UM RETRATO FIDEDIGNO DA VIDA DE INOCENTE JOÃO LOUREIRO

"Quem o vê, perde totalmente o rumo, e não sabe mais achar o caminho de volta."

Caapora - Dicionário Tupi-Guarani

- E como é aquele sonho recorrente que você tem?

- Sonhei com uma estrada, uma subida, ladeada por barrancos altos cobertos de pinheiros que se fecham no topo, deixando essa estrada sempre escura, como se fosse um túnel. Sonhei diretamente com ela ontem, pela primeira vez. No final, ela acaba em uma pista asfaltada, estreita, toda esburacada, por onde os carros passam em alta velocidade. Muito perigosa. Ultrapassei um caminhão na estrada escura, coberta de cascalho, e virei à direita na pista, cheguei em um trevo, muito perigoso, apesar de relativamente deserto. Ao lado, há um lugar, que também conheço. É um lugar baixo, como se fosse um buraco cavado no chão, uma pedreira abandonada. Uma estrada entre os pinheiros dá acesso, depois é sem saída. Na frente, uma parte de água, cavocaram até a água e deixaram assim. É raso, e as pessoas usam como se fosse uma praia. Uma sensação ruim de ver esse local, com o qual sonhei diretamente noite passada, pela primeira vez. Esse lugar não existe, mas é como se existisse, como se eu soubesse onde fica, mas não sei, porque não existe.

- Como assim?

- Anos atrás, sonhei com uma estrada parecida, de terra, toda esburacada, eu estava com meu pai em uma caminhonete, e ele me levava por essa estrada. Dizia que conhecia cada buraco, cada desvio, e me mostrava como eu devia fazer para passar pelos trechos mais acidentados. Acordei, poucos dias depois meu pai foi diagnosticado com um tumor maligno no cérebro, incurável. Conforme o tumor avançava, ele ao perdendo lentamente a consciência, até ficar como uma criança. Uma das habilidades que ele manteve por mais tempo foi sua capacidade de dirigir. Ele perdia a memória, ficava sem palavras, mas continuava dirigindo muito bem. Um dia ele estava muito afoito, queria me dizer alguma coisa, mas não conseguia, tinha ficado sem palavras, algumas palavras soltas escapavam aleatoriamente, sem sentido, era impossível entender o que ele queria dizer. Ainda estava bem de saúde, fisicamente, e conseguia dirigir perfeitamente. Pediu que eu entrasse no carro, e foi dirigindo até um local distante, no meio do sertão. A estrada ia ficando cada vez pior, e ele tentando explicar não sei o que. Chegamos numa descida, muito ruim, toda esburacada, e muito longa. Não tinha nada no lugar, mato pra todo lado. Lá embaixo, havia um barracão de madeira, um sítio no meio da mata, no fim da descida, esse barracão em ruínas. Uma sensação de abandono, de algo perdido no tempo, e ele tentando explicar alguma coisa, mas as palavras não vinham por causa do tumor. Percebi que o tempo foi fechando, fiquei com medo de chover e a gente não conseguir mais sair dali. Ele estava muito agitado, tentando me explicar algo, mas nunca consegui compreender. Meu pai morreu e até hoje não sei o que ele queria com aquele lugar, nem sei como chegar lá, se quisesse voltar. Não é o mesmo lugar, mas era como se fosse.

- Você não teve um outro sonho com estradas e seu pai?

- Sim, um sonho, mas esse de antes não foi sonho, mas como se fosse. No sonho, ia com meu pai por uma estrada de terra, esburacada, na escuridão, até chegarmos em um clube com saunas. Perdi meu pai e comecei a procurá-lo nesse labirinto de saunas, os corredores eram escuros, com as paredes úmidas e frias, as salas de sauna com janelinhas redondas e pequenas nas portas de ferro, cobertas de vapor. Não encontrei meu pai, mas dei de encontro com uma mulher, que saiu de um dos cantos do labirinto. Ficamos conversando, ela falava espanhol, o rosto bem próximo, uma tensão no ar. Ela perguntava sobre um lugar, respondi que não sabia onde era, mas a ajudaria achar, combinamos de nos encontrar do lado de fora, fui num bar do clube onde pessoas bebiam, perguntei se alguém sabia onde ficava esse lugar, um sujeito disse que sabia, mas não sabia explicar, disse que poderia me levar até lá. Perguntou por que eu queria ir lá, e respondi que era por causa de uma mulher, e mostrei ela esperando do lado de fora. O sujeito se apavorou, movimentava suas mãos, assustado, me chamava com gestos, entramos em uma sala, ele fechou a porta, espiava assustado por uma fresta da janela, “cara, o que você tá fazendo?Cuidado, essa mulher é muito perigosa”. Acordei.

- E você sempre teve esses sonhos?

- Desde criança. Uma vez tive esse sonho, não era bem um sonho, eu corria com uma moto por uma estrada de terra, um dia lindo de sol, uma garota na minha garupa, se agarrava ao meu corpo, “a gente conseguiu escapar da chuva”, ela disse, olhei pra trás, uma nuvem negra com relâmpagos ia se fechando sobre a estrada, e eu fugindo com a moto, o cabelo comprido, o sol batendo no meu rosto, “vou continuar seguindo o Sol”, eu disse. Acordei na caçamba de uma caminhonete que ia correndo, uma estrada de serra, cheia de curvas, um cara do meu lado, “o que aconteceu?”, perguntei, “você entrou com a moto embaixo do caminhão”, “eu não lembro de nada”, “já vai lembrar, já vai lembrar”. O acidente não foi sonho, “não sei como você não morreu”, disse o médico, “bateu a cabeça no caminhão e depois no asfalto, sem capacete”.

- Você não teve um outro sonho, alguém que encontra um homem parado na estrada?

- Sim, é a mesma estrada, é sempre a mesma estrada, tem uns dois lugares reais que imagino serem representações dessa estrada, mas não a própria estrada, que levam a lugares diferentes, mas que devem ser o mesmo lugar.

UM RETRATO FIDEDIGNO DA VIDA DE INOCENTE JOÃO LOUREIRO

- Pega a caneta logo e começa a escrever, vou falar o que é pra você fazer - disse ele, impaciente.

- Peraí, to pegando, o senhor tem que ver, essa situação não é normal - disse eu, tentando me justificar.

- Se eu tivesse mão, se eu tivesse dedo, eu mesmo escrevia, porque caneta é fácil de arranjar, mas nessa situação, por isso mandei chamar você.

- Eu sei, eu sei, mas é isso mesmo que eu tô falando, uma situação dessas, não é normal.

- Escreve aí o que eu vou falar, pra você não esquecer. Vosso pai já deve ter falado pra você daquele barracão, lá nos fins do Amola Faca?

- Já, ele me levou lá também.

- Ele levou você lá?Bom, o que ele não contou pra você é que naquele dia, que o João pediu pra ele trazer uma peça pro trator que tava quebrado, eu tinha passado lá antes dele. Ninguém sabe disso, porque essa é uma história que eu prometi levar comigo pro túmulo, e eu sou um homem de palavra, tanto que só tô contando isso pra você agora.

- Mas o que o senhor foi fazer lá?

- No dia, eu tava com um cliente, cliente bom, que precisava de 30 mil quilos de cebola pro dia seguinte, logo de manhãzinha, e tava desesperado atrás. Ele precisava pra repassar no varejo, tinha uma clientela forte em restaurante de São Paulo, e ninguém almoça sem cebola, e eu sabia que o seu João Loureiro tinha um pedaço lá plantado que tava no ponto, e dava mais ou menos isso, então fui lá falar com ele.

- E como ele tava?Porque mais tarde ele se matou, né?

- Continue escrevendo e não interrompe, fio. Então, cheguei lá e comecei a falar do negócio com ele. O João era bom de conversa, bom de negócio, mas naquele dia ele tava muito quieto, muito estranho, e nem se interessou pelo negócio que fui falar com ele, e olha que era negócio bom, comerciante experiente que nem o João sabia que era negócio bom. Mas ele não se interessou, nem conversou muito comigo, vi logo que ele não queria conversa, nem negócio. Conhecia o João desde as calças curtas, e nunca tinha visto ele daquele jeito. Bom, negocião daquele, eu conseguia a cebola de outro, então fui embora, ainda tinha que arrancar, maquinar, carregar pro caminhão sair de madrugada pra São Paulo. Agradeci o João, me despedi e quando ia saindo ele falou “Olha, sabe de uma coisa?Eu já tô cansado com esse negócio de fazer e desfazer negócio, isso não acaba nunca”, e deu um suspiro. Nunca tinha visto o João desanimado daquele jeito. Bom, entrei no carro e fui embora.

- Será que foi por isso que ele se matou?Por que tava cansado?

- Continua escrevendo, você faz pergunta demais. Eu não sei se foi por isso, falar a verdade, nem sei se ele se matou mesmo.

- O senhor acha que mataram ele?

- Não sei, foi tudo muito estranho, o velório foi com caixão fechado, não tinha motivo. Eu não vi o João morto, por isso não posso dizer.

- Mas o senhor não viu ele enforcado?

- Vi um corpo pendurado na viga, o pé balançando, mas tava muito escuro, não dava pra saber, podia ser qualquer um.

- Quem por exemplo?

- Não sei, qualquer um. Morre gente toda hora nesse mundo, morte morrida, morte matada, morte de suicídio, o que não falta é motivo pra querer morrer, muita gente pensa desse jeito. E a polícia depois disse que o João tinha morrido pelas 2 da tarde, bem antes de eu passar por lá, já de noitinha. Então, acho que nunca vamos saber. Mesmo assim, você faz pergunta demais, continua escrevendo pra não perder o fio da meada. Voltando ao assunto, sai de lá com pressa, ainda tinha que achar outro vendedor, colher, cortar, maquinar, carregar o caminhão, ia ficar a noite inteira trabalhando, mas valia a pena, o dinheiro era bom.

- Certo.

- Então, você disse que já foi lá, com o vosso pai, sabe um pedaço de mata fechada, bem estreito e escuro?

- Sei, um matão, bem alto.

- Então, naquela época aquilo dali era uma floresta, bem fechada, um lugar escuro em qualquer hora do dia, de tão fechado. Uma floresta bonita, o João nunca deixou cortarem, foi só depois que aquela terra passou pra aqueles irmãos Matias, uns vagabundo que não sabe trabalhar, que eles cortaram tudo e plantaram cenoura no lugar. Deu uma praga, perderam tudo, quebraram pouco depois, viraram beber, hoje vivem de bar em bar, a família inteira de bêbados, o mais velho tá nas últimas, com o fígado podre. O mais novo, semana passada mesmo, um deles morreu, tava dormindo bêbado debaixo de um ônibus, o pneu passou por cima da cabeça. O do meio já tinha morrido de cirrose, acharam ele estribuchando no próprio vômito. Uma judiação, e fica a mãe pra enterrar essa desgraceira.

- Tá, mas o que tem essa floresta?

- Você tá com pressa?Porque daqui onde eu tô agora, o tempo não me preocupa mais, não tenho mais essa agonia. Continue escrevendo o que eu tô falando e não atrapalhe. Então, como eu tava falando, tava passando naquele pedaço do matão fechado, bem devagar, a estrada é muito ruim ali, estreita, cheia de pedra e buraco, já era de noite, eu tava com o farol aceso, mas ali, naquele lugar, até de dia tinha que acender o farol. É sempre escuro. Bom, quando eu tava bem na metade da floresta, parece que vi alguma coisa se mexendo no mato, na beira da estrada, coloquei no farol alto e fui olhando, tinha um negócio se mexendo mesmo, mas o mato tava na frente, então não dava pra ver direito. Daí, não é que, quando cheguei mais perto, vi que tinha um homem sentado ali, na beira da estrada, bem tranquilo?Levei um susto com aquilo, no meio daquele mato, deserto, naquela hora da noite, só podia ser tocaia, mas o cara continuou sentado, tranquilo, nem virou pra olhar quando o farol pegou no rosto dele. Eu tava com pressa, porque ainda tinha que arranjar a cebola pro cliente, mas, como dizem que a curiosidade matou o gato, parei o carro mesmo assim, e fui ter com o sujeito. Peguei o revólver debaixo do banco e coloquei na cintura, apaguei o farol e desliguei o carro. “Boa noite, o senhor anda perdido por essas bandas?” disse eu, descontraído, tentando puxar conversa “Perdição?Perdição não é comigo”, respondeu o sujeito, meio irônico. Vi que ele tava calmamente enrolando fumo na palha de milho, continuei parado, sem saber o que dizer, situação esquisita aquela, o sujeito começou a falar “na verdade eu tava aqui esperando o senhor. Preciso falar com o senhor”. Fiquei encafufado, aquilo não fazia sentido nenhum, nunca tinha visto aquele sujeito na minha vida, como ele ia saber que eu ia passar por ali, naquele lugar deserto, naquela hora?Aliás, o que ele tava fazendo ali?Por todas aquelas bandas, era só plantação do João, tudo propriedade particular, e naquele dia nem teve serviço, o trator tava quebrado. A única construção naquela área toda era o barracão do João, e ninguém morava lá. Já fiquei preparado pra, qualquer coisa, puxar o revólver, ele continuou “O senhor é o fulano de tal”, ele disse o meu nome completo, “o senhor nasceu numa noite fria, muito fria. A noite mais fria do ano. Do lado de fora, seus parentes se aqueciam numa fogueira com o que sobrou da fogueira de São João, enquanto o senhor nascia. Era lua cheia. O senhor nasceu em cima de uma mesa de madeira, que tinha um corte do lado, um corte de facão, coisa de uma briga do seu avô, briga que teve sangue, muito sangue, manchou toda a mesa. O senhor nasceu ali, bem na mancha de sangue”. Ali eu tremi, como ele sabia de tudo essas coisas?Ele aparentava ser bem mais moço do que eu. Até pensei em puxar o revólver e dar um tiro nesse coisa ruim, mas ele olhou pra mim, um olhar penetrante, e eu não conseguia me mexer, tinha que ouvir tudo que ele tinha que falar. “O senhor cresceu”, disse ele, pitando na palha de milho, “Fiquei sabendo que o senhor é bom de negócio, por isso tô aqui. Vim aqui porque tenho um negócio pra oferecer pro senhor, um negócio muito bom”. A conversa tava mudando de rumo, agora ele falava de negócio, e negócio bom!Justo agora, que eu tinha acabado de perder um negócio com o João. Como dizem, quando uma porta fecha, outra abre. Fiquei mais tranquilo, tirei a mão do revólver, arregacei a manga da camisa, cruzei os braços “Se eu sou bom de negócio?Bom, isso depende do negócio, se for negócio bom, todo mundo é bom de negócio. Que negócio é esse que o senhor tem pra oferecer?”, disse eu, entrando no jogo dele. “Percebo que o senhor é mesmo bom de negócio, não perdi meu tempo. Tanta gente ruim de negócio esses dias, o senhor mesmo, não acabou de perder um negocião com o João Loureiro?”. Fiquei intrigado como aquele sujeito sabia tanta coisa, mas percebi que a gente pensava igual, muita gente ruim de negócio mesmo, e isso era bom sinal, quando os negociante se entende, é sinal de negócio bom. Comecei a ficar animado, mas não podia mostrar isso pra ele, será que ele tinha uma cebola boa, em conta, pra me vender?“Eu tô com um pouco de pressa, esse negócio que o senhor fala, do que se trata?”. Ele continuava pitando calmamente na palha de milho, explorando minha curiosidade, dava pra ver que era comerciante experiente, e eu ansioso, mas não podia vacilar, podia por tudo a perder, “esse negócio que o senhor tem pra me oferecer, o que é?”, insisti, cada vez mais impaciente. “Tudo”, ele respondeu, “como assim tudo?” questionei, intrigado, “é isso que eu tenho pra oferecer pro senhor: tudo”. Eu tava cada vez mais perplexo, porque tudo parece ser coisa demais, difícil de definir, e eu precisava saber o que exatamente ele tava vendendo, pra não comprar gato por lebre, pedi que ele especificasse melhor o que tava oferecendo “o senhor podia definir melhor o que o senhor entende por tudo?”, indaguei, “não, eu deixo isso a cargo do senhor, o senhor pode interpretar tudo como bem entender, e o que o senhor decidir, eu estou de acordo”. Agora o negócio tava ficando interessante, afinal de contas, que homem não quer ter tudo na vida?Mas quando o negócio é bom demais, o santo desconfia, e comecei a imaginar o custo, sim, porque tudo deve ser caro, eu tinha que saber o preço “e quanto o senhor tá cobrando por tudo?”, ele deu mais umas pitadas na palha de milho, e respondeu tranquilamente “Nada”. De novo, a coisa carecia de precisão. Se tudo é coisa demais, nada é coisa de menos, eu precisava saber do que se tratava, “Nada?Nada mesmo?E esse nada, sou eu quem decide o que é também?Igual o tudo?”, “exatamente”, respondeu ele, impassível. Agora a coisa tava boa mesmo, tudo a troco de nada?Nem na China eu achava um negocião desses. Mas como eu já tava embalado, resolvi forçar mais um pouco, arregacei de novo a manga da camisa, cruzei os braços e continuei “É, parece ser um negócio interessante mesmo, e, por nossa conversa, dá pra perceber que o senhor é um sujeito firme no negócio, de palavra. Mas o senhor sabe, às vezes a gente faz um negócio, pensado que é uma coisa, e depois é outra, imagina que a coisa é boa, e no final se arrepende, não dá pra saber, nem tudo que reluz é ouro”, disse eu, forçando a barra. Ele deu um risinho baixo, nem precisou pensar pra responder, "O senhor é duro na negociação, sua fama é merecida. Bom, nesse caso, faz uma experiência, o senhor pega o tudo e me deixa com o nada. Se no final, o senhor achar que o saldo foi negativo, o senhor me procura que a gente acerta a diferença”. Agora o negócio tinha ficado perfeito, tudo a troco de nada, com satisfação garantida ou eu podia pegar o nada de volta. Descruzei os braços e lhe estendi minha mão aberta “negócio fechado”, ele apertou minha mão por um longo tempo, e ali, no meio daquele fim de mundo, vi a dentição brilhando na escuridão, uns caninos grandes, afiados, parecia um lobo, um sorriso malicioso, não era só a cara de quem tinha acabado de passar a perna em alguém num negócio, tinha mais, tinha uma feição de loucura naquele sorriso arreganhado, parecia que ele ia tirar uma faca e me matar ali mesmo, rindo feito louco.

- O senhor morreu na cama, com idade avançada, tinha quase 90 anos.

- É, ele mata devagar, bem devagar...Bom, a história é essa, já sabe o que você tem que fazer?Eu quero que você pegue essa promissória, ache esse filho duma puta e cobre o que ele me deve”

Antonio Netto Jr
Enviado por Antonio Netto Jr em 13/07/2018
Reeditado em 20/07/2018
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