A Tempestade e seus segredos. Parte I

Era um tarde onde o clima estava fechado, chovia bastante e o vento assoviava muito alto, era um dia parecido com aqueles que os filmes de terror mostra que nunca acontece na vida real, pois é, esse dia que nunca acontece parecia que estava realmente acontecendo. Passei a tarde inteira no escritório que trabalho sem ter muito que fazer, estava sem luz e por causa da energia elétrica não tínhamos como trabalhar, porém ficamos arrumando todos os papeis que estavam pendentes, pois na segunda-feira iríamos passar para o computador.

No lado da empresa que trabalho há dois anos, tem um cemitério, que é bem conhecido na cidade, esta sempre cheio de pessoas visitando e enterrando seus entes queridos, tenho uma visão de quase todo ele da janela da sala do escritório e de vez em quando eu dou uma olhada para ver o que esta acontecendo do lado de fora do mundo em que trabalho, pois chega um momento que nós, não sabemos mais nada que esta acontecendo do outro lado da sala, o cemitério as vezes chega a ser a minha distração.

Seis horas da tarde sai do meu serviço exausto, parecia que tinha trabalhado durante 24 horas diretas e sem intervalo, mais tive sim o meu horário para aquele cafezinho básico. Foi uma tortura até chegar em casa, a chuva era forte a maioria das sinaleiras estavam desligas, os motoristas estavam loucos, a cidade estava toda trancada. Naquela tarde levei muito tempo mesmo até chagar em casa, não agüentava mais.

Chegando em casa fui direto tomar um banho e relaxar, um bom banho nessa hora é melhor que muitas coisas. Não deu nem 5 minutos que estava no banho à luz começou a piscar, piscava bastante, o chuveiro estava naquele liga e desliga, ou tomava um banho gelado ou teria que lutar muito ainda com ele para fazer com que funcionasse direito. Minha decisão foi sair e esperar até mais tarde, assim poderia tomar o meu banho bem tranqüilo e esperar a minha esposa bem cheiroso, ou convidaria para tomar um banho comigo. Sai do banheiro e fui em direção ao nosso quarto para colocar uma roupa, a janela tremia bastante, o vento era muito forte e a luz estava em uma fase só, muito fraca, a luz era amarelada e piscava bastante.

Logo que me troquei a minha esposa chegou e com ela a luz se foi de vez, acabo de faltar luz, nem consegui ver os seus olhos, assustada ela começou a chamar meu nome, tremia muito,pois ela detestava quando faltava luz, pois tem um trauma muito grande de infância.

Quando era criança, em um dia parecido com esse que estávamos passando, teve uma tempestade muito forte, a casa onde ela morava com seus pais e mais dois irmãos quase ficou cheia de água, todos tiveram muito trabalho para tirar aquela água que entrava, e a cada minuto que passava mais água entrava. Horas depois que a chuva se acalmou, faltou luz, já era de noite, nem na rua havia luz, estavam em uma escuridão total. Nesse momento, um som muito alto ocorreu no meio da sala onde todos estavam, era como se tivesse uma barra de ferro caindo entre eles, todos se assustaram o medo foi muito grande, nisso a mãe dela falou para que todos ficassem juntos, assim seria mais fácil deles se cuidarem. Em seguida, eles escutam alguém batendo desesperado na porta, escutaram gritos de socorro, e o medo voltou a tomar conta dos seus pais e seus irmãos, em seguida o seu pai deu um grito desesperador pedindo ajuda, a luz voltou, quando olharam o seu pai estava no chão, se tremendo, saia sangue pela boca, todos que estavam no local junto com ele ficaram apavorados, as suas últimas palavras ficaram marcadas entre aquela família:

- Um dia irão saber...

Minha esposa estava ao seu lado, vendo aquela cena e ouvindo as últimas palavras do pai, isso lhe traumatizou muito, sempre que falta luz ela chora, fica tremula, muito nervosa, hoje não foi diferente, assim que ela chegou em casa e faltou luz deu um berro, sai correndo ao seu encontro para tentar acalmá-la, mas não conseguia ver nada, chamava por ela e nem me respondia, chamei várias vezes e ela não respondia, já estava imaginando que poderia estar desmaiada no chão, assim que cheguei na frente da porta de entrada a luz voltou, e o quadro com a nossa foto caiu e ficou em pedacinhos, fui correndo abraçá-la, ela estava de joelhos no chão gritando, chorando, nunca havia visto ela tão triste e naquele estado em que se encontrava, me ajoelhei com ela e tentei deixá-la mais calma, mas nada adiantava, ela gritava: Por que Meu Deus, por que?

Quando ia fazer carinho na cabeça dela ela se levantou, fui atrás dela conversando tentando acalmá-la, mas, não me dava bola, fingia que não me escutava, novamente chamei e nada...

Continua...

Francis Betim
Enviado por Francis Betim em 09/08/2013
Reeditado em 16/08/2013
Código do texto: T4426743
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