LAMENTOS DE UM POLICAL

É absolutamente incrível a quantidade de infortúnios que se pode cair sobre um homem. Seja rico ou pobre, bonito ou desfavorecido, trabalhador ao exímio ou vadio.

No que se diz respeito aos trabalhadores, é insuportável saber que um operador de maquinas teve os dedos amputados numa maquinaria ou que um pião de obra tenha sido soterrado por um prédio em construção que desabou.

De todas as desventuras tais como um administrador que toma justa causa por beber no serviço ou então o diretor de um colégio que num surto repentino começa a quebrar os carros dos professores e a esbravejar palavras de baixo calão.

Paulo Silva era o policial exemplar 30 anos de carreira militar e atuante nas ruas da turbulenta de cidade grande. Hora ou outra era obrigado a iniciar um soldado recruta, orientando sobre os comportamentos da corporação ou por ventura de trocas de turnos era solicitado a ter como companheiro um policial meridiano ou trapaceiro de farda.

Paulo se surpreende ao verificar na prancheta o seu companheiro de ronda noturna. Conferiu o nome e coçou o queixo, respirou fundo e soltou a respiração.

- È pode ser interessante. - Disse para si mesmo.

Quando a porta da viatura se abriu e se acomodou no carona um homem robusto de porte alinhado, o bigode somado ao quepe dava a impressão de um soldado resistente.

- Pois é quem diria eu um dia na águia negra. - Resmungou Billy

- È uma viatura comum amigo, nada vai mudar nosso salário, nada mesmo...

- Silva, me desculpe mais a viatura que pertenceu ao Sargento Ramos de nenhuma maneira pode ser uma viatura qualquer. E sem contar que é a última que sobrou, pois as outras foram todas trocadas por carros novos.

- Eu particularmente prefiro os carros novos, mas como o policial mais antigo na delegacia me deu essa tal viatura magnífica aos cuidados e encargos. È, de certa forma o Sargento Ramos passou poucas e boas nessa criança... - Disse Silva passando a prancheta para o Billy dar o visto.

Billy após assinar passou a prancheta para o companheiro e abriu o porta-luvas parecia esperar algo e seus olhos faiscaram ao verificar a magnum 357 guardada no porta luvas.

- Essa é...

- Sim a lendária arma do Sargento Ramos... é como o amuleto da sorte da viatura ou o coração dela.

- Dizem que no seu último dia de serviço, naquele sequestro e tal que o sargento derrubou cinco bandidos. Após as entrevistas com os reportes, quando estacionou no pátio da delegacia e depositou a arma no porta-luvas jurando nunca mais dar um tiro se quer e daquele dia em diante se dedicaria a apicultura.

- Exato amigo. Isso é o que diz a lenda, mas a lenda é real e você está com a arma do Sargento na mão. O mesmo Sargento que na sua autobiografia disse ter mandado para a cadeia certa de 1000 bandidos e derrubados outros 1000. Apesar de eu achar tudo isso exagero das editoras.

- Ah exagero ou não. Tudo isso para mim é um grande incentivo e quero completar 40 anos de carreira na polícia. Faltam-me 20 anos. - Esclareceu Billy.

- Bom eu dirijo a um bom tempo essa viatura confesso ter certo orgulho sabe. Porem nada disso me faz ser um super-herói. Nada mesmo, para mim o trabalho como policial é uma rotina. Rotina de roubos, sequestros, assaltos, trombadinhas para jogar na cadeia etc. - disse ligando a viatura e saindo.

A noite parecia ser tranquila e tudo apontava pouca agitação para uma quinta feira. A tal quinta feira que antecede a sexta que por sua vez é cheia de jovens iniciantes da vida do crime. A fim de arrumar um qualquer para algumas farras típicas de jovens desordeiro.

- Falta pouco tempo para você se aposentar, não é mesmo silva?

- Para falar a verdade falta, mas isso também não me agita e não pretendo fazer cena nem ter uma história. Geralmente se espera isso de quem entra nessa viatura é como se fosse uma predestinação sabe... pensando bem é muita superstição

- Como assim companheiro. - Perguntou Billy

- Tudo começou com o sargento Ramos e sua despedida. Eu li o livro...

- Eu pretendo ler, estou curioso para saber os detalhes dessa operação. Que é estudada nas academias do todos os Estados desse país.

- Olha em resumo. No dia do sequestro a viatura tinha dois policias iniciantes o sargento Ramos e mais um policial meia tigela. Sangue nos olhos e faca nos dentes era só o Ramos mesmo. Talvez se não fosse isso. E outros fatores também... no dia os bandidos estavam num barraco armados com fuzil e quando a viatura chega próximo ao local, já foi recebida por tiros. O sargento deixou a viatura e outros policias também, todos abrigaram próximo. O Sargento planejou a batida, ele conhecia um pouco o território e sabia como pegar os bandidos por de trás. Porem os outros policias não arredaram pé. Deram para trás e o Ramos esquentado pegou sua magnum 357 e foi enfrentar 5 bandidos armados com fuzis. Uma loucura porem a estratégia deu certo. Ele invadiu por de trás do cativeiro pego de refém o líder da quadrilha e daí os outros foram obrigados a se render. Eu acredito que o mérito do Sargento Ramos se deve a sua ousadia e coragem, já os outros policias covardes.

- È isso que eu estou falando Silva. Um exemplo a seguir nessa corporação {exclamação}.

- Mas então aí vem à segunda ocasião não muito divulgada na mídia mais conhecida de todos os policias. O soldado Pereira, iniciante, no primeiro dia de serviço caiu de fazer a ronda com essa viatura. Ele pegava a arma do sargento e às vezes zombava da lenda e tal. E eles foram solicitados a deter um roubo a banco e quando chegaram ao local o que não se esperava eram dois bandidos de tocaia e resultou na morte do Soldado Pereira. Daí por diante surgiu várias lendas. De que essa viatura era para os valentes e não para os covardes. De que todo policial termina sua carreira sobre essa viatura de forma que o destino lhe paga como ele mereça, ou seja, como um herói ou morrendo como covarde.

-Ah faz muito sentido. E como se fosse às circunstâncias fazendo o ladrão daí a viatura fico famosa. Eu faço meu serviço de policial da melhor forma possível. Não se deve ter clemência para bandido e já era. Meu ponto de vista.

Aconteceu que: Dois jovens da classe media, adentraram uma casa por volta das 2 horas da madrugada. Suas intenções? Roubar e saquear o mais rápido possível e sair ileso. O que leva dois jovens de boa criação entrar numa vida de crimes e assaltos. Não sabemos, porem podemos ter certeza de que a adrenalina de tais ações os torna como aventureiros. Sentir um prazer em cometer delitos, sair ileso e ainda por cima com a verba arrecada se perder em baladas e hotéis.

- Jhonny, acho melhor desistimos conseguimos cortar o primeiro alarme, porém, eu estou com um mau pressentimento. - Sussurrou lasca, segurando uma lanterna de luz azul.

- Larga mão de ser covarde. Já cortamos a energia e desligamos o alarme principal. - Advertiu Jhonny o líder. -Jovem ousado. Sentindo correr na veia a emoção e sentindo-se sobre controle, já esteve outras vezes em situações parecidas e a dubla quando pouco levava cerca de 20 mil. Gastados em duas ou três noites de bebedeiras e putarias.

- Certo... certo, mais, por favor, se algo der errado não atire em ninguém.

- Isso, só se for preciso. Disse Jhonny

- Lembre-se Jhonny nada pode valer mais do uma vida.

- Disse muito bem Lasca. Mas no momento a vida mais importante é as nossas. Então amigão contente-se e nada de dar uma de bom samaritano. -Disse Jhonny andando sorrateiramente e abrindo a porta de um suposto escritório. Lasca iluminou o escritório e avistaram muitas coisas de valor.

Tiraram um quadro com cuidado e avistaram o cofre embutido na parede. Lasca retirou um pé de cabra da mochila e passou para o cúmplice. Jhonny forçou... forçou novamente. E uma luz vermelha deu duas piscadas seguidas de um som de alarme disparado.

Na rádio patrulha: Dois assaltantes nas imediações norte fizeram um casal, o filho e uma baba de refém. Solicita-se apoio no local. Endereço...

- Pois é amigão, parece que essa noite vai ser agitada. -Disse silva fazendo o retorno e se se dirigindo a localidade de mansões na região norte da cidade.

Chegando ao local, a dupla de policial avistou uma equipe de segurança particular. Silva estacionou e foi verificar as condições de negociação.

- De agora em diante é com a gente, houve comunicação com os assaltantes? É certeza de que são dois? - Indagou Silva.

Um segurança de roupa preta um tanto obeso e de fisionomia preocupada se prontificou.

- Sim, se comunicamos e eles estão fazendo a família do casal Antônio de refém mais uma baba. Pelo que verificamos pelas câmeras são apenas dois assaltantes. Pra falar a verdade dois jovens. O vigia que faz a ronda de moto já tinha os vistos e estava cobrindo eles e seguindo. Porem eles se desvencilharam e o segurança pensou se tratar de algo não importante. Porem verificou e é os mesmo que estão com os reféns.

- Exigências? Alguma exigência? - Perguntou silva coçando a nuca.

- Não necessariamente. Parece que um dos bandidos queria se render porem o outro não. Sucedeu uma discuto e depois disso mais nada.

- Ok, de agora em diante cuidaremos. Esse terreno ao lado da casa parece este desocupado certo?

- Sim.

- É de certo que os assaltantes invadiram a casa por ele. - Esclareceu Billy

- Certo. Eu preciso que vocês distraiam os assaltantes com a comunicação eu e meu parceiro entraremos por de trás da casa. - O soldado Silva se apoio no muro e verificou a lateral da mansão. - Parece-me que dá acesso a entrada da piscina. Eu preciso que vocês continuem a negociação como motivo de distração, tentaremos render eles por de trás. Não há outra maneira. Bandidos iniciantes sempre cometem absurdos pelo fato de não saberem o que fazem. Esclareceu silva.

Billy e Silva pularam o muro e foram sorrateiramente se encaminhando até a área da piscina o segurança estava se comunicando com Jhonny e negociando a soltura da criança.

A dupla de policial avistou Lasca na parte da sala de costas para a região da piscina. Silva foi se aproximando. O jovem ladrão tinha as duas mãos na cabeça e parecia lamentar. Silva de súbito deu uma chave tampando a boca e já rendendo o indivíduo e fez um gesto com a mão para o Billy cuidar do outro. Rapidamente ele dominou o jovem, surgiu uma luta. O jovem bandido tentou se debater e gritar.

- Na moral... na moral. - Sussurrou Silva. Dominando lasca. Billy se encaminhou adentro da mansão. Estava totalmente escuro o que dificultava ele andar. Era apenas guiado pela luz que adentrava pela janela da frente da moto do segurança. Avistou a silhueta do bandido e os reféns pareciam estar dominados no chão. Deu voz de prisão.

- Mãos para o alto, mãos para o alto. Você está preso. Não reage vagabundo. -Gritou Billy, o bandido levou um susto e se, pois, em defesa, se jogou para detrás de uma bancada e disparou um tiro na direção do soldado. Esse por sua vez revidou houve o começo de uma agitação do lado de fora que já contava com outras viaturas da polícia, seguranças de motos.

Houve outro disparo e alguém caiu no chão baleado. A energia voltou após um segurança localizar o defeito causado pelos bandidos.

Billy verificou as pernas do bandido por de trás da bancada. Tinha uma das melhores miras e tinha acertado na cabeça. Foi encaminhando sorrateiramente até o local que estava o corpo do bandido. Olhou para o assaltante morto no chão e no mesmo instante caiu de joelhos, gritou algo que não foi decifrável. Debruçou-se sobre o bandido sobre o rosto. Começou a chorar.

Silva saiu da casa com o Lasca dominado e algemado e jogou no chiqueirinho, se preparou para entrar pela porta da frente e dar suporte ao Billy. No mesmo instante a porta se abriu. Billy saiu de braços caídos, segurava a arma ainda estava coberto de sangue... Silva correu ao encontro.

Você foi atingido? - Segurou nos braços dele verificou. -está tudo bem Billy? Os outros policias adentraram para casa, dando apoio aos reféns e também verificando um jovem falecido no chão. O bandido.

Billy estava desnorteado, entrou na viatura ainda sem falar nada. Sentou no banco do carona. Silva entrou assustado.

- Você está ferido? - Deu puxão nele! - Acorda Billy!

Billy falou: o Junior, Meu Deus o Junior. O Junior não! O que eu fiz! Meu deus o Junior o Junior!

- O que está acontecendo? -Silva ainda não compreendeu. - Que Junior?

-Meu filho! Meu Deus meu filho Junior era o assaltante e eu o matei. - Eu o matei - gritou. Chorou bateu com as mãos nas duas pernas. Silva se conteve oscilou, lamentou

- Meu Deus que tragédia sinto muito, você não tem culpa.

- Não era pra ser assim! Meu Deus. É tarde. Billy pegou sua arma olhou por um algum tempo observou ela. Estava cheia de sangue a farda também cheia de sangue. Do seu próprio sangue do seu filho que tinha se envolvido em caminhos errados e estava ali assaltando.

-Acabou tudo! Pegou a arma fico um tempo em silencio soltou mais algumas lágrimas abriu o carro e depositou sua arma no porta-luvas.