, alem de roubarem estupraram várias mulheres, inclusive a minha. –respirou fundo- a policia vai chegar logo, pois o barulho dos tiros deve ter sido ouvido, pode ficar aí se quiser, e pode dizer sobre o que te disse, isso foi um acerto de contas. Tome –estendeu algumas notas de 10- pode ajudar no taxi.

Saíram rapidamente, ela ficou ali, guardou o dinheiro no bolso, meio sem saber o que fazer quando a policia chegou. Devia estar pálida, os policiais ficaram olhando para ela sem compreender sua presença ali. Não demoraram pra identificar os bandidos, condenados e foragidos. Sua vida de repente ficou paralisada. E soube, realmente o que é estar a um passo da morte, da dor e da violação.

T Sophie
Enviado por T Sophie em 01/03/2012
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