Trama diabólica (Parte 7)

"Trama diabólica"

(*) Carla Rejane Silva

Capítulo 7

NO CAPÍTULO ANTERIOR , dom Rafael se dirige à esposa, furioso, objetivando saber onde ela estivera toda a manha e tarde, sem avisar ninguém. Dom Rafael fala de uma discussão, todavia, não fornece maiores esclarecimentos à esposa. Proíbe ato contínuo, que ela saia sozinha da fazenda. Camélia prepara uma cilada. Sofia quase chega a ser picada por uma cobra. Sofia liga para Carlos e ambos marcam um almoço na Pousada do Sol Nascente. Dom Rafael aquiesce. Na hora em que Dom Rafael se prepara para pedir o cardápio, Carlos entra em cena. Dom Rafael se enfurece. Quer saber quem é aquele estrangeiro e o que ele tem de tão importante para ser revelado.

Capítulo sete.

- PRECISAMOS CONVERSAR PAPAI. Hoje sem falta, assim que Pedro chegar, aquele imbecil inútil...

- O que foi aquela gritaria dom Álvaro - perguntou. O que está acontecendo?

- Sofia foi atacada por uma cobra no banheiro.

-E ela foi picada? Esta bem? - Diga Camélia, você tem algo a ver com isso?

- Silêncio papai, aqui não é o lugar para conversamos. Vamos deixar esse assunto para depois. Rafael não vem, ficou cuidando da esposinha – Vociferou Camélia entre dentes e cheia de ódio.

Enquanto isso, no quarto, dom Rafael fez Sofia tomar um calmante. Ela estava trêmula e frágil. Por um instante o rapaz se esqueceu da suposta traição. Ficou ali abraçado a ela quando bateram na porta.

- Quem é?

- Maria, dom Rafael. - Trouxe uma sopa para dona Sofia.

- Entra Maria. Vou deixar você cuidando de Sofia e ver como está Helena e Leon.

Maria colocou a bandeja no criado mudo e a ajudou a se levantar. Acompanhou Sofia que pretendia tomar um banho rápido, antes que o calmante fizesse efeito. Ainda receosa, pediu a Maria que olhasse tudo. Depois do banho voltou para a cama e tomou a sopa. Em tom baixo disse a serviçal.

- Estou desconfiada que essa cobra foi colocada no banheiro, Maria. Quando Camélia percebeu que a cobra não me picou percebi a cara de decepção que fez.

- Não acha melhor contar tudo a dom Rafael senhora?

- Eu sei que preciso, mas acha que ele acreditaria? Seria a palavra deles, contra a minha. De mais a mais, ainda não é chegada a hora.

Dom Rafael entrou acompanhado dos filhos que pularam na cama e abraçaram a mãe.

- Você esta bem mamãe? - Ficamos preocupados e viemos dar nosso beijinho de boa noite,

Sofia deu um sorriso franco e beijou cada um dos filhos.

- Que a Senhora Santa Virgem de Guadalupe proteja meus anjinhos... agora deixem a mamãe descansar. Vão dormir. As crianças beijaram a mãe e o pai e ambos, ao mesmo tempo, disseram “boa noite”. Maria acompanhou os dois até o quarto e pediu para eles escovarem os dentes. Após isso, colocou Leon na cama e o cobriu. Beijou sua testa, depois foi ao quarto de Helena e repetiu os carinhos. Saiu de mansinho, fechando a porta atrás de si.

Logo nos primeiros raios da manhã, Sofia despertou. Tentou se levantar mas algo a impedia. Percebeu que era o braço de dom Rafael em redor de seu corpo. Ficou observando o ressonar de seu marido. Tão lindo, dormindo. Parecia frágil. Ficou quieta deixando seu marido dormir. Sem se mexer, continuou deitada pensando o que fazer. Que atitude tomar. Decidiu que ligaria assim que pudesse para Carlos. Todavia, voltou a cair no sono de novo. Quando acordou, dom Rafael já havia se levantado. Pulou ligeira. Passou a mão em seu roupão e acorreu para o banheiro. Antes de entrar no box, deu uma vasculhada básica para ver se não havia outra armadilha a sua espera. Sabia que aquela cobra era trama de outra cobra chamada Camélia. Tomou o banho vestiu um conjunto leve. O dia prometia ser muito quente. Desceu para a cozinha. Tomou o café sozinha. Dom Rafael havia fazia tempo saíra para a sua ronda matinal na fazenda. Perguntou à Maria pelas crianças. Ainda dormiam.

Indagou pelos hóspedes.

- Saíram cedo, senhora. Acho que vão aprontar alguma. Senhora desculpe me meter em seus assuntos. Fale com dom Rafael antes que algo de pior aconteça...

- Falarei antes com Carlos, Maria. Depois quando chegar a hora, dom Rafael será colocado a par de tudo.

-isso senhora.

Sofia levantou do café, seguiu foi até o quarto, pegou o celular. Partiu para a sacada. Sentou em uma cadeira de vime e ficou apreciando a vista linda da fazenda. Discou o número que Carlos lhe dera no dia anterior.

- Alô! Carlos, sofia. Sim estou bem, apesar do susto que me deram ontem. Quase fui picada por uma cobra colocada no meu banheiro. Sim decidi que preciso falar com dom Rafael. Necessito que me ajude... sim estaremos ai, obrigado. Carlos leve todos os relatórios por favor.

Ficou um tempo pensativa, observando. Convidaria Maria e as crianças e chamaria dom Rafael. Deixaria as crianças na área de lazer que existia na pousada, aos cuidados dela, enquanto conversaria com Carlos.

De longe percebeu que seu marido se aproximava da casa grande com seu cavalo Lúcifer. Cavaleiro e cavalo se destacavam de longe. Resolveu ir ao encontro deles.

- Bom dia dom Rafael. Quero agradecer por toda paciência que demonstrou comigo ontem a noite.

- Faria por qualquer um naquela situação. Com licença. Preciso tomar um banho. Como pode ver, o sol está muito quente, e estou suando em bicas. Virou as costas e saiu.

- Espere dom Rafael. Preciso falar antes com você. Dom Rafael continuou caminhando.

- Por favor...

- O que você quer Sofia? Seja breve, por favor...

- Queria que levasse as crianças e eu para almoçar na cidade. Hoje é domingo. Bem, pensei que seria gratificante sairmos um pouco.

Dom Rafael encarou a sua esposa por alguns instantes. Sofia esperou pela recusa. Não dava para decifrar aquele olhar enigmático.

- Tudo bem. Não tenho nada importante pra fazer na fazenda, que não possa me ausentar. Iremos assim que tomar meu banho.

Sofia seguiu atrás do marido. Dentro de casa desviou o caminho indo em direção à cozinha. Precisava, sem mais delongas, comunicar a boa nova, à Maria.

- Maria arrume as crianças e se apronte. Vamos almoçar na cidade. Também irei ter com Carlos para que juntos possamos contar a dom Rafael sobre seus adoráveis parentes, disse com enorme sarcasmo.

-É melhor senhora. Vou avisar a Matilde que pode ir pra casa. No mesmo pé, arrumo as crianças.

Saiu apressada em direção a parte de cima da casa.

Sofia igualmente tomou o mesmo caminho. Colocou um vestido florido em tom azul turquesa, um luke que a deixava linda realçando a cor dos olhos. Amarrou o cabelo em um rabo de cavalo com uma fita do mesmo tom. Calçou sandálias rasteirinhas, passou um batom rosa clarinho nos lábios. Para finalizar jogou um perfume suave que bem sabia, dom Rafael apreciava.

Tomou um baita de um susto. Dom Rafael a observava, encostado na porta do banheiro. Usava apenas uma toalha ao redor da cintura fazendo com que todo seu corpo reagisse. Ele percebeu, mas se afastou. Partiu até o closet, e se trocou. Colocou uma bermuda cor cáqui e uma camisa polo quase da mesma cor, um tom um pouquinho mais escuro. Calçou alpargatas pretas, pegou o celular, colocou no bolso. E abotoou o relógio no pulso e acomodou a carteira com pertences pessoais num dos bolsos. Finalizou acrescentando seu perfume preferido.

- Está pronta, Sofia? Indagou com um gesto vago.

Sofia estava paralisada. Um turbilhão de emoções agitava seu coração em festa. Apenas o fato da presença do marido ali, diante dela, deixava a fora do chão. Os dois, juntos, causou um reboliço incomensurável.

As crianças já aguardavam ansiosas junto com Maria na biblioteca. Entraram no carro, colocaram os cintos de segurança. A viagem toda foi uma algazarra só. Os gêmeos demonstravam uma alegria sem fim por estarem com os pais. De uns tempos para cá, se tornara raro esses momentos. Esse deleite fez com que Sofia repensasse suas atitudes em relação ao marido e filhos. Permaneceu omissa, enleada a deveras, preocupada demais com os afazeres da casa. Carecia mudar algumas coisas que viesse a baila a conversa que teria com dom Rafael e Carlos.

Quando entraram nas cercanias da cidade passava um pouco do meio dia. Dom Rafael começou a dar voltas por ruas e becos a procura de um restaurante confortável e tranquilo. Em finais de semana raro vir a cidade a passeio. Sempre o trabalho em primeiro lugar.

Sofia sugeriu sem sugerir, claro, fossem a pousada Sol Nascente, onde havia almoçado no dia anterior. Dom Rafael concordou de imediato, percebendo a agitação das crianças. Finalmente, depois de algumas voltas, uma vaga apareceu próxima a pousada. Sofia seguiu com dom Rafael até a recepção enquanto as crianças e Maria se divertiam diante de um gigantesco aquário enorme com farta variedades de peixes.

O recepcionista, solícito como sempre, pediu que um funcionário os acompanhasse até uma das mesas do restaurante.

- Mamãe, podemos brincar um pouco na sala de jogos?

- Sim! Maria irá com vocês.

Chamou a serviçal num canto.

- Maria conversarei com dom Rafael e Carlos. Cuide das crianças, por favor. Quando terminar chamo. Se os meninos quiserem beber e comer alguma coisa, pode pedir ao garçom e você também. Não se acanhe. Faz um calor danado e hoje eles precisam tomar bastante líquido.

- Sim senhora – concordou Maria.

Em seguida, a empregada se afastou com os gêmeos.

O garçom se aproximou com o cardápio, e o entregou a dom Rafael.

- Nos traga suco de abacaxi com hortelã com bastante gelo. Faremos os pedidos daqui a pouco. Por favor, sirva os meus filhos e a senhora que os acompanha. Coloca tudo na minha conta.

- Sim senhor! Com licença.

E saiu.

Sofia pensava em como abordar o marido, sem melindrar a situação.

- Rafael, pedi para nos trazer aqui nesse lugar, porque precisamos conversar, e, acima de tudo, quero que conheça uma pessoa. Tem algumas coisas que precisa saber.

Dom Rafael se fechou cenho franzido.

- Que coisas, Sofia?

Foram interrompidos com chegada de Carlos.

-Rafael esse é o Carlos Soza Mendoza.

Fez as apresentações.

- Carlos, esse é meu marido, dom Rafael Andaluzia.

Dom Rafael olhava para Carlos e Sofia, enquanto uma curiosidade mórbida o invadia. Sem entender nada, se levantou de supetão quase derrubando a cadeira.

- O que significa tudo isso? - disse finalmente, com a voz cheia de ódio.

- Rogaria que se acalmasse. Precisamos conversar dom Rafael.

- Afinal, quem é o senhor?

- Se se sentar e deixar que eu explique, agradecerei. E no fim, me será grato por tudo o que pretendo deixar esclarecido.

De má vontade, dom Rafael voltou o ocupar o lugar de antes.

- Pois bem. Sou todo ouvidos. Que palhaçada é essa?

Continua no próximo capítulo.

Carlasonhadora
Enviado por Carlasonhadora em 02/07/2018
Reeditado em 15/05/2020
Código do texto: T6379578
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