Tenho Fé

O pôr do Sol já se aproxima, que sensação estranha, o medo me consume. Não sinto bem, parece que estou em outra órbita. Que vontade de estar em outro lugar, bem longe, mas bem longe mesmo. Sinto-me no corredor da morte, quando o sol cai é o momento de ir para cadeira elétrica. Me sinto em apuros, sozinho... para onde ir, as horas na rua voam... não senti fome, por horas minha mente ficou tranquila. Mas no horizonte o sol está se pondo, um silêncio, mas sinto na alma o sinal gritando dizendo que tenho que voltar para masmorra do castelo.

Porém ainda tenho um punhado de esperança, alguns minutos ou horas. Observo e penso em que casa eu posso passar esse momento de tranquilidade. Um vizinho, um familiar, algum lugar que me traga paz. Encontrei a calma jogando Playstation com vizinho, sonho como uma criança... Eu sou uma criança, mesmo as feridas na pele e na mente agindo como ação envelhecedora na minha personalidade, ainda sou uma criança.

Tenho sonho, tenho um desejo, de um dia encontrar o caminho, que eu possa seguir sem me preocupar com o anoitecer, que os domingos não sejam facas que penetrem minha alma. Pois vivo uma guerra não declarada, um lugar tão íntimo transformado no Iraque. Não tem ajudar Humanitária, ONU, UNICEF, CRIANÇAS ESPERANÇA, nem Maria da Penha... Preciso de um direcionamento de um guia que me leve a um lugar passivo, que eu não me sinta estranho no próprio ninho, que afaste as maldades da minha mente, onde eu possa ter o amor e carinho.

Vou continuar a procura, pois são poucas as minhas escolhas, tenho que correr, ou você mata o mal ou ele mata você. Eu sei que o ódio não me faz bem, mas ele que me mantér vivo, mesmo se as pessoas encararem isso como loucura, é ele que me faz subir no ringue, é ele que me dar força para voltar para casa, após a vizinha dizer que “está tarde”. É ele que faz com que eu não deixe minha mãe sozinha. Ele é o motriz da minha resistência.

Confesso que vivo em conflito interno, sei que é errado, mas embaixo do coberto rezo para que o tirano seja deposto do poder, que tenha a sua cabeça na guilhotina. Luto para que esse sentimento não mude o meu ser, serei eu mesmo sempre, não poderão dizer que quem lutar contra a opressão com todas as suas forças tenha a mesma brutalidade do opressor, isso é autodefesa. Lutarei e vencerei meus inimigos, externos ou internos, porque tenho fé, a única coisa que me sobrou. Estou perdido no deserto, descrente, preciso de alguém, na madrugada fria não tenho ninguém e o que sobrou para mim, me sinto Jerusalém no meio do conflito e minha mãe é a Palestina. Pergunto onde está Deus, tem vezes que o xingo, mas si estou aqui protegendo minha mãe e por que Deus sempre está comigo.

Danilo Góes e Silmara Cavalcante
Enviado por Danilo Góes em 23/04/2013
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