Gênesis - prólogo

" Quando a poeira assentou já era manhã do sétimo dia de agosto.

Bem, pelo menos foi isso que calculara a pequena notável Elisabeth, riscando seu diário encardido, que por sinal era cuidado com tremendo zelo levando-se em conta a situação e o local.

A menina estava agora sentada perto da mãe, que por sua vez estava distraída admirando o intelecto da filha prodigialmente precoce.

Eram uma família de seis membros dentro daquele espaço meticulosamente preparado pelo pai para o que ocorrera a oito meses atrás.

Josh era um ex-agente de uma grandiosa corporação americana, desvinculado a mais de quatro anos por suas idéias "estranhas"

Quando se deu conta em que estava metido não conseguiu esconder a revolta e soltou no calor da reunião de negociação que selaria o trabalho de um ano da empresa as seguintes palavras: não vou ajudar a criar essa bomba.

_ Como disse? - disparou o diretor com um olhar fulminante para ele.

O silêncio ecoou no grande espaço da sala.

_ Você ouviu!

Não vou mais contribuir com essa droga de projeto. Vocês não me enganam. Eu tenho uma família e...

_ O que você está sugerindo Sr. Kaltes. - o diretor havia se ajeitado na cadeira. Os funcionários do diretor sabiam muito bem o que aquilo significava.

Quando o corpulento homem dava aquela ajeitadinha desconfortável em sua cadeira era sinal de que o tempo se fechara.

Josh jogou a pasta na mesa e levantou.

_ Essa negociação não é para tratar da expansão da corporação em escala global e sim para...

Ele fez uma pausa, avaliando a magnitude de suas palavras.

Todos na mesa o encaravam.

"Por favor não faça isso Josh", pensou seu melhor amigo e companheiro de trabalho. O único ali para quem Josh contara como descobriu as verdadeiras intenções da corporação.

_ Vocês estão trabalhando para um extermínio em massa!

_ Como? - o rosto do diretor pegou fogo e veias sobressaltaram em sua testa.

_ Não se faça de bo...

Na mesma hora o diretor meneou a cabeça e dois seguranças entraram mais rápido que Josh previra e o seguraram bem a tempo dele continuar a falar.

O diretor esbravejou:

_ Levem ele daqui. Não vou tolerar mais besteiras.

O oriental que até então assistira a tudo calado agora olhava fixamente para sua assistente sentada a esquerda do grande homem de cabelos grisalhos e olhos azuis penetrantes, o diretor Sculgard.

Ela entendera o recado e agora tomava as rédeas da situação, levantando e começando a falar com certa ironia humorística afim de quebrar o gelo.

Todos na grande sala riram nervosamente enquanto a jovem habilmente articulava as palavras , usando de uma psicologia incrível para ganhar a atenção dos presentes e explicando os motivos da fusão.

Quatro salas a frente Josh Kaltes aguardava, sentado na cadeira e vigiado pelos seguranças.

Tudo parecia em câmera-lenta e Josh visualizava as cenas de todos os anos que passara ali. As imagens seguiam como slides em sua mente, fazendo seu ódio crescer como lava subindo pela garganta de um vulcão que acabara de acordar.

Trinta e cinco minutos depois o vice-diretor e amigo pessoal de Josh entrou na saleta e disse-lhe as últimas palavras que encerravam ali sua carreira de oito anos na corporação.

Agora, olhando para a parede chumbada do compartimento que construíra abaixo de sua casa ele se perguntava o que o aguardava além daquelas portas.

Um mundo totalmente novo, desértico e igualmente letal ao anterior acabava de nascer."

Pessoal, deixem comentários se eu devo continuar ou não, por favor.

Vinny Barros
Enviado por Vinny Barros em 03/08/2014
Código do texto: T4908406
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