American Experience

Cookevile, Tenessee, 1993.

O cientista pegou os tubos e conectou ao pescoço do homem. Eram muitos tubos, que faziam muitas coisas de diferentes maneiras para um mesmo fim, coletar todo o sangue do homem e transferir para uma máquina bombeadora. Um grande coração fora do corpo.

Esta era a oitava versão da máquina. As outras sete funcionavam, mas não apresentaram o resultado desejado. Esta era boa, funcionava bem. Em menos de vinte minutos o sangue do homem estava todo dentro da máquina, sendo bombeado pelo pescoço para sua cabeça.

O cientista cortou fora o resto do corpo do homem e começou a costurar. As grandes artérias sangravam incessantemente, elas foram as primeiras a serem costuradas. A máquina suportava dez litros de sangue, mais do que suficiente para dar tempo de costurar os vasos do pescoço. A cabeça só precisa de dois litros circulantes. A máquina também fornecia oxigênio, água, proteínas, gordura e retirava os gases nocivos do sangue. A cabeça ficaria viva.

Após duas horas de trabalhos minuciosos a ataduras, a cabeça estava lacrada. Mas continuava dormindo. O cientista fez leves tentativas para acordá-la, mas ela abria e fechava os olhos. Estava cheia de analgésicos, não iria suportar a dor caso estivesse acordada. A cabeça precisava de um corpo.

O corpo já estava pronto há dias. O buldogue estava vivo sem cabeça, na mesa ao lado. O cientista começou o trabalho e implantação. Era complicado, iria demorar mais de vinte horas. A cabeça do taxista tinha o pescoço de mesma largura do buldogue. Encaixava como um brinquedo.

Dois dias depois o corpo do buldogue foi desligado dos aparelhos de ventilação. Agora o corpo respirava pela cabeça do taxista. Os canais respiratórios e circulatórios estavam funcionando. Dois meses depois a sutura tinha cicatrizado. O sistema imunológico estava funcionando perfeitamente.

Em mais quatro meses todos os aparelhos foram desligados e o ser respirava normalmente. Em um mês os analgésicos foram sendo diminuídos até que cessaram totalmente. O ser estava magro, sua alimentação tinha sido exclusivamente por sonda durante todo esse tempo. Ele retirou o ser da mesa e colocou no chão. O ser não conseguia ficar em pé direito. Estava sonolento e confuso.

O cientista deixou comida e água nuns potes próximos do ser e se retirou do laboratório. O ser se aproximou, comeu e bebeu, ainda semi-consciente do que estava fazendo. Este estágio de letargia prevaleceu durante uma semana, quando a força dos músculos voltava pouco a pouco e a consciência era restabelecida.

O ser perguntou ao cientista o que ele era, o que havia acontecido. O cientista disse que ele estava sonhando, ele ainda era o taxista Aduramis e estava dormindo tranquilamente em casa.

O cientista achou que o ser iria ter vontade de andar em duas patas, mas isso não aconteceu. Ele defecava e comia como cão. Quando uma fêmea foi posta no ambiente, o ser cruzou com a cadela. Ele falava cada vez menos e não mostrava vontade alguma de perguntar sobre os assuntos humanos. Ficava feliz quando o cientista colocava comida, abanando o rabo e sorrindo. Dezessete meses depois do experimento, o ser morreu.