O LENHADOR FANTASMA! – FATO REAL! BENTÓPOLIS - PR

O LENHADOR FANTASMA! – FATO REAL!

O ano era por volta de 1968 a 1970.

Morávamos em uma fazenda no interior do Paraná, chamada São Pedro, que fica no distrito de Bentópolis, pertencente ao município de Guaraci. Éramos em quatro; Papai, Mamãe, minha irmã três anos mais velha que eu, e obviamente... eu.

Nessa época ainda restava os resquícios do colonato, e nessa fazenda produzia-se o café, que era o carro chefe como toda a região norte do Paraná, além de leite, esse, já em quantidade menor.

Lembro-me, que, quando chegamos para nos instalar nessa fazenda, as casas da ‘colônia’ já estavam todas ocupadas, então nos instalaram em uma casinha literalmente no meio do pasto do gado da fazenda, apenas cercado nosso – ‘nosso’ no sentido figurado, pois os fazendeiros nessa época cediam a moradia para que o trabalhador cedesse sua mão de obra à essa fazenda – terreno por uma cerca de arame farpado para que o gado não entrasse.

A colônia, - casas dos trabalhadores - como era chamado, era composta por aproximadamente cinquenta casas e ficava em uma estrada dentro da fazenda, próximo a sede, a oeste desta, e, paralelo as casas corria um pequeno riacho, e nossa casa, também próxima da sede, ficava porém ao norte – Tenho mapeado em minha mente aquele pedacinho de paraíso...

Hoje moro em São Paulo, e voltei lá nessa fazenda para matar a saudade em 2002... estruturalmente tudo continuava quase da mesma forma de quando narro esse fato, apenas, obviamente, com o declínio do café, e o fim do colonato, os trabalhadores foram mudando para as ‘cidades grandes’, mas o fazendeiro manteve tudo como era, apenas a área que havia café, passou à produção de leite, então algumas casas já não existiam mais, mas as que restaram eram preservadas... capricho do Dono.

Como disse antes, nossa casa ficava ao norte da sede, e a esquerda, a menos de cem metros, e subindo também para o norte, tinha uma pequena floresta, – ainda hoje tem, chamam isso de ‘capão’; são pequenas células do que restou das antigas matas originais que foram desmatadas para a plantação de café. – que a noite, dali, surgiam minhas fantasias do sobrenatural! Imediatamente atrás de casa, havia – hoje também ainda tem – um pequeno bosque de eucaliptos que no passado fora plantado para fornecer madeira para a construção e manutenção das casas.

'Foi ali!'

Certa noite voltamos pra casa vindo de Bentópolis, onde Papai fazia nossas compras, e, já tarde da noite, Mamãe foi preparar a nossa janta.

À mesa, lembro que ouvimos o som do que parecia ser um machado cortando os eucaliptos pela direção que vinha o som, tivemos certeza, apesar da hora, que alguém estava cortando uma árvore. O barulho cessou... não por muito tempo.

Papai, quis sair pra ver o que estava acontecendo. Mamãe não deixou! Eu e minha irmã chorando com medo que acontecesse alguma coisa com Papai, também imploramos para que ele não fosse. Ele ficou conosco.

O barulho, apesar de parar por alguns segundos, como que para a pessoa descansar, pensávamos, tornava voltar.

Num certo momento, cedendo aos golpes do machado, ouvimos nitidamente o som da árvore quebrando suas últimas lascas, e, caindo, e quebrando os galhos das outras árvores próximas terminando com um estrondoso barulho no chão!

Aquilo, de certa maneira nos aliviou, foi o que Papai nos explicou, pois, certamente alguém estava 'mesmo', cortando um eucalipto, seja lá por que a essa hora da noite.

Mesmo assim, nessa noite fomos dormir com muito medo, – eu pelo menos - os quatro, juntos, na mesma cama.

Pela manhã me recordo de ter acordado depois de Papai e de Mamãe, e ouvi-los conversando nervosamente sobre alguma coisa, quando me lembrei do ocorrido.

Corri até eles e fiquei sabendo que nenhum pé de eucalipto fora cortado naquela noite!

A notícia se espalhou pela colônia, e todos fomos até lá pra ver; obviamente que nenhuma árvore fora cortada! 'Obviamente' porque, afinal, não havia no local mais do que umas cem árvores, todas bem visíveis, quase um jardim, e, um galho apenas que caísse seria notado.

'Hoje', eu não acredito em assombrações... ‘pero que las hay, las hay!’

Esse fato – ou uma ‘ilusão coletiva’, como chamam hoje – realmente aconteceu conosco, como os milhares de outros casos que ‘aconteceram’ com o povo do nosso interior.

* (Coordenadas geográficas do local): O ponto exato que aponta o Google, -árvores escuras - é o bosque de eucaliptos local em questão. 'Nossa casa' não existe mais, seu local é onde se vê a frente do bosque, uns arbustos mais claros.

* -22.883257, -51.725450

Zé Roberto
Enviado por Zé Roberto em 22/02/2018
Reeditado em 24/02/2020
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