JUNTOS

Ninguém sabe nem entende porque o homem cobre sua casa com tamanha quantidade de porcarias. Seria louco ou apenas mais um caso de muito mau gosto? Homem com idade entre 40 e 50 anos, todo dia sai cedo de casa com sua bicicleta e volta apenas a tardinha. Chama a atenção por onde passa pela face deformada e aparência parecida como de um ogro. Veste-se com roupas simples, bota de borracha, pedala cerro acima como quem tem grande força e preparo para tal. Provavelmente trabalha em uma granja de porcos. Não recebe visitas de ninguém e mudou-se a algum tempo para aquele lugar. Mas por que cobre sua moradia com alguns tipos de lona, preta e azul, plásticos, pedaços de madeira, entre outros itens? Parece querer envolver a casa em um grande saco de lixo, o que combinaria pelo péssimo estado de conservação que ela se encontra.

É durante a tormenta que coisas são descobertas. Ignorando o sentido poético dessa frase e considerando o clima daquela região, um temporal com trovoadas, chuva forte e vento infestou o bairro com um cheiro horrível. Assim que o tempo melhorou era possível sentir de longe um odor de putrefação, "onde que tá essa carniça?" comentavam alguns moradores. Era na casa.

Enquanto o dono trabalhava, aglomeravam-se pessoas em frente a sua residência. Nariz tapado com panos, vários gritos e a rua que havia sido lavada pela chuva agora era suja de vômito. O vento forte havia arrancado as lonas e sacos plásticos que estavam presos ao redor da casa. "O morador deve tá morto lá dentro!" diziam algumas pessoas, logo contrariadas pelos vizinhos que o viram sair pela manhã com sua bicicleta. Ninguém tinha o telefone daquele homem, poucas palavras havia trocado com vizinhos.

Apesar de ser de tarde e findada a chuva, ainda estava escuro devido às nuvens pesadas cobrindo o céu. Chamaram a polícia, esta se encontrava no interior cuidando de algum caso possivelmente ocasionado pelo temporal. Era impossível suportar o cheiro, melhor invadir a casa e verificar o que está acontecendo.

Um homem tirou a faca de seu cinto e tentava arrombar a fechadura da janela, enquanto outros se concentraram em dar pontapés contra a porta. Esta última cedeu primeiro, apesar de velha haviam várias trancas colocadas. Adentraram na casa em torno de 10 homens e começaram a revistar os cômodos da casa, alguns desceram ao porão onde encontraram apenas ferramentas de marcenaria. O único cômodo trancado era o que parecia ser o quarto. Pontapés novamente e a porta cedeu. Deitado sobre a cama encontrava-se um corpo que parecia ser de uma mulher, membros pretos, pele seca e afundada com ossos aparecendo na superfície. Estava em decomposição. Curiosamente posicionada como se alguém costumasse dormir de "conchinha" com ela.

EDO_
Enviado por EDO_ em 20/03/2019
Reeditado em 20/03/2019
Código do texto: T6602437
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