NÃO HÁ ESPERANÇA

Levanto a arma em punho e direciono-a ao rosto de minha mulher, lágrimas escorrem por seu rosto, ela chega mais perto de mim e segura a minha mão.

— vamos amor — ela diz.

— você consegue — ela fala entre lágrimas

É o certo a se fazer, eu repito a mim mesmo como um mantra, eu choro, ela chora, ela segura firme minhas mãos que tremem ao segurar a arma — por favor — ela suplica.

E foi ai que eu escuto um barulho, um simples barulho que, pois um fim a minha felicidade que vinha de minha arma sendo disparada, em direção de minha mulher que cai em um baque surdo no chão.

Ela morreu.

Assim como muitos outros.

Tudo começou há um mês em uma tarde normal de domingo, ligo a tv e vejo uma noticia de que uma doença que causa febre e alucinações se espalha rapidamente em uma região, no dia seguinte ela se alastra de forma impossível por todo um pais e os sintomas pioraram, os hospitais estão lotados, pessoas não tão resistentes ao vírus morrem, outros estando ficando loucos, em uma semana o vírus começa a se espalhar por todo o planeta.

O mundo está vivendo uma infestação.

As pessoas estão ficando loucas, alucinando, se matando, morrendo aos poucos.

Era como o apocalipse

Ele se precavia como podia enquanto o vírus não chegava a sua região, suprindo-se de alimentos e agua e reforçando a segurança de sua casa, sua mulher estava com medo, e ele a consolava, dizendo que nada iria acontecer com ela e nem com o bebê deles que estava prestes a nascer, ele dizia que iria os manter em segurança, que talvez o vírus fosse parado antes de chegar lá.

Mas as coisas não ocorreram como ele planejava em duas semanas de infestação o vírus cobriu todo o planeta.

Era o fim.

Não havia mais energia, não havia mais governo, segurança ou o pior de tudo não havia esperança, pessoas infectadas se matavam, pois era um fim melhor do que enlouquecer ate a morte eminente.

Com o passar de duas semanas os suprimentos acabaram e tiveram de sair da segurança de sua casa, eles ajeitaram o que podiam e abriram os portões, e o que ouviram foram gritos e o que viram foi à morte.

A rua estava coberta de sangue, havia corpos para todos os lados, ele e sua mulher usavam mascaras para se proteger de toda aquela imundice.

Eles entram em seu carro e dirigem em busca de esperança.

Mas ela não existia mais naquele mundo.

Não se via nem ao menos sobreviventes, então decidiram parar em uma loja agora abandonada, buscar suprimentos e pensar.

Quando entram sua mulher se senta no chão ergue sua cabeça ao alto, de forma desamparada ela chora e põe a mão dentro de sua bolsa para tirar algo e então ela diz — nosso filho não pode viver nesse mundo, não há futuro — ela dizia.

E continua a soluçar, então tira uma arma de dentro da bolsa e aponta para própria cabeça — tenho que acabar com essa vida miserável.

— NÃO — eu me ouço gritar — por favor não me deixe — eu suplico

É simples — ela fala de forma histérica — vamos embora dessa vida juntos — ela fala agora rindo.

— A gente pode sobreviver encontrar um local seguro, eu ainda tenho esperanças — eu digo.

— eu não — ela fala simplesmente

Começo a chorar, assim como ela que parece sair daquele topor, — olha, eu te amo, mas não há futuro aqui, o mundo acabou, você não entende e eu não consigo, não consigo.... — ela diz hesitante — fazer isso sozinha — ela fala por fim e estende a arma em minha direção.

— faça para mim esse ultimo favor — ela suplica.

Eu pego a arma em minhas mãos, ela se ajoelha e continua a me convencer de que aquilo era o certo.

Tudo depois daquilo foi sofrimento, eu não consegui tirar minha vida depois, pois sou um covarde.

Minha punição, talvez... Vai ser o sofrimento de andar por essas ruas sanguinolentas e vazias em busca de redenção.

Cristinyy
Enviado por Cristinyy em 09/05/2016
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