O sumiço da sepultura

Era dia de finados. F. como de costume, acordou cedo, tomou café e saiu com uma amiga para ir ao cemitério. Foi rezar pelos mortos da família. A primeira visita seria a sepultura do tio recentemente falecido. O túmulo dele além de ser o mais fácil de encontrar, a saudade era muito grande.

Soltou um lamento profundo quando viu a sepultura, maltratada e sem nenhuma flor. O sinal da cruz e algumas velas acesas seguiram a uma oração pela sua alma. Gostaria de cuidar melhor do tumulo do tio, mas passara o dia anterior envolvida com outros afazeres e não se lembrou de comprar flores, por isso, só levara algumas velas.

Enquanto dava um trato na sepultura, avistou a alguns metros, à sua frente, um túmulo com belos vasos floridos. Não havia ninguém lá. Num instante, pensou: vou pegar um daqueles vasos e trazê-lo para a sepultura do meu tio. Falou com a amiga da sua intenção e ela concordou.

Assim o fez. Deixaram as velas sobre a lápide e foram buscar as flores. Havia seis vasos. Ela pegou o mais bonito, aquele que tinha umas rosas vermelhas no meio de outras flores.

Alguns minutos depois, retornou ao local do túmulo. Tomou um susto imenso. Tudo tinha sumido. O local estava limpo, limpo. Total ansiedade. Uma coisa muito estranha aconteceu. Sentiu um arrepio ao procurar sepultura do tio e não encontrar. Havia desaparecido como se tivesse evaporado. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo. Nem as velas que deixaram em lá, encontraram. Havia um mistério. Onde foi parar o tumulo do tio. Procuraram-na exaustivamente, e nada. O túmulo se escondeu e não queria aparecer. Era como se estivesse mudado de lugar. Acreditou até que poderiam ter se enganado do local.

Neste instante, uma ideia surgiu em sua mente. Seu tio devia ter ficado zangado por ela ter pego um vaso de outra sepultura, por isso, resolvera castigá-la, escondendo seu túmulo. Não queria um vaso que não fosse seu. Só poderia ser isso. Ele era um homem honesto e ético. Por isso, não queria ver um vaso surripiado de outro tumulo no seu, e para castigá-la sumiu com a sua sepultura. A solução seria devolver o vaso ao seu dono.

Ela, então, obedeceu seu pensamento e foi devolver o vaso ao seu legitimo dono. Mas acreditem: Na volta, ao se aproximar do local onde deveria estar o tumulo do tio, este saltou-se aos seus olhos. Estavam também as velas, e para seu espanto, acesas. Como por encanto, o túmulo retornara ao seu lugar.

Assustadas, fizeram uma oração e depois voltaram para casa pensando no incidente. Quando F. contou o que aconteceu ninguém acreditou. Mas, que o túmulo havia desaparecido, isso havia...