Nas profundezas sobre-humanas

Eram 13h00min, o céu estava claro e com poucas nuvens, uma leve camada de neve cobria toda a área, o clima começava a mostrar sinais de que logo o inverno acabaria. A temperatura era de cinco graus. Não havia muitas árvores, a maioria delas se localizava ao redor de Black Lake, cujo era o lugar que Francis se encaminhava, ficava apenas a um quilômetro de sua casa. Lissie não costumava sair muito e a única vez que ela havia ido ao lago tinha sido há três meses, antes do gelo se formar em sua superfície. Quando ela voltou, estava um pouco transtornada e esquecia ou trocava o nome de alguns objetos, como se tivesse sofrido algum tipo de amnésia e estivesse reaprendendo seus respectivos nomes. Após uns três dias ela voltou ao normal.

Fazia algumas horas que ela havia saído. Francis a encontrou, parada sobre a frágil camada de gelo, Seu vestido cinza agitava-se com o vento brando. Parou antes da superfície congelada e gritou seu nome, não foi correspondido, era como se a mente de Lissie houvesse entrado em algum estado hipnótico. Ele caminhou lentamente até seu encontro, apoiou levemente a palma de sua mão sobre o ombro direito e ela se virou assustada.

A camada de gelo já não era mais capaz de suportar duas pessoas no mesmo ponto, principalmente quando uma delas cria uma forte pressão com os pés ao se virar para atacar a outra. Afundando naquela água gélida, Francis viu duas silhuetas, uma a alguns metros à sua frente e a outra se distanciando, indo para o fundo. Com grande dificuldade, Francis a tirou da água. Estava inconsciente. Ele se apressou em levá-la para casa antes que tivesse uma hipotermia. "Havia algo lá dentro, realmente havia." Pensava ele.

Sua esposa estava bem agora, seu momento de dificuldade se encerrava naquele dia, assim como a natureza encerrava o inverno. Logo ela irá acordar e Francis não a deixaria sair da cama naquele dia, ele se direcionou à cozinha, pretendia fazer algo para ela comer. Apressou-se ao ouvir o som dos pés de Lissie encostando-se no assoalho. Dirigindo-se ao quarto ele pensava: "Foi o frio. Sim, foi o frio e a adrenalina. Fizeram-me imaginar coisas, não havia nada na água, eu realmente não vi o corpo congelado de Lissie e também não vi um cetáceo com pernas nadar para o fundo do lago”.

Johnny Baldwin
Enviado por Johnny Baldwin em 04/06/2012
Reeditado em 14/09/2013
Código do texto: T3706158
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