Sonhos?

A noite insone, a mente indo e vindo entre lembranças e sonhos, planos e incertezas e mundo pulsando lá fora vivo, mesmo que adormecido, almas cheias de vida, e outros corpos findando seus ultimo suspiro, alguns nascendo e outros morrendo em uma roda que gira e gira...

E a repentina solidão, o desejo de ter ,junto a si, um corpo quente, de seu bem, o cheiro suave de sua pele e respiração tranquila. Fecha os olhos tentando imaginar a delicia de ser acariciada, e abraçada com carinho e desejo, e sentir o fogo começar a incendiar corpo e alma, e receber uma injeção de ânimo e vida.

O vento gelado pelas frestas da janela, entram e arranham a superfície da pele, como a unha ferina de um animal, arrepiando e causando dor, que parece alcançar os ossos, e o quarto parece ser tomado por uma aura maligna, como se a noite em si tivesse um poder de tornar quem a encontrasse acordado sugado, amuado.

Sentou e observou as sombras do quarto, o som do relógio ao longe e uma ansiedade repentina, surpreendida com o som de passos vindo de algum cômodo mais longe do quarto. Seus pais se tivessem saído do quarto teria ouvido, as portas eram muito próximas, com temor se levantou e se aproximou do corredor, atenta foi caminhando em direção a sala, não viu nada. Foi em todos os cômodos, mas nada encontrou, voltou para quarto, e assombrada viu todas as suas cobertas no chão e seu travesseiro centralizado no meio da cama, acendeu a luz, trêmula, nada embaixo da cama e guarda roupa, tudo normal, pegou o que estava no chão e foi para a cama. Se e enrolou inteira, encolhida, posição fetal e o coração disparado, quando começou a adormecer, escutou passos novamente, mas desta vez muito perto, talvez no corredor, ou do lado de fora da janela, com o coração disparado dentro do peito apagou em um sono profundo, como uma anestesia que arranca repentinamente da realidade, e em seu sonho via seu bem, acariciando seu rosto sorrindo, e sussurrando quão bom era encontra-la, em jardins e paisagens paradisíacas, acordou extasiada, quando viu no celular mil chamadas da casa de seu amado. Ligou e depois de uma demora para atender disseram que ele tinha caído das escadas a noite e estava em coma no hospital, desde as 22 horas.

Correu para o hospital, com lagrimas nos olhos e o universo pulsando dentro do peito, e o viu, adormecido com aparelhos. A batida tinha sido forte, havia um inchaço dentro da cabeça, que provocava a perda de consciência. Em lagrimas ficou ao lado dele, mas sentia como se ele estivesse muito perto de si, com se a alma estivesse fora do corpo bem próximo dela, fechou os olhos e sentia em seu lado direito a sensação tenra que sempre tinha quando estava com ele, abriu os olhos, não via nada, mas se lembrou do sonho e da noite anterior, ele estava inconsciente, talvez a estivesse buscando em sonhos...

Na noite seguinte pensou muito nele antes de dormir, tentava atrair a alma dele a si, de modo que o medo de perdê-lo diminuísse, quando dormiu viu o rosto dele e sentiu seu toque em sussurros diziam para não temer, que ficaria bem, que logo acordaria e estaria com ela para sempre. Acordou com esperanças no outro dia, mas soube de uma piora, que tivera uma parada respiratória e estava inacessível no CTI. Cada hora era uma agonia, se perguntou se a liberdade da alma de visita-la era sinal de que estava no fio da vida, quase indo ao outro lado, chorou compulsivamente ao pensar nisso.

Augusto simplesmente acordou na CTI dois dias depois, ansioso começou a sem mexer, as enfermeiras tiraram os tubos e o examinaram, o medico veio e animado comunicou à família. Recebeu o telefonema e foi correndo vê-lo:

-Meu bem! Você acordou!

-Luiza minha linda, eu disse que ficaria do seu lado para sempre -sorriu- sei que seu amor é sincero, pois estive em seus sonhos e seus olhos brilhavam com uma intensidade tão genuína ao me ver, que eu sei que é quem eu quero para sempre.

Em lagrimas o abraçou, e o tempo então se mostrou um bom aliado, e o amor floresceu e continuaram a sonhar os mesmos sonhos até que a morte os levou juntos em uma noite de frio, já idosos dormindo com as mãos entrelaçadas.

T Sophie
Enviado por T Sophie em 12/08/2012
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