O LABIRINTO

Era uma manhã primaveril, o sol havia resplandecido no horizonte e as flores já tinham desabrochados no jardim, que ficava ao lado do quarto da jovem sonhadora Isabella Diniz, a encantadora Bella, como era conhecida pelos amigos do seu bairro. A jovem vivia sonhando em conseguir um casamento próspero, que ajudasse a melhorar sua situação de vida e, exatamente naquele dia Bella teria um encontro com o misterioso Alfredo, que por sinal, a garota já estava bastante atrasada.

Isabella, morava com seus pais no subúrbio, em uma pequena casa alugada. Ela era uma jovem muito bonita, de cabelos longos e negros e de olhos castanhos, mas com um brilho que fascinava qualquer um. A garota amava ficar batendo papo pelas redes sociais virtuais de comunicação, costumava dormir muito tarde, pois vivia online no Facebook à procura de um pretendente ou utilizando o Snapchat, Twitter e Instagram para mandar mensagens rápidas e imagens, ela também tinha vários grupos no WhatsApp para diferentes fins. Sua mãe acreditava que o espaço virtual das redes sociais havia possibilitado mudança de comportamento em sua filha, pois a mesma tinha pouco interesse pelos estudos e não se apresentava amistosa, tratava a todos com indiferença, sendo o principal conflito entre elas.

Bella, havia conhecido virtualmente o Alfredo pelo Facebook, pois o mesmo tinha um perfil interessante (Tenente da Aeronáutica, com Graduação em Tecnologia da Informação), perfil que despertou o interesse da jovem. Há bastante tempo eles se comunicavam através de chat de mensagens, porém nunca tinham se relacionado pessoalmente, pois hoje seria o dia do primeiro encontro... Isabella comeu rápido seu desjejum matinal, vestiu um vestido leve de cores suaves, bem apropriado para o grande encontro. Sua mãe entrou no quarto e disse-lhe:

- Bom dia, Isabella! Eu preciso da sua ajuda, pois vamos fazer compras no supermercado.

- Não posso, mamãe! Eu tenho um grande encontro e já estou atrasada. Respondeu-lhe e saiu correndo.

Sua mãe ficou muito triste, pois ela sabe que a atitude da filha não é a mais correta...

A deslumbrante Bella chegou muito atrasada ao local do encontro, ela se sentou no banco da praça e ficou esperando por Alfredo e, mostrava-se bastante ansiosa. O dia estava quente, porém com ventos amenos e a brisa insistia em beijar-lhe o rosto, a face rosada da linda jovem. Logo, o silêncio foi quebrado pelo vozeirão de um desconhecido:

- Olá querida, você é Isabella Dinis?! Como você é encantadora e muito bonita, ajoelho-me aos seus pés.

- Olá, você é Alfredo? Sim, eu sou Isabella! Respondeu-lhe e se afastou um pouco, dando espaço para o homem se sentar.

- Sim, minha princesa! Sou Alfredo, o seu cortejador, admirador e namorado, antes virtual, mas agora presencial. Ele respondeu-lhe e se sentou ao lado dela.

Isabella olhou fixamente para aquele homem bem vestido, de cabelo bem penteado e sorriso maroto. Ele continuou conversando tranquilamente com ela:

- Minha linda rainha, vamos para um lugar mais reservado? Lá a gente pode ficar mais à vontade conversando sem sermos interrompidos.

Bella olhou serenamente para Alfredo, o achou bastante confiável, ficou bem envolvida pelo papo carinhoso do rapaz e resolveu aceitar seu convite. Os dois saíram de mãos dadas em direção ao carro dele, um Audi A3 Sedan, que deixou a garota mais impressionada ainda, ficando à mercê daquele desconhecido.

Isabella e Alfredo entraram no apartamento, o coração da jovem ficou bastante acelerado, pois dúvidas viajavam pela sua mente. Alfredo pediu para ela relaxar e ficar à vontade, enquanto ele iria colocar uma roupa mais confortável e desapareceu. Ela aproveitou para analisar os detalhes... O apartamento era enorme, com várias portas fechadas que deixavam o cenário misterioso e muito assustador. O medo dominou os seus sentidos e um frêmito, congelante, percorreu todo o seu corpo, ela teve vontade de sair correndo, segurou com as duas mãos a maçaneta da porta de entrada e saída, mas estava trancada e ficou pensativa: “Aquele apartamento parecia com o labirinto dos jogos virtuais, que ela costumava jogar, diferentes portas que precisavam ser abertas e fechadas”. A garota observou que as vidraças das janelas eram pintadas de preto, ela tentou abrir a primeira porta à frente, foi quando ela sentiu alguém se aproximando dela, uma mão pesada colocou algo para ela cheirar e a garota desmaiou... Depois de muitas horas Isabella despertou, ainda atordoada pelo ocorrido, seus olhos estavam vendados, ela sentia dores fortes pelo corpo, principalmente na região de baixo ventre e percebeu que havia sido estuprada. Ela se sentia um lixo humano, fora abusada, violentada, machucada e ferida de corpo e alma, estava se culpando, pois confiou em quem não devia. Agora, ela precisava saber onde estava e o que na verdade havia acontecido com ela; procurou se levantar, mas não conseguiu, pois suas mãos e pés estavam amarrados. De repente, ela começou ouvir gritos, muitos tiros, móveis sendo quebrados, um abrir e fechar de portas, novos tiros e logo, silêncio total e ela desmaiou novamente. Ela escutou alguém falando com ela, uma pessoa tentando acordá-la:

- Jovem, você está bem? Estou aqui para ajudar vocês, sou um policial e vou levá-la para um hospital, pois você está bastante machucada.

- Não sei se estou bem! Muito obrigada, seu moço! Bella respondeu-lhe e desmaiou mais uma vez.

Muitos dias se passaram, depois de recuperada fisicamente Isabella deixou o hospital, porém sofrida, marcada pelo resto da vida, mas agradecida pela sorte de continuar viva. Sua mãe explicou que ela tinha sido vítima de uma rede internacional de tráfico de seres humano (de mulheres), porém a polícia conseguiu desmanchar a quadrilha, foi descoberto o local, onde ela e outras garotas estavam e todas foram salvas. Lá, vários bandidos foram mortos, inclusive o chefe da quadrilha, que atuava naquela cidade, conhecido na Internet pelo nome de Alfredo, o Ilusionista... Bella segurou bem forte a mão da sua mãe, para se sentir bem protegida e as duas foram para casa.

Assim, são os labirintos da vida, com múltiplas entradas e saídas.

Elisabete Leite – 25/09/2018

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 26/09/2018
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