Quem é você?

Ontem à noite eu tive uma grande surpresa em minha casa, o meu telefone tocou, não consegui atender, pois estava saindo do banho e atendeu a secretária eletrônica, quem me ligava deixou um recado:

-Olá Carlos, sabe quem eu sou não sabe? Pois saberás em breve.

Esse telefonema me deixou bem preocupado, não reconhecia a voz e nunca havia feito nada a ninguém que poderia me ligar com esse trama todo, pensei que poderia ser meus amigos passando trote, liguei para todos e me confirmaram que não teriam sido eles, isso fez com que eu perdesse o meu sono naquela noite, fiquei tentando achar uma solução para a ligação.

No dia seguinte, levantei e vi que tinha uma nova mensagem de voz, fiquei com medo do que poderia ouvir, mas arrisquei:

-Olá Carlos, espero que da próxima vez você me atenda, se não vou ter que ir pessoalmente falar com você, eu não me esqueci.

Fiquei muito intrigado com essas ligações, quem poderia estar fazendo esse tipo de brincadeira comigo, pois já estava ficando de mau gosto. Sai para ir trabalhar e o porteiro do prédio me avisou que havia uma correspondência que deixaram na madrugada, como o porteiro era outro ele não sabia me informar quem deixou. Abri a correspondência imediatamente e no papel haviam letras coladas formando uma frase:

-Hoje ira saber quem eu sou. Abra o seu olho!

Isso só pode ser uma pegadinha, mas vou ficar esperando. Só com os telefonemas já estava com um pouco de medo, imagina com uma carta dizendo para abrir meu olho. Assim que cheguei ao serviço abri minha caixa de e-mail e havia um e-mail com o nome desconhecido:

-Eu sempre vou saber onde você esta!

Cheguei e falei com o meu chefe e comentei que alguém estava fazendo uma brincadeira muito infantil, só que não havia mais necessidades dessa graça toda. Na hora do almoço o meu colega veio fazer brincadeirinhas comigo sobre esse assunto, todos estavam rindo da minha cara, mas tinha que aguentar para não discutir com eles. Fui para casa e na minha porta estava um senhor com uma aparência bem simples, carregava um saco nas costas e não cheirava tão bem, logo que me viu começou a gritar:

-Ah Carlos, eu sabia que estaria curioso e que iria te encontrar!

Sem entender nada perguntei:

-Quem é você e o que você quer? Sai daqui.

-Vai dizer que não sabe quem sou?

-Não e nem quero saber! – fiquei espantado na hora.

Assim que respondi ele saiu correndo dizendo que voltaria, corri atrás dele para saber aonde iria, quando saiu da porta do prédio e atravessou a rua correndo, passou um ônibus e bateu nele jogando mais de 5 metros, bateu a cabeça no chão e começou a sangrar muito, sai correndo em direção do velho e assim que cheguei perto vi que não estava mais entre nós, procurei no seu bolso alguma identificação e achei uma carta escrita a mão, que dizia:

-Olá Carlos, sei que não sabe quem eu sou, mas gostaria de estar presente nessa sua vida, percebo que se tornou um homem a qual eu não consegui me tornar, fazendo com que isso me deixe muito orgulhoso. Fiz muitas coisas erradas nessa vida, sei que não mereço o seu perdão, pois fiz você sofrer de mais. Acho que não vai me reconhecer, por isso estava com medo de te reencontrar, não sei qual vai ser sua reação, pode ter certeza que eu sempre te amei e que um dia eu vou ter a chance de rever você e colocarmos as nossas conversas em dia. Fique com Deus, do seu desconhecido Pai.

Quando acabei de ler a carta comecei a chorar muito, não estava acreditando no que acontecia, o Pai que fugiu de casa quando eu tinha cinco anos de idade voltou para me pedir perdão e eu não consegui nem ao mesmo dar um abraço nele e poder perdoá-lo como era o seu desejo. No saco havia garrafas e junto delas havia uma bola de futebol e um papelzinho colado nela:

-Carlos, a bola que quando menino você me pediu e não lhe dei.

Francis Betim
Enviado por Francis Betim em 29/08/2013
Código do texto: T4457581
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.