Luzes Artificiais.

Sinto um pouco de frio em uma noite de inverno no centro da cidade, nunca me acostumara com o clima noturno das grandes cidades. Vivia no interior desde os 10 anos de idade até que a dificuldade me levou para a cidade grande. Lá consegui arranjar um emprego como faxineiro em um bom restaurante comida não me faltava assim como um horário de trabalho propício para a solidão noturna.

Em uma das minhas folgas decide sair para desbravar a cidade, já que não sairia a um ano desde que tinha chegado, não tinha responsabilidades com ninguém e nada. Minha família ficara para trás e mesmo que tentasse me lembrar deles apenas tinha uma vaga lembrança de sentimentos fúteis que nos cercavam desde que minha mãe morrera de doença e meu pai fugiu. De resto eram apenas tios vazios com primos piores.

Andando pela via principal da cidade percebi o quanto a noite na cidade gosta de luzes artificias como se aquelas luzes gritavam oque as pessoas sentiam sobre si mesmas.

Vi uma grande fila com pessoas bem arrumadas e perfumes doces na segunda esquina em que me virei. Decide quase que por instinto perguntar oque era a fila, um rapaz de uns 25 anos alto com cabelos preto e um tom simpático me respondeu que era uma boate, ele percebeu que meu sotaque não era dali e eu disse que ele acertara essa questão , disse que era a primeira vez que saia assim a noite sozinho e ele me apresentou o grupo dele e que queria que eu me juntasse. Nunca gostei de grupos de pessoas achava que na solidão as pessoas são melhores pois tem somente seus demônios para conversar ou brigar.

Entrei no local da festa e então percebi que toda o sentimento de repulsa que sentia pelo meus tios voltara como um relâmpago. Pessoas vazias, músicas sem sentimento e novamente luzes artificias, algo sem alma sem rosto se espalhava por eles. Nunca foi um julgador mas era uma massa sem rosto de pessoas que se entregaram a um narcisismo desesperado de atenção.

Detestava convívios e nunca me preocupei com redes sociais ou grupo de amigos, gostava de ficar com meu âmago e minha própria sombra a me acompanhar. Sai do local me despedi do rapaz e ganhei as ruas novamente, quase como um lampejo de sanidade me ocorreu a mente no momento em que sentia os faróis da cidade junto com suas malditas cores e luzes artificias de novo.

Como era de costume parei para beber um bar qualquer, um homem de uns 30 anos magro e com olhos estranhos parou perto de mim e pediu 3 doses de cachaça, para piorar a noite ele me olhava de forma fria e passava a mão na cintura, eu levantara e fora no banheiro o homem me seguiu.

Chegando naquele banheiro imundo o homem disse que tinha algo de diferente que só pessoas autenticas tinham e que por isso que ia mostrar como que se acaba com uma vida miserável de um ser original, quase que no instante seguinte o cabo da navalha se revelou o cabo era de madeira e parecia bem antigo. E no instante seguinte o homem antes vivo e um arauto de verdades invisíveis da maioria, cortou o próprio pescoço e caiu em uma poça de sangue escarlarte e pequenas bolhas. Sai do banheiro e passei por cima do corpo ainda tremendo avisei o barman e logo todos gritavam, ligavam para a policia. Aproveitei o grande tumulto que um suicida cria e roubei uma garrafa de bebida.

Chegando fora do bar e louco por terminar a noite tomei toda a garrafa, me via bêbado e lá novamente estavam elas as malditas luzes, os sons, os faróis e perfumes. E quase como uma simbologia indubitável deste dia ponho a mão no bolso esquerdo do casaco. Sinto um objeto metálico que não sabia oque era, quando percebo que seu cabo era de madeira e quando finalmente o puxo todas as luzes artficias reluziam em sua lâmina afiada sabia oque teria de fazer para finalmente fugir das malditas luzes.

Victor Neves
Enviado por Victor Neves em 13/07/2018
Reeditado em 16/07/2018
Código do texto: T6388955
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