O senhor da discórdia: Prólogo

PRÓLOGO

O luxuoso carro preto descia pela uma estrada irregular, que terminaria nas margens de um pequeno riacho isolado da natureza. A noite estava sombria, e o cenário não era nada agradável para se cometer um assassinato aparentemente sem motivos. As arvores pareciam estar correndo de medo do carro que ia saltitando devido aos muitos buracos da estrada de chão. Dentro de pouco tempo estaria tudo terminado.

Dentro do carro, os dois homens encarregados daquele serviço pareciam nervosos, mas aquela era uma tarefa simples. Esse era o trabalho deles. Matar era uma arte. A presa, que estava no banco de trás, amordaçada e amarrada, se debatia e tentava gritar com o máximo de suas forças, mesmo sabendo que podia ser em vão. Parecia que sua vida tinha chegado ao fim.

- O caminho tinha que ser tão longo? – perguntou um dos homens se virando para trás e encarando a vitima com aqueles olhos esbugalhados de medo. Não um medo da morte, mas sim do que poderia acontecer com sua reputação. – Fica quietinho aí meu amigo, dentro de pouco tempo você vai estar em paz.

Estar em paz, essa era a deixa perfeita. Sem dúvida ele estaria morto dentro de minutos e então começo a se debater mais forte ainda, caindo do banco.

- Idiota. – murmurou o motorista, que ia controlando o carro como podia naquela estrada íngreme.

Enfim eles avistaram o que parecia ser um pequeno rio que talvez nem service para pescar, mas como haviam lhes dito, havia um rio ali, e era naquele lugar que a história de alguém ia terminar, mas outra ia começar. Foi assim que disseram pra eles, e ficaram sem entender, mas o que importava era o dinheiro. E tudo já havia sido pago. Agora era cumprir como haviam planejado e dar o pé dali.

Desceram do carro e sentiram um pequeno arrepio na espinha. Eles já haviam cometido vários crimes, mas aquele tinha uma áurea diferente, e era num lugar totalmente diferente. Propicio de um filme de terror. Abriram a porta de trás e avistaram o homem que teria a vida arrancada naquela terrível noite fria. Era um velho que parecia ter mais de sessenta anos, pela sua expressão de terror era impossível distinguir a idade dele.

- Se você se comportar direitinho, vai sofrer menos. Entendeu? – perguntou o motorista do carro. Era um homem totalmente corpulento e gigantesco. Se ele resolvesse usar a força, certamente sairia ganhando.

O homem permaneceu com os olhos arregalados e não reagiu. Os dois começaram rir do medo do homem mas logo ficaram sérios. Não podiam enrolar muito, assim tinham aprendido nos longos anos de trabalho.

A perspectiva da morte era bem melhor em outras pessoas. Diante da certeza que iriam morrer, eles já tinham visto as mais diferentes reações, mas aquela do momento era a mais comum. Olhos que imploravam piedade. ‘’A piedade é uma dádiva para poucos, não cabe a nós’’, pensava o motorista observando aqueles olhos assustados e inertes.

- Tira a mordaça dele. Quero ter uma conversa séria com esse homem.

O outro tirou a fita que prendia a mordaça de uma vez e o homem guinchou de dor. Em seguida tirou a mordaça cheia de saliva de homem morto, ele riu perante essa observação.

- Eu só quero conversar meu amigo. Você não vai morrer assim de graça. – brincou o motorista.

A revelação deixou o homem atônito, é claro que ele ia morrer. Mas brincar um pouco não fazia mal a ninguém.

- O que você quer saber? Eu tenho muito dinheiro e...

- Ei, calma. – interrompeu o motorista enfim satisfeito pelo homem ter falado. – Não quero dinheiro.

- Então o que? – ele estava totalmente extasiado pela perspectiva de escapar daquela morte eminente.

- Só te fazer uma simples pergunta. Está disposto a responder sinceramente? – o outro tentava conter o riso perante aquele teatro que seu amigo estava fazendo.

- Claro que sim. Qualquer uma. – a voz do homem era totalmente roca, fruto de um longo tempo sem poder falar.

- É...como posso te perguntar? – começou o motorista com um ar eminente de um advogado defendendo seu cliente perante o juiz. – Você quer morrer?

O outro não aguentou e soltou uma sonora gargalhada que fez o homem arregalar mais os olhos.

- Eu vou morrer, não é mesmo?

- Seu idiota! – repreendeu o motorista irritado com a ação do colega. E abaixando a voz, falou aquilo que o homem esperava ouvir. – É claro que vai. Nós não te raptamos e te trouxemos até aqui pra conversar, não acha? Se você ainda tinha alguma esperança, devo dizer que o senhor é um completo idiota.

- Por favor, não me mate, eu...

- É com você idiota! – gritou o motorista para o outro que rodeou o carro e puxou o homem com os braços fortes. Ele parecia ser mais corpulento do que o outro, pensou o homem que se debatia. Mas estava apavorado demais pra gritar ou qualquer coisa do tipo. Deixou que o grandão o pegasse no colo e o levasse até a margem do rio.

O homem sentiu que não aguentaria acordado sabendo que dentro de pouco tempo estaria morto. Como seria a vida após a morte? Se é que existia vida após a morte. Sentiu uma terrível dor na bacia quando o grandão o jogou no chão. Não se sentiu confortável quando ele se aproximou com o seu rosto totalmente desfigurado. Parecia ter sofrido muito. Será que era aquele o semblante de um assassino cruel? Viu ele acenar para seu companheiro que ficara sentado na frente do carro de braços cruzados, observando tudo. Ele foi até o porta-malas e voltou trazendo algumas coisas no braço que o homem não conseguiu distinguir.

- É, meu velho, parece que a morte chegou pra alguém aqui. – zombou o grandão agarrando pelos cabelos do homem e mergulhando na água, fazendo ele ficar com a cabeça totalmente submersa.

O motorista se aproximou e jogou algumas ferramentas na grama molhada pela noite e pela umidade do local. Cruzou os braços e começo assobiar qualquer canção sertaneja, enquanto o outro permanecia afogando a cabeça do homem.

- Quanto tempo vai demorar? – quis saber impaciente.

- Pela idade desse verme, mais um minuto pra garantir. Mas se quiser a gente decepa ele vivo. – e caiu numa gargalhada assustadora, fazendo algumas corujas saírem voando.

Enfim ele tirou a cabeça do homem e observou bem os olhos aparentemente mortos daquele velho.

- Agora é com você. – anunciou para o parceiro jogando o corpo morto do velho no chão.

Ali, sob as estrelas que habitavam o firmamento, ele iria ser decepado e totalmente desfigurado. Fazia parte do plano, teria que ser seguido a risca.

Depois de tudo terminado, só restava mais uma coisa a fazer antes de irem embora. O motorista sacou o celular e discou. Esperou um pouco até que o outro atendesse.

- Fim da linha.

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Quem leu esse prólogo e gostou, convido a continuar acompanhando a história, que vai ser postada aos poucos. Devo dizer que tem muitas surpresas por aí.

Vamos lá, avancem para o Cap.1!

Obrigado!

Fernandes Carvalho
Enviado por Fernandes Carvalho em 17/08/2012
Reeditado em 22/08/2012
Código do texto: T3835664
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