1- Após o conto que publiquei ontem “Dessa Vez Ela Não Veio Jantar”, recebi vários e-mails.
Desenvolvo um intercâmbio virtual ativo com diversos amigos, recantistas ou não.
 
Reclamaram, deram sugestões, me pediram para antecipar o final, mas a maioria das mensagens perguntou o porquê do suspense o qual estou fazendo.
 
Eis o link do texto divulgado ontem:

http://www.recantodasletras.com.br/contosdesuspense/4241458
 
2- Meus estimados leitores e queridas leitoras, a situação agora ressalta um grau de seriedade incontestável.

Enquanto nos dois primeiros contos que destacou a visita da Senhora Morte à mansão da família de Vovó Maroca, nenhum personagem principal morreu, dessa vez as evidências indicam que um dos indivíduos do sexo masculino terá que “viajar” com a visitante indesejada.
 
Claro que essa expectativa entristeceu quem já se acostumou com pessoas tão especiais e bacanas.
 
3- Entre os protestos contra a morte de um dos membros da mansão, um leitor, que afirmou ser o Donald dos estúdios de Walt Disney, mereceu minha maior atenção.
 
Nosso querido “pato” disse que eu sou um grande imbecil, pois não sei escrever coisa nenhuma, que apenas costumo iludir os ingênuos amigos do Recanto, seduzindo todos com o meu bigode sensual, estimulando assim que eles continuem lendo minhas porcarias literárias.
 
Confesso aos senhores que fiquei mais do que P da vida.
 
4- Até o momento ninguém havia percebido o meu segredo.
Esse sujeito descobriu tudo e me jogou na cara sem qualquer piedade. Eu me senti arrasado e envergonhado.
 
Sempre temendo que identificassem a minha limitação, decidi seguir “enrolando”, trazendo os meus acrósticos, mostrando imagens animadas de gatas deliciosas (às vezes, com sacrifício, apresentando fotos dedicadas às doces leitoras), escrevendo questionamentos malucos, enfim, supondo que os leitores, admirando o bigode, não observariam a qualidade ruim dos textos, permaneci ousando escrever.
 
Mas agora eu fui desmascarado!
Faço votos de que o cidadão, pato ou não, desista de tornar essa verdade pública e que vocês façam de conta que não leram tal parte!
 
Deixar o Recanto nessa fase como um tremendo farsante seria um golpe cruel demais para mim.
Eu certamente não suportaria tamanha agonia.
 
5- Rogando que vocês continuem contemplando o meu bigode, mudando de assunto, eu li alguns e-mails solicitando modificar o final do conto.
 
Perguntaram também se eu sabia quem viajaria.
Eu respondi que sim. Papeando numa lanchonete, a Senhora Morte me contou quem viajaria antes de eu começar a escrever o conto de ontem.
 
Ela me confidenciou os detalhes e combinou comigo que essa informação deveria ser revelada apenas no terceiro conto.
Concordamos, então, que o viajante só seria conhecido na quarta-feira próxima, portanto eu garanto que amanhã vocês terão o desfecho desse suspense.
 
Quanto a modificar o final, nada pode ser alterado.
Os desígnios da Senhora Morte são inabaláveis.
 
6- Houve e-mails torcendo para que Fulano ou Sicrano morra.
 
Disseram que Tio Macedo é um velho imprestável e mijão.
 
Achei engraçada demais uma mensagem que desejava ver Edgar viajando, pois assim quem me escreveu daria conta da viúva gostosa, a Dulcinha.
 
Expliquei ao autor do e-mail que Dulcinha e todos os outros personagens dessa história pertencem à ficção.
 
É incrível o quanto mergulhamos na realidade ilusória!
 
7- Li mensagens dizendo que a Senhora Morte era folgada.
Ela vinha levar alguém e ainda queria boa comida mais cama confortável!
Isso é um absurdo, consideraram certos leitores.
 
Eu tentei acalmar os ânimos esclarecendo que a “amiga dos cemitérios” somente estava executando o trabalho dela.
 
Um dia é necessário “viajar”.
Não há como anular a sorte derradeira do ser humano.
 
8- Eu venho desejando, através desses contos, dar um toque agradável a uma ocorrência que causa imenso desconforto.
Tento fazer poesia com algo carregado de enorme pesar.
 
A Senhora Morte, muito dedicada, faz a parte dela, os coveiros agradecem a oportunidade e nós procuramos descontrair um pouquinho no meio da situação.
 
9- Uma mensagem bastante criativa sugeriu que eu acabasse com a Senhora Morte, ou seja, ela veio pegar alguém, porém ela sofreria um ataque e sucumbiria.
 
A pessoa propôs que eu “matasse a Senhora Morte”.
 
Impossível!
Um escritor pode realizar maravilhas criando os seus textos, mas há limites que a própria literatura estabelece.
Jamais um autor ameaçou a vida da Senhora Morte.

No mundo real nós sabemos que ela é a “personalidade” que define os últimos passos da jornada do ser humano.
A ficção precisa respeitar essa forma de compreensão.
 
Apesar de minha forte irreverência, jamais eu seria capaz de arriscar tanto.
 
10- Encerrando o conto anterior, alguém tocou a campainha.
Esse acontecimento animou a galera a qual imaginou que a pessoa do portão fará a viagem com a Senhora Morte.
 
Recordemos que o viajante está na mansão!
 
Pode aparecer qualquer visitante, entretanto quem viajará com a Senhora Morte não está no lado de fora da mansão.
É fundamental encarar a verdade dura e fria!

"Quase dezessete horas a campainha do portão tocou..."
 

continua e termina amanhã
Ilmar
Enviado por Ilmar em 16/04/2013
Reeditado em 16/04/2013
Código do texto: T4243045
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