Caso Solucionado

Eu sempre acreditei nessas coisas de espíritos, mas nunca me envolvi completamente, sempre tive muito respeito com esse outro lado da vida, mas não me aprofundei nesse assunto. Num domingo de sol, sai para dar uma volta em uma praça que fica a poucos metros da minha casa, como fazia todos os finais de semana que me sobrava um tempo. Estava correndo normalmente quando notei uma menininha chorando em um dos bancos da praça, achei estranho, ela estava sozinha, mas continuei sem dar muita importância, corri mais umas três voltas e notei que ela continuava lá chorando muito, resolvi ir ver se estava tudo bem ou até mesmo se tivesse se perdido dos pais. Cheguei perto da menina que aparentava ter mais ou menos uns cinco anos de idade e perguntei:

-Esta tudo bem com você menina?

Ela muito tímida respondeu:

-Sim! Meus pais me perderam e eu estou com medo que fiquem bravos comigo, pois eu não tive culpa, muito menos o meu primo, tenho certeza que foi um acidente, e que ele me cuido muito bem, não foi culpa nossa, gostaria muito de dizer isso a eles.

Fiquei com pena e resolvi ajudar a encontrar seu primo ou seus pais. Nesse momento eu vejo policias, ambulâncias e várias pessoas em volta de um carro que provavelmente teria batido em outro, mas não poderia fazer nada, estava com uma menina perdida em minha frente e tinha a missão de ajudar a encontrar seus pais.

-Qual seu nome menina?

Com um olhar de tristeza e um sorriso no cantinho da boca me respondeu:

-Meu nome é Clara, e o seu deve ser Paulo certo?

-Isso, mas como você sabe?

Foi quando notei que estava correndo com uma camisa que minha esposa tinha feito no nosso aniversário de casamento.

-Eu sei, eu vi em sua camisa.

-Hum! Com quem você estava aqui?

-Estava com o meu primo.

-E não sabe onde ele esta?

-Ele foi para outro lugar, não sei onde esta, mas gostaria que me ajudasse a me encontrar com meus pais? Por Favor?

Perguntei se estava com fome, me disse que não, então peguei em sua mão e fui tentar encontrar sua família, tenho certeza que eles estão muito preocupados com a perda de sua filha. No caminho fui conversando com ela, estava fazendo muitas brincadeiras para tentar anima-la e manter a calma.

-Quer um sorvete Clara?

-Não obrigado! - Me respondeu rapidamente, deve ser assim que os pais educaram a nunca aceitar comida de estranhos, mas continuei brincando e animando ela.

Clara era muito inteligente para uma menina de cinco anos, sabia exatamente onde morava e conversava muito bem, o bom que morava pertinho de onde estávamos e chagamos rápido.

-Chegamos Clara, vamos chamar seus pais, pois devem estar muito preocupados com você.

-Paulo, vai na frente e diz que estou aqui no pátio, estou com medo da reação deles. Acho que não vão me entender.

-Ok! Nos espera aí, vou trazer eles até você então.

Bati na porta e nada, apertei companhia e nada, logo pensei que poderiam estar procurando a menina, quando de repente alguém abriu a porta.

-Olá, quem é você? – Quem abriu a porta só poderia ser a mãe, pois estava com os olhos vermelhos de tanto chorar.

-Oi, sou Paulo, eu vim trazer a sua filha Clara, encontrei perdida na praça e ela pediu com que eu trouxesse aqui até vocês.

Nisso a mãe da menina começou a chorar, e com uma voz bem firme me falou:

-O que você esta pensando rapaz?

-Calma senhora, ela esta ali, olhe!

Quando me viro percebo que a Clara não estava em lugar nenhum.

-Mas minha senhora, ela estava aqui o tempo todo comigo.

Quanto mais eu falava mais a mãe da menina chorava desesperada, não entendia o que estava acontecendo. Nesse momento ela pediu com que eu entrasse, quando entrei tomei um susto, pois estava uma família chorando. Nisso veio um senhor falar comigo.

-Olá, sou o Pai da Clara e percebi que estava falando com minha esposa em relação à Clara, certo?

-Sim, estava explicando que a encontrei perdida no parque, e que seu primo havia ido a outro lugar, ela estava muito triste e chorava muito.

-Sente-se, por favor!

Sentei e cada vez mais que ficava ali, mais eu ficava preocupado com o que estava acontecendo e Clara estava sumida novamente.

-Seu nome é?

-Paulo.

-Pois é Paulo, minha filha Clara e seu primo Rafael acabaram de falecer em um acidente de carro.

-Mas como senhor? Não é possível. Ela estava esse tempo todo comigo, trouxe ela até aqui.

Em um momento rápido notei que havia um livro em cima da mesinha, “Evangelho Segundo o Espiritismo”.

-E ela disse algo para você?

-Bom, a única coisa que me disse que vocês haviam perdido ela e que ela e seu primo não teriam culpa de nada, que eles não tiveram nada a ver, e vocês poderiam ficar bravos com ela. Agora percebo o porquê, que quando as pessoas passavam por nós, me olhavam com uma cara de assustado e outras rindo, e quando ofereci um sorvete para ela, não quis na hora. Mas, como aconteceu isso? Não é possível!

-No cruzamento que tem ao lado da praça, um carro a toda a velocidade bateu no lado do carona fazendo com que a minha filha ficasse esmagada e o seu primo por não estar de sinto de segurança bateu a cabeça no vidro do carro, praticamente abrindo sua cabeça, mas isso é o que sabemos por enquanto, ou até mesmo o Rafael estava em alta velocidade, alguém agiu errado.

-Meu Deus! – Fiquei sem palavras.

Nessa hora não sabia mais o que fazer se, ajudava a família daquela menina e de seu primo ou iria embora sem entender tudo que aconteceu, estava totalmente com medo e perdido.

Fiquei mais um tempo com a família dando um apoio, pois deve ser muito difícil perder um filho e um ente querido da família, foram muito simpáticos comigo, eles eram espíritas e acreditavam que Clara veio para eu tentar ajudar a solucionar o caso.

Nunca imaginei que isso poderia ter acontecido comigo, eu que nem me importava muito com essas coisas estaria ajudando um espírito encontrar a luz. Depois de alguns dias, descobriram que a culpa não foi do primo e sim do outro carro que cruzou em alta velocidade, assim como Clara havia me pedido para informar seus pais.

Francis Betim
Enviado por Francis Betim em 18/04/2013
Reeditado em 19/04/2013
Código do texto: T4247184
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