noite na fazenda

Trabalhava numa pequena venda, em Manhuaçu-MG, quando recebi uma ordem de meu patrão, "Nhô Zeca" para arrear o alazão e ir a fazenda de cumpadi Honorato buscar umas sacas de café, pois estavam às míngua, quase acabando.

Fiz o que patrão mandô e pus pé na estrada caminho de dois dias, quando lá chegando fui falar com cumpadi Honorato o que tinha à fazer alí.

Cumpadi, ao me receber, falou o seguinte: Rapaz, já está muito tarde, a noite já está caindo. vai dormir lá no celeiro e amanhã de manhã bem cedo, depois do café ocê se põe a galope e continua sua jornada. Té aí tudo bem. Peguei minhas coisas e fui dormir onde cumpadi tinha me oferecido.

forrei meu cantinho, fiz minha prece, apaguei a lamoarina e me deitei finalmente.

Passado algum tempo sem conseguir pegar no sono, comecei a escutar uns barulho, pelo celeiro e comecei a sentir um arrepio. Acendi a lamparina e nada, nada de estranho.Pensei: - deve ser umas gambá. apaguei a lamparina e voltei a deitar. daqui a pouco escutei uns barulho como que de corrente e novamente um calafrio gelando toda a minha espinha. peguei o lençol e me cobri dedsde a planta do pé até a minha cabeça. e então comecei a sentir o leçol repuxando com força e e eu segurando de uma lado e aquilo fazendo força de outro, e eu suplicando pra todo mundo, quando eu consegui pegar o fósforo e acender a lamparina. Feito isto aquilo sumiu no mesmo instante e eu não consegui dormir a noite toda.

Pela manhã antes do sol nascer, já estava com Alazão e as mula arreada, pronta pra partir. Ao me despedir de cumpadi Honorato lhe contei sobre o ocorrido, e ele me disse o seguinte: - Esta fazenda, meu filho, foi um engenho de café na época da escravidão e acontecem coisas aqui muito estranhas, mas não lhe falei nada porque não queria assuatar você.

Só sei que me despinguelei estrada afora e quando cheguei na cidade nhô Zeca me disse que tinha recebido mais encomenda de café...

morfil
Enviado por morfil em 16/10/2005
Reeditado em 19/10/2005
Código do texto: T60198