3ª Zona Morta - São Paulo - Zona Leste - O Primeiro Resgate

TERCEIRO CAPÍTULO

Pensamentos

{Quando eu era pequeno, lembro-me de meu pai construindo uma casa grande. Meu pai, um homem forte, pernambucano imigrante que suava e comemorava a cada conquista. Construiu sua grande casa, os amigos diziam "Para que isso? está se preparando para a guerra?" mas meu velho apenas ria e nada respondia, construiu uma fortaleza com 12 cômodos em um terreno de 10x30 e 3 andares. Na frente da casa, dois portões de aço iam de baixo em cima e nem gatos passavam entre os vãos, após esse portão uma poderosa porta na sala, sem maçaneta e que apenas podia ser aberta com uma chave de quatro voltas, ao lado dessa porta, um portão que era guardado até pouco tempo atrás por um pastor alemão com transtorno metal, um animal muito feroz e totalmente irracional, ao contrario dos meus cães.}

Sentamos e traçamos o plano. Iríamos pegar a Zafira que estava em frente a casa e iríamos buscar o resto da família. Aparentemente o carro estava sem dono e abandonado (vai ver o dono era um daqueles que entraram no meu quintal). Nos lembramos da mãe da minha esposa que não sabíamos se estava trabalhando ou não. Ligamos para a sua casa e em apenas um toque ela atendeu.

Mãe - Alo!

Raara - Alô mãe! Tudo bem com a senhora?

Mãe - Quem é?

Raara - Sou eu, a Raara, ta tudo bem por aí?

Mãe - ... - Um silêncio

Raara - MÃE!!! - Gritando

Mãe - Não sei o que está acontecendo, o Vavá saiu para ver o que era o barulho e não voltou, estamos só eu e o Mathias aqui e ele não quer deixar eu sair para ver o pai dele, chamo, chamo e ele não me responde. Olhei daqui de cima e vi pessoas andando devagar e perdidas, gritei para ver se alguém me ouvia e eles olharam e começaram a se aglomerar em frente a casa. O que está acontecendo filha?

Raara - Mãe, calma. Fecha tudo que eu e o Nafson estamos indo aí para pegar vocês, não tenha contato com ninguém, esse pessoal que ta ai esta doente, contaminados por uma doença que se passa pelo contato direto.

Mãe - Vem logo, por favor!

E desligou o telefone.

Minha esposa me deu o telefone e disse que ia pegar uma coisa e ja voltava, enquanto isso liguei para a casa dos meus pais.

O telefone tocou até cair, tentei novamente e fui atendido.

Nafson - Alô?

Rafael - Alô, quem é? Filho?

Nafson - Pai! Ta tudo bem por ai?

Rafael - Não sei ao certo, esta tudo meio esquisito você sabe o que esta acontecendo?

Nafson - Acabei de acordar, ainda to meio atordoando e tentando entender.

Rafael - Parece que foi aquela explosão em Angra, um vírus se espalhou e fez uns... uns... - Ele exitou um pouco - Zumbis, as pessoas viraram Zumbis.

Nafson - Mas ta tudo bem com vocês aí? e a mãe?

Rafael - Está sim, estamos dentro de casa, sua mãe ta lá na cozinha, um rapaz pediu ajuda e ela abriu a porta quando ele entrou teve um piripaque e depois na garagem levantou e veio para cima dela, foi no momento que eu cheguei do trabalho e atropelei o cara dentro da garagem. Ela está lá se recuperando do susto.

Nafson - Ele encostou nela?

Rafael - Não, Não encostou.

Nafson - E o Rob? Ele está aí ou em Caçapava

Rafael - Ele estava aqui conosco, mas quando vimos o que estava acontecendo ele pegou a moto do seu primo e foi buscar a July.

Nafson - ELE FOI SOZINHO?

Rafael - Não consegui para-lo, é a esposa dele né!

Nafson - Ta certo, mas ele ligou pra lá antes?

Rafael - Sim, ela disse que tava tudo bem e que ia tomar cuidado e esperar ele. Acho melhor você vir com a Raara pra cá, aqui é mais seguro.

Nafson - Pai tem gente da família dela aqui, tenho que ajuda-los.

Rafael - Então vá buscá-los e traga todos pra cá.

Nafson - Sim, estou resolvendo isso agora.

Rafael - Qualquer coisa me ligue que daremos um jeito, estou ouvindo o radio da central de Taxi, se não conseguir falar comigo procure um táxi da minha cooperativa ou ligue para a central, não será difícil.

Nafson - OK

Assim que desliguei, reparei que a Raara estava carregando a pequena arma novamente e me mostrou uma caixa aonde tinha umas 100 balas. Eu perguntei o que éra aquilo e ela me respondeu dizendo que era "lembrança de papai"

Decidimos ir então, deixaríamos os cães para tomar conta da propriedade. Peguei nosso carro e encostei no portão pelo lado de dentro para trava-lo, peguei uma fita adesiva preta, daquela usadas para vedar fios e passei em todo o cano da antena, achei que iria precisar.

Pegamos a escada e Raara Subiu no muro e verificou apontando a arma para todos os lados se havia alguém, e me disse que estava limpo e pulou para a rua, com dificuldade pulei atrás. Fomos silenciosamente até o carro que estava na frente de casa encostado no portão, entrei nele e vi a chave no chão do carona, provavelmente a pessoa tentou correr e na correria tentou tirar a chave e a mesma escapou, porém não voltou para constatar, as portas estavam travadas mas a porta do motorista não estava encostada, essa foi nossa sorte.

Entrei e liguei o carro, olhei no painel e vimos "meio tanque". "Ótimo" pensei e tocamos para a casa da minha sogra a poucos quarteirões dali. Quando chegamos em frente a casa dela, havia mais ou menos 10 pessoas em frente, todas com a aparência de Zumbi cheguei devagarzinho e todas se voltaram para mim e vieram e minha direção. Parei o carro e fiquei com o motor ligado iluminando-os pela luz dos faróis perante a névoa rala da madrugada

Raara - Atropela eles!

Nafson - Não, a gente não sabe se eles estão vivos ou mortos.

Raara - Eles que se fodam, passa por cima!

Nafson - Espera, eles estão vindo pra cá.

Dei uma buzinada e consegui atrais mais a atenção deles que vinha em cima de mim. Então fui dando ré até eles estarem a uma distância segura da casa, para dar tempo de entrar-mos e pegarmos minha sogra. Mas quando eu continuava a dar ré, percebi uma batida atrás do carro. Eram mais 3 pessoas e uma delas bateu muito forte no vidro, porém não quebrou, por instinto dei uma ré violenta e atropelei os tres, olhei pelo retrovisor e mais atrás vinha uma multidão. Olhei pra frente e não tive duvida, passei por cima da galera, parei o carro em frente a casa da minha sogra e minha mulher subiu no teto e gritou

Raara - Mãe! Aqui! Vem!

A varanda da casa da minha sogra não era nada baixa, porém descendo para a laje do vizinho era possível pular no teto do carro. Ela jogou um saco, e em seguia veio o menino, rastejando pelo canto da parede e sentou na varanda, eu fui com o carro até ele e ele conseguiu se apoiar no teto e com ajuda da minha esposa descer. Logo minha sogra veio atrás, porém ela não é tão jovem quanto o filho, já tem 60 anos e não é mais um exemplo de força e coordenação, já esta um pouco acima do peso e tem seus problemas de saúde. Ela passou pela varandinha e chegou ao vizinho sem problemas, mas na hora de descer, sentou e tentou alcançar o carro, sem sucesso, seu desespero fez com que ela escorregasse e caísse de cara no teto do carro, causando um tremendo amassado no carro, sai rapidamente e ajudei-a a descer do teto, antes que os zumbis chegassem mais perto. Eles entraram no carro e saímos em retirada.

Dei a volta pela rua de trás, pois minha casa ficava no final de uma ladeira, subi a rama e deixei o carro descer com o motor desligado. Um travamento no volante me levou ao desespero e fiz o carro pegar no tranco, causando o que eu não queria: Um barulhão. Consegui acertar o volante e desci com o carro em ponto morto, assim seria menos perigoso. Antes de chegar em frente a casa desliguei o motor e parei na casa ao lado. Saímos, eu levantei minha esposa até o muro para que ela pegasse a escada, minha sogra e seu filho subiram e ficaram do outro lado enquanto iríamos buscar sua outra filha e a família dela.

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