Minha Tessa
2001
Ele observava o objeto nostálgico, como se ali fosse obter todas as respostas do mundo. Mas para ele era quase isso, o objeto incrustado em uma fina moldura era das cores negra e dourada, fino, delicado, um porta retrato.
Lá, havia uma foto, a foto de uma família, quando esta ainda estava viva.
Robert tinha quarenta anos, vivia isolado, em uma cela subterrânea em uma ilha abandonada, seu castigo, sua prisão.
Tudo porque cometera um erro no passado, a sua frente apenas um objeto preenchia o frio espaço de sua cela, aquela foto, aquela maldita foto que estava ali para atormenta-lo. Fazendo-o lembrar todos os dias e todas as noites do massacre que ocorrera a vinte anos atrás.
1991
Robert era apaixonado por Tessa, eles eram da mesma faculdade mas de cursos diferentes, ele a observava a distância mas nunca se aproximara.
Essa paixão datou de anos, Robert estava no último ano do curso, e ainda não criara coragem para se aproximar.
Tessa sem consciência dos sentimentos dele por ela, segue com sua vida, se apaixona e começa a namorar. Quando Robert descobre este fato, fica sem reação, frustado, pensou até em desistir da faculdade.
E os anos foram passando, ambos seguindo com sua vida e Robert tentando se recuperar, certo dia ouviu falar de um casamento, o casamento de seu grande amor. Ele foi convidado pois sua mãe era amiga da mãe dela. Ele assistiu a cerimônia silenciosamente e chorou, do começo ao fim.
Tessa construiu uma vida, com casa, trabalho, marido e filhos. Enquanto Robert vivia desolado em sua casa. Pensando noite após noite: "Era eu que devia acordar ao seu lado".
E esse pensamento o levou a caminhar até sua casa, bater em sua porta e depois de anos, confessar seus sentimentos.
O resultado obviamente não foi o esperado, Tessa tentou da melhor forma possível não ferir seus sentimentos, mas seus consolos não foram o suficiente, Robert a queria, de qualquer jeito, sobre qualquer circunstância.
Entrou em sua casa, foi até a cozinha, pegou uma faca da prataria e sem pensar nas consequências feriu e matou seus dois meninos na sua frente, a deixando sem reação.
Se aproxima dela, a abraça e diz que tudo ficará bem, eles seriam felizes um dia. Corta então sua garganta, para ele aquilo não era o fim, eles ficariam juntos, nem que fosse na próxima vida.
Se senta em seu sofá, observando o sangue que escorria dos ferimentos das pessoas que acabara de tirar a vida, aquela que devia ser sua mulher e aqueles que deviam ser seus filhos, liga a televisão e espera pacientemente a última vítima chegar...O cara que destruirá sua felicidade.
Quando escuta alguém girar a maçaneta da porta, se prepara.
E quando ele entra e ver sua família morta, desmaia, Robert pensa em fazê-lo sofrer quando acordasse, mas não tinha tempo, o mata dormindo, sai da casa e finge que nada aconteceu.
2001
Desde o ocorrido descobriu que pegara gosto pela matança, cometeu alguns outros delitos, mas logo foi descoberto e condenado a anos de prisão, foi considerado louco, um psicopata só porque não se arrependia de seus crimes.
A única coisa pela qual se arrependia é não ter feito aquele homem, o marido de Tessa, sofrer mais, teria valido a pena.
Pegou o porta retrato que estava a sua frente, tirou a foto de dentro e rasgou o homem e as crianças da foto, deixando apenas Tessa, sua Tessa, abraça a foto contra o peito e senti que ela era sua agora, e é assim que as coisas deviam ser.