PRISIONEIRA

Havia um temporal naquela noite, Garpar seguia pelo bosque em busca de abrigo, desde cedo não havia encontrado ninguém naquele lugar, estava perdido fazia horas e não conseguia encontrar a estrada principal. A mochila em suas costas agora pesava mais que durante o dia. Seu corpo estava encharcado e precisava de um bom lugar para passar a noite e descansar. Barulhos estranhos ecoando pelas altas árvores o fez olhar para o lado. Ele temeu sem saber o que seria, parecia o som de um animal feroz, algo que nunca ouvira antes. Aumentou os passos e andou em direção ao norte, seguia sempre por entre as árvores. De repente algo lhe chamou atenção, um leve sorriso arqueou pelos seus lábios. Era uma cabana, uma simples e pequena cabana. Não hesitou e foi de encontro a pequena porta. Lentamente empurrou e aquele inevitável barulho de porta rangendo quebrou o silencio daquele pequeno cubículo.

Sentou-se ansioso, abriu a mochila e tirou alguma coisa para comer quando um gemido por traz de uma mesa velha o fez congelar de medo. Jogou a mochila para algum lugar e levantou lentamente.

-Quem está ai?

Acendeu um isqueiro que levava consigo e então pode vê-la. De imediato pairou seus olhos na coisa mais bela que poderia encontrar num lugar tão abandonado, tão velho e tenebroso.

O vestido preto que ela usava cobria-lhe apenas parte do corpo, os olhos ansiosos de Garpar pararam nas pernas claras e bem torneadas do ser a sua frente. Ela não havia dito nada, mas ele estava tremendamente encantado com tamanha beleza. Já não se ouvia mais o som da chuva, e pela janela agora entrava a luz da lua, tímida e lenta, iluminando ainda mais a mulher ao chão. Agora com a cabana mais clara, Gaspar pode ver que ela estava acorrentada a parede.

-Quem fez isso com você? Onde está a chave? Como posso ajudar você? Uma série de perguntas ele exaltou e tudo que ela disse foi apenas uma frase:

-Tire-me daqui.

Sua voz doce e meiga o deixou ainda mais atordoado, tentando encontrar uma solução para libertar aquela belíssima prisioneira. Saiu correndo da cabana e voltou quase que de imediato. Havia encontrado um machado ao lado e com toda força que possuía debateu contra a corrente, partindo uma única aréola de ferro. Uma gargalhada de felicidade ele soltou ao ver a amada livre. Ele então pode vê-la levantando graciosamente e vindo ao seu encontro com um sorriso malicioso.

-Não!

Um grito vindo da entrada os fez olhar na mesma direção. Um homem de barba, vestido numa capa de chuva estava parado com olhar indecifrável. Garpar não entendia nada e como num flash viu quando a bela se aproximou rapidamente e insaciável. Viu ela cravar seus dentes em seu pescoço. Tudo que ele pode sentir naquele momento foi dor, desespero. Sentia seu sangue escorrendo pelo seu toráx quente e urgente!

O homem parado à porta entrou fechando-a atrás de si. Uma nova corrente consigo ele trazia e enquanto ela devorava o jovem Gaspar, o homem a fazia novamente prisioneira...