MINI-CONTO INACABADO

A poesia chegou sem avisar e foi logo entrando.

Eu fiquei meio surpreso com a hora da visita, pois não estava devidamente preparado para uma coisa daquelas.

Minha casa estava entulhada de papéis velhos, documentos burocráticos, antigos projetos engavetados em velhas gavetas emboloradas pelo tempo. Idéias velhas, já quase caducas estavam sentadas na poltrona da sala.

A poesia olhou para mim com seus olhos transparentes e me perguntou se poderia se sentar ao meu lado.

Eu fiz um esforço, empurrei algumas pastas carcomidas de cupim e abri um pequeno espaço entre duas molas que já ameaçavam furar o assento.

A poesia instalou-se sem maiores comentários e eu achei tudo muito estranho.

Como pode? Essa confusão toda e ela assim tão tranqüila?

A poesia, na minha cabeça, merecia um espaço melhor, mais bem cuidado... Ela precisava ser tratada à altura. E por que, entre tantas pessoas, ela escolhera exatamente a mim, um ilustre desconhecido? O que ela tinha visto de especial em mim?

Pensei em lhe oferecer um cafezinho, quem sabe um chá... Mas, nada disso eu tinha...

E a poesia continuava ao meu lado sem se importar com aquela confusão toda.

Súbito, um rato passou correndo pelo ambiente e eu, mais que depressa saí correndo atrás dele, tentando acertá-lo com o meu chinelo. Parei subitamente quando ouvi uma sonora gargalhada...

Pensei que era a poesia rindo de mim. Mas não... Ela continuava tranqüila e brincava com as molas da poltrona. Só aí notei que havia um outro personagem naquele recinto. Vocês sabem quem era esse personagem? Tentem adivinhar... Senão a história vai travar...

José de Castro
Enviado por José de Castro em 17/09/2007
Código do texto: T655598
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