Aconteceu no Estado de São Paulo

Bacamartes carregadas. Embornais com as matalotagens. Farofa de frango caipira; doce munguzá e cuscuz molhado ao leite. Provisão para todo o fim de semana. Inicialmente, só regressariam para casa com o término dos mantimentos.

A caça do dia seria a dona Raposa. Caminharam por trilhas fechadas. Segundo indicação de caçadores experimentados, os quais cito Castelo Branco, Padre Anchieta e Washington Luis, chegando ao pé do frondoso jatobá, deveriam seguir à direita. Chegaram ao ponto recomendado. Uma trégua para contemplar a salutar beleza do arvoredo. Arriaram os alforges.

Enquanto um saiu para correr os olhos na redondeza, o outro ficou em alerta sentado sobre as espessas raízes da árvore. O tempo passou e o segundo foi à procura do amigo. Subiu no ponto mais alto e disparou para o ar dois estampidos secos: "Pá; pá".

De onde estava, via Tavares. Porém, Tavares não via Dutra, mas ouviu os estampidos. De volta ao lar que ficava encravado em pequeno vilarejo em expansão, comunicou o ocorrido à polícia; que imediatamente foi ao local. Após feitas às buscas, encontraram o marido de dona Raposa morto.

Polícia Técnica chamada para fazer as diligências e se possível, desvendar o caso. Naquele tempo, faltava conhecimento e material humano; motivo de vários casos ficarem sem ser desvendados cientificamente.

Passados muitas décadas, o que se sabe é que Dutra faleceu no Rio de Janeiro, enquanto Tavares não foi muito longe; dando cabo em seus dias em algum ponto próximo ao estado do Paraná.

Mesmo com esse funesto episódio, a caçada à dona Raposa, esposa do falecido Raposo, continuou sendo praticada por muito tempo por caçadores imigrantes, bandeirantes e índios tamoios. Mais tarde, nominaram as rodovias do Estado de São Paulo, com os nomes dos desbravadores e aventurosos caçadores.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 03/06/2018
Reeditado em 03/06/2018
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