Bugalufobia

Ainda hoje leve calafrio percorre-me a espinha quando vejo o personagem Bugalu, até mesmo em fotos. Por isso decidi passar o resto da tarde de hoje buscando lembranças e reminiscencias sutis que expliquem tal fobia besta, encontrei bastante material.

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A casa que despontou sobre as névoas da infância era constituída de uma cozinha estreita, onde tínhamos um fogão a lenha, com acesso a um grande salão, usado como dormitórios (quando somos pequenos, tudo parece grande) e uma sala menor na frente, com o banheiro. Foi neste aposento, com uma janela frontal e uma porta lateral que serviu de cenário para o estranho pesadelo que criou no Bugalu o monstro que atravessou décadas.

No sonho, era domingo e aguardávamos, meus irmãos Marco, Marcelo e eu, (O Mauro já devia ter carimbado seu passaporte para ingressar no mundo, já devia estar chegando) o fim do programa Silvio Santos para podermos assistir ao Show dos Menudos e posteriormente ao desenho do Snoop, mas o clima entre a gente estava estranho, já que olhávamos para a estreita porta que dava acesso ao salão. De lá ouvíamos roncos medonhos e estridentes (poderiam ser do pai, pois este ronca pra car¨&%@o), mas não era. Lembro de ter levantado do sofá gigante, eu era pequeno, para ver o velho, mas o que eu vi fez meu sangue congelar nas veias: em pé, ao lado da fraca luminosidade da janela, estava um imenso Bugalu mexendo os braços freneticamente, balançando a cabeça e revirando os olhos. Meus irmãos gargalhavam do meu medo.

Do meio da salinha vi minha mãe Vilma passar pela porta lateral, acompanhado por uma vizinha, em direção a cozinha pela lateral da casa, mas para demonstrar bravura, não fazer feio para a vizinha e mesmo tomado pelo pavor, fechei a porta - creio que fiz isto para não parecer fraco - mas ao abrir, já não havia mais porta, meus irmãos haviam desaparecido e eu me encontrava sozinho com o ronco medonho que vinha de um bugalu de olhos esbugalhados e que mexia os braços como um louco, sempre a me encarar. Gritei MÃEEE, MÃEEE... a plenos pulmões até a voz desaparecer completamente.

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Não lembro em que estado de espírito eu acordei na manhã seguinte, tampouco meu comportamento aos olhos dos demais, só sei dizer que o programa "Viva Noite" naqueles tempos sempre me pareceu um filme de terror. Desenhos do pica-pau, onde aparece o jacaré correndo para lá e pra cá mexendo os bracinhos não eram diversão para mim, mas os temores foram diminuindo conforme os anos foram passando e hoje, não passam de letras que geram pequenas, mas incomodas sensações quando o bonecão medonho aparece nas mídias.

maxximusvero
Enviado por maxximusvero em 18/11/2017
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