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00:13 AM. Valença - RJ

O carro do agente reformado Loureiro encosta no quilômetro 45 da rodovia 145 que liga as cidades de Valença e Barra do Piraí, frente à uma estrada de chão em cujo início havia uma placa indicando o acesso ao parque ambiental da Concordia.Consulta o relógio, olha os tepidos pingos da chuva que começam a cair, no rádio aprecia com gosto a música do Black Sabbath, confere a lanterna a pistola automatica calibre 42 , um novo pente de munição no bolso esquerdo da jaqueta, apaga os faróis do Chevrolet Vectra 2013 preto e segue serpenteando a Rua de terra à esquerda da via sentido ao parque. Dirige com cuidado pela estrada escura, quatro quilômetros após desliga o motor, confere novamente os itens citados, um último beijo no crucifixo de inox pendente na corrente de prata que leva no peito e deixa o carro fazendo o último quilômetro a pé ouvindo de longe o latido insistente de um cão que não estava em seus planos naquela noite.

Enquanto isso o professor chileno Santiago Hernandez olhava pela janela do segundo andar de sua fazenda no interior do bairro São Francisco em Valença - RJ. No descampado que havia entre a porteira de entrada da propriedade e a janela de onde observava, seu recém adquirido pastor alemão corria incessantemente em latidos incomuns de cólera, no entanto, somente a negrura inexorável da noite nebulosa lhe fazia companhia sob as gotas esparsas de chuva. A fumaça do café quente que bebia ofuscava o vidro, sua pele debaixo do negro sobretudo arrepiava sentindo os efeitos do frio já intenso no limiar da madrugada. Fechou as cortinas voltando costas as janelas e atravessou a sala parca de móveis com decoração rica em antiguidades clássicas do período renascentista, chegou até o quarto, e com qual surpresa o leitor o vê arrastar o guarda-roupa e puxar uma porta que revelara-se no assoalho, mostrando uma escada estreita e mal iluminada, por onde desceu levando consigo uma vela que lhe desvendada o caminho.

As escadas pelas, quais descia o professor Santiago iam dar num compartimento abaixo do térreo, o qual não se acessava senão por esse caminho. Ele tinha um pressentimento ruim naquela noite, ouvia os ganidos intermitentes do cão - mais fortes agora, -um tiro - Santo Deus -os passos se atropelaram escada abaixo, um segundo ele levou para tomar a decisão, o outro segundo foi para abrir o cofre e retirar uma caixa de, mais ou menos, vinte centímetros por dez de largura, mete-la no bolso do sobretudo e abrir uma segunda porta no fundo do quarto subterrâneo e sumir na escuridão de um tuneo que se comunicava com a garagem da propriedade, onde, por precaução, mantinha as chaves de seu carro escondidas, o portão elétrico já se abria, o carro sai com redobrada velocidade cortando a chuva, que já engrossara, e quase se choca com um vectra preto parado adiante na estrada.

Loureiro percorre com calma toda a extensão do muro atrás do qual ouve o latido, aonde este se torna menos intenso lança mãos à escalada, um puxão, um salto e num ímpeto cai do outro lado pondo em seguida a pistola em riste com a única habilidade de seus vinte e sete anos na Polícia Federal. Os passos que se seguem são rápidos, silenciosos, escusos na escuridão até abrigar-se na lateral da varanda - é tarde, ouve um latido, uma corrida desabalada, e um tiro perfeito finda os perigos de ser atacado- fora descoberto, com singular maestria desarma o alarme da porta fronteira, cautela na hora de entrar e três minutos após ter pulado o muro subia, já no interior da casa, as escadas que iam pro segundo andar, como se já soubesse o que procurar vae direto para o quarto, desce as escadas, e só encontra um cofre aberto, uma vela caída no chão , uma caneca de café sobre um móvel com anotações , um papel rasgado dos correios, umas poucas revistas ao lado de uma caixa com fundo falso que tinha um compartimento onde viera, certamente o objeto que ele tão avidamente procurava. Quase no mesmo instante em que notara o cenário ouviu o barulho de um carro que saia da propriedade em grande velocidade.