A Era das Trevas - Prólogo

Olhei em direção a lua, não a vi, uma nuvem negra cobria o céu. Isso significava uma única coisa: as trevas haviam chegado. Aquela escuridão não poderia significar algo além, sabia disso, sentia o medo transcorrer por minha pele, uma aflição intima e primitiva me aflorava por dentro. O momento havia chegado, logo pus meus pés para fora de casa, flexionei bem as pernas e saltei para o telhado, as telhas grossas me seguraram, porém, senti algumas trincarem abaixo de mim, não segurei bem minhas forças. Ainda olhava para o céu, esperava ver alguma criatura noturna, e mesmo depois de horas inerte, não vi sequer um pássaro negro sobrevoar o céu.

De repente, senti um assopro em minha orelha esquerda, virei instintivamente meu corpo para trás, nada. Outro sopro, quando virei novamente, algo ou alguém bateu em minha nuca, caí antes de sentir dor, meu corpo girou sobre o telhado derrubando inúmeras telhas até me segurar na calha da casa, ficando pendurado com as pernas para fora. Senti meus dedos das mãos serem pisoteados, mesmo que não houvesse alguém ali para pisar. O que acontecia? O que estava havendo? Mesmo que houvesse sonhado com as trevas, nunca a havia presenciado, tais seres faziam parte somente do passado.

Não me preocupei em soltar a calha, não haveria problema cair de uma altura tão pequena, mesmo que minha casa tendo três andares. O problema, que ao cair, senti o impacto, o que levou tempo para recuperar minhas reações. Antes de levantar, senti uma força apertar minha garganta, pelo que meu tato sentia parecia serem dedos, porém, eram dedos diferentes, muito mais sólidos e ásperos. Peguei um pedaço do asfalto que havia se soltado com minha queda e joguei para o alto. O pedaço se partiu em fragmentos menores, caindo estes encima de mim. Realmente havia alguém ali, um ser invisível e sem presença.

Já estava a sufocar, e não conseguia me mover, balançava as pernas tentando chutar aquilo que me apertava o pescoço, mas elas não se elevavam o suficiente, acontecia o mesmo com meus braços, me faltava força para dar um soco decente, me limitava a convulsionamentos que nada representavam. Os ossos do meu pescoço se partiam, meu rosto ficava vermelho, sentia uma barragem em meu esôfago que me impedia de respirar. Meus olhos subiram, deixando somente a parte branca exposta, via a escuridão acima de meus olhos, e então senti meu pescoço ser torcido para o lado, quebrando o restante do ossos que restavam.

Endriu Costa
Enviado por Endriu Costa em 06/10/2015
Reeditado em 15/11/2015
Código do texto: T5406753
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