A MOÇA

Esta história lembra mais uma dessas lendas urbanas que a gente escuta por aí, mas segundo Pedro guincheiro, aconteceu de verdade.

Pedro guinhcheiro é caminhoneiro, sujeito simpático e galanteador, conhece este país de norte a sul. Em cada estado têm uma mulher, fora as que ela pega nas estradas afora. Foi numa dessas viagens que ele conheceu Sabrina.

Segundo ele, o fato aconteceu numa cidade do interior da Paraíba, próxima ao município de Campina Grande. Ele viajava sozinho naquela noite. Chovia muito e a estrada, além de escura, estava deserta e escorregadia. De repente, um animal surge no meio da estrada, ele teve que frear bruscamente, por pouco, não perdeu o controle da direção e o caminhão não tombou. Mas para o seu espanto e conforto, eis que surgiu do meio da mata, a mulher mais linda que ele já tinha visto na vida. O reflexo dos faróis do caminhão revelava as belas curvas da jovem sob o vestido molhado, ela tinha cabelos longos, negros como um graúna e um par de olhos verdes capaz de entorpecer o mais sóbrio dos homens, a pele era morena e aparentava ter dezoito a dezenove anos de idade. Ela olhou para ele sedutoramente e disse:

- Vai me deixar congelando nesse frio?

- Claro que não! O que faz uma jovem tão bonita no meio do mato?

- Eu sou professora, ensino aqui pertinho e perdi o ônibus estou indo pra casa, em Campina Grande.

- Que bom, estou indo para lá.

E conversa vai, conversa vem, o clima esquentou entre eles e,como o Pedro não brinca em serviço, acabaram se amando ardentemente no meio do mato.

Ao chegar próximo à cidade, passando na frente de um cemitério, ela mudou de cor e fisionomia, ficou petrificada e com os olhos vidrados nele, falou entre os dentes:

- Eu odeio este lugar, não quero ficar, tire-me daqui, tire-me daqui!

- Calma! - Falou ele tremendo do pés a cabeça.

Mas, ao passar do cemitério ela voltou ao seu estado normal e agiu como se nada tivesse acontecido, em seguida pediu para que a deixasse em casa. Quando chegaram ao endereço, Já era tarde da noite e a rua estava deserta. Ainda transtornado, Pedro parou na frente de uma casinha amarela de porta e janelas azuis. Uma senhora de aspecto sofrido veio atendê-lo.

- Aqui está a sua filha. - falou meio sem graça.

- Como? Não tem ninguém aqui além de mim e o senhor. A única filha que eu tinha partiu deste mundo já faz mais de vinte anos.

-Mas..

A jovem sorriu, piscou-lhe o olho esquerdo e adentrou o corredor gargalhando estridentemente.

Pedro saiu daquela casa confuso e atônito, mas a pobre senhora o chamou e lhe pediu desculpas. Disse que a jovem Sabrina padecia de um transtorno neurológico, uma espécie de esquizofrenia e que nos momentos de crise ela fugia de casa para seduzir e assustar os motoristas nas estradas pois acreditava ser um fantasma de uma jovem que morrera num acidente numa dessas estradas. Falou ainda, que ela era obrigada a concordar com aquela farsa, pois a moça ficava histeria e quebrava tudo quando contrariada.

O caminhoneiro seguiu a viagem um tanto pensativo. Prometendo a si mesmo ser fiel as suas mulheres e que, por mais que o seu coração fosse tentado, evitaria dar carona a mulher bonita perdida nessas estradas da vida.

jambo
Enviado por jambo em 22/03/2016
Reeditado em 22/03/2016
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