Nunca estou totalmente só

Cheguei em casa depois de um longo e cansativo dia de trabalho, para minha sorte era sexta-feira, entrei em casa e tomei um longo banho quente.

Chovia muito fora das janelas e cada trovão era um grito no silêncio ensurdecedor do banheiro, me olhava no espelho e não via meu reflexo pois a neblina era densa.

Fui ao meu quarto, coloquei meu pijama de flanela, uma pantufa surrada preta, escovei meus dentes agora vendo meu reflexo abatido em minha frente.

Abri meus lençóis e me envolvi no edredom, encaixando-me no travesseiro... Quando, sem motivo ou explicação aparente, uma mulher, que não pude ver o rosto, com cabelos negros na altura da cintura e que vestia um vestido longo preto, da mesma cor que minhas paredes, se deitou ao meu lado, também envolvida no emaranhado de tecidos. A moça me parecia familiar mesmo sem face, sua presença me deixava em paz.

Eu surpreendentemente não me assustei, apenas deixei que me tocasse, me apoiou em seus braços e me fez um cafuné... mesmo parecendo loucura, adormeci.

Acordei em um susto já era tarde da noite, com grito mais forte que ouvi na vida causado pela tempestade furiosa, me parecia mais um grito de angústia que um trovão, instantaneamente busquei segurança na mulher de preto mas quando olhei para o lado, não a vi, senti-me sozinho, assustado, com medo e uma imensa angústia no peito, parecia que uma parte de mim havia sido roubada, estava me sentindo exatamente como quando cheguei em casa.

Os dias seguintes foram difíceis, a solidão sempre me acompanhava a onde quer q eu vá ela ia atrás e toda vez que olhava no espelho com neblina ao invés de não ver nada eu a via. Uma imagem preta e confortável, a mulher que dormia comigo.

Mafê Binns
Enviado por Mafê Binns em 03/12/2018
Reeditado em 01/01/2019
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