O SEGREDO DO LIVRO - Um surto de loucura.

(Meu nome é Raquel Delvaje, essa história aconteceu de verdade e eu não acrescentei nem ocultei nada, sei que alguns acreditarão e outros... outros me chamarão de louca...)

Capítulo 8 – Um surto de loucura

Quando Fernando chegou à casa, entrou correndo, sua mãe assistia televisão com seu pai e seus dois irmãos menores. Ao passar, Dona Isaura o chamou para jantar, ele disse que não queria. Deitou-se na cama e se cobriu. Tremia muito, sentia calafrios. Mais tarde sua mãe voltou a chamá-lo e percebeu que ele não estava bem. Continuava tremendo e suando frio. Preocupada, falou para ele tomar um banho, não quis, disse que gostaria de ficar sozinho.

Passou a noite inteira tremendo e delirando, seus pais se revezavam ao lado dele. Durante a noite o moço tinha pressentimentos de que estava morrendo, doía-lhe a cabeça, sua vista ficou turva e viu sangue escorrendo pelas paredes do quarto e agonizava com a sensação de que era sufocado por uma mão em seu pescoço, o pouco que conseguia dormir tinha pesadelos que estava com o corpo todo queimado e se arrastava chamando por sua mãe para que ela o ajudasse. No dia seguinte resolveram levá-lo ao médico. Foi internado. Seus amigos não puderam visitá-lo, ficou isolado devido ao estado de profundo estresse.

Os amigos tentavam entender o que houve. Eram muitas as teorias, mas Bruno lembrou que ele havia dito que iria procurar o velho casal novamente. Ao perguntar para Dona Isaura que horas ele havia voltado, logo concluíram que com certeza tinha ido sozinho e devia ter acontecido alguma coisa muito grave.

- Eu estou pensando uma coisa – falou Bruno – Acho que a gente devia procurar esse casebre. Pois foi estranho. Ele falou que era próximo ao riacho, mas não encontramos nada.

- Eu já andei por tudo ali e nunca soube que alguém morasse nesse local. É sério!

- Então Henrique, só encontramos uma casa abandonada e pelo jeito parece que não tem ninguém há muitos anos, está em ruínas.

- Vamos então procurar essa cabana com o casal que ele diz ter visto.- Sugeriu Augusto.

O três companheiros foram em direção ao riacho procurar o tal casebre, andaram a tarde toda, foram pelo lado oposto do riacho e voltaram pelo outro lado. Chegaram enfim ao mesmo casebre em ruínas que Bruno havia encontrado com o Fernando.

- Não falei, não há nenhuma casa nessas redondezas, só esse casebre abandonado, eu não entendo...

- Bruno, você tem certeza que ele disse ser por aqui?

- Sim Augusto, ele disse que não era muito longe.

- Mas como foi essa história? Vocês viram um vulto no caminho? – Perguntou Henrique.

- Eu já nem tenho certeza, pode ter sido um bicho, uma árvore, estava escuro... Sei lá. Eu saí correndo e não olhei para trás, mas tive a impressão que aquela sombra nos cercou pela frente aí corri para um lado e o Fernando correu para o outro, eu cheguei à minha casa rapidinho e ele sumiu por um bom tempo. Depois chegou dizendo que foi parar em um casebre que tinha um casal de velhos que o ajudou e inclusive o acompanhou.

- Nossa Bruno, será que é por isso que ele está assim? Será que aconteceu alguma coisa? Será que esse monstro pegou ele?

- Não delira Henrique, como eu disse, pode ter sido só impressão da noite escura. Sei lá.

- Ei! Olha isso aqui, parece um pedaço de bolo. – Gritou Augusto, remexendo em algumas coisas próximas ao fogão de lenha também em ruínas.

- Me deixe ver... Tem cheiro de bolo. Parece gostoso!

- Não coma seu louco! – Diz Bruno dando um tapa na mão do Henrique que havia cheirado e já levava à boca. – Você nem sabe a origem.

- Eu não ia comer.

- Ia sim, você é fominha.

Os rapazes reviraram tudo e não acharam mais nada suspeito. Foram embora intrigados com aquele bolo. Mas imaginaram que poderia ter passado algum andarilho por ali.

CAPITULO 9 – NOVA BUSCA NA FAZENDA.

Mesmo com Fernando internado, os amigos decidiram continuar a procurar pelo livro. Tentaram várias vezes vê-lo, mas a família avisava que não podia receber visitas. Já ia completar dois meses que o rapaz estava na clínica. Resolveram não esperar mais por ele e combinaram em um domingo ensolarado retornar às buscas. Dessa vez foram também as duas amigas: Regiane e Verônica, que levou o namorado Edson. Lindomar estava animado com a ida da moça que ele gostava e seu amigo Marcos também os acompanhou e o grupo ficou bem maior. Estavam em oito, Paulo Henrique, Paulo Augusto e Bruno, adoraram que o grupo ficou maior, haveria mais pessoas para ajudar a cavar, resolveram que procurariam próximo do lago, onde havia antigamente um estábulo. Eles sempre imaginavam que o livro estaria enterrado em algum local que houvesse um ponto de referência. Essa era a tática que utilizavam.

O grupo estava animadíssimo, iniciaram as escavações de imediato e não passou muitos minutos para as meninas dizerem que estavam cansadas. Sentaram-se no gramado e ficaram penteando os cabelos e conversando enquanto os rapazes trabalhavam arduamente.

- Pena que Fernando não está aqui – Lamentou Bruno.

- Eu só fico pensando, o que será que ele viu que o deixou desse jeito.

- Não viu nada não Augusto, eu estava conversando com a mãe dele esses dias e ela disse que quando ele tinha uns 10 anos foi internado com essas mesmas crises. Na época o médico falou que ele estava com problemas psíquicos.

- Como é Bruno? Problemas o que? – Perguntou Edson.

- Problema psíquicos, a Dona Isaura falou que ele teve uma crise, eu não me lembro direito, mas parece mesmo que ficou ausente da escola por um período, inclusive estava perto das férias, a gente se via pouco nessa época. Mas me lembro da minha mãe comentando que ele estava internado, mas eu achava que era porque estava doente e eu havia esquecido disso. Foi depois que a irmã dele foi atropelada e ele estava junto. Ela ficou presa nas rodas do carro, olhava para ele e pedia que não chorasse que ela ia ficar bem, tinha só quatro anos, depois ela morreu na frente dele.

Todos ficaram admirados com o relato do Bruno, que falou que sua mãe explicou que da outra vez que ficou internado chegou a tomar remédios faixa preta e que ainda fazia uso desses remédios para não ter depressões. Mas que eles não comentassem nada com ele, pois não gostava que outros soubessem que utilizava remédios, tinha medo que alguém achasse que ele era louco. As meninas estavam indiferentes ao assunto e nesse momento haviam levantado e andavam pela fazenda explorando o lugar e resolveram entrar no casarão. Foi quando se ouviu apavorados gritos femininos. Imediatamente os rapazes soltaram as enxadas e correram para onde vinham os gritos e entraram correndo no casarão e encontraram Regiane e Verônica em estado de choque e paralisadas diante de um corpo em decomposição. Era um corpo de mulher.

Logo reconheceram que era a moça dos cartazes colados nos postes, anunciando que havia sumido e que se alguém soubesse do paradeiro que comunicasse à polícia. O desaparecimento já ia completar dois meses. Foi o que eles fizeram, chamaram a polícia. Souberam depois que ela se chamava Samanta e morava no centro da cidade, havia sumido quando ia ao dentista, era de manhã. Nunca mais foi vista e agora estava morta. A polícia levou os jovens para prestarem depoimentos e achou muito suspeito eles estarem ali e encontrarem dois corpos no mesmo local. O corpo da moça estava atrás da porta, no pequeno cômodo que mais parecia uma despensa, coincidência ou não, exatamente onde estava o outro corpo, encontrado antes.

Após a constatação que a moça havia sido morta com um objeto pontiagudo, provavelmente um punhal, Bruno ficou em choque, pois sabia que havia ficado com o punhal do outro crime e não havia entregado à policia e nem se lembrava mais disso. Correu em seu guarda roupa para pegar o objeto que havia escondido muito bem para que sua mãe não encontrasse, ficou surpreso em, após muito procurar, não encontrá-lo.

Bruno não sabia o que fazer, resolveu não falar nada aos amigos. Pensou que talvez pudesse ter guardado em algum lugar e esquecido e estava agora se confundindo e procurando em local errado. Ficou muito intrigado, cada vez que imaginava que poderia estar em algum lugar, revirava nos mínimos detalhes e nada de achar o punhal de prata. Ficou angustiado com isso.

Não puderam mais voltar à fazenda, foi interditada pela polícia.

(continua...)

Raquel Delvaje
Enviado por Raquel Delvaje em 06/07/2013
Reeditado em 06/07/2013
Código do texto: T4374247
Classificação de conteúdo: seguro