Noite de chuva

A chuva bate no telhado, me vejo deitado no sofá na sala. Começo então a pensar na vida. Como jogo ela e como as pessoas parecem conformadas em serem manipuladas por mim.

Aos 7 anos de idade minha mãe diz que é errado mentir. No próximo dia era o meu primeiro dia de escola não minto sobre nada, porém me empurram e bato em uma parede um quadro de Jesus cai em minha cabeça. Naquele dia aprendo que as pessoas não queriam a verdade e sim o que elas querem ouvir.

Volto a realidade quando batem na porta. Era uma amiga minha. Percebo que ela estava ensopada pela tempestade que se originou da chuva. Me afasto da porta para liberar o acesso ao interior da casa. Ela entra e me olha. Então eu suspiro dizendo que pode tomar um banho e ficar até a chuva passar. Bruna me dá um sorriso e vai ao banheiro tomar um banho. Vou ao meu quarto pegar uma camiseta preta e uma calça de moletom. Os levo até a porta onde escuto Bruna cantarolando uma música aleatória do Queen no banho.

Deixo as roupas na porta e me deito mais uma vez no sofá. Fecho meus olhos pensando o que Bruna realmente queria e porque estava ali.

Conheci ela aos meus 8 anos de idade. Bruna é 1 ano mais velha que eu. Através do pai de Bruna que é amigo do meu pai. Mas isso não vem ao caso atual. O que uma amiga minha de infância está fazendo na minha casa sendo que não nos falamos a mais de 5 anos. Ela sempre confiou em mim. Penso jogando uma bola de tênis para cima.

Pego o celular porque alguém estava me ligando, era Carlos Eduardo o marido de Bruna. A razão pela qual nos paramos de falar. Não gostava de Carlos por ele ter traído ela várias vezes. Para ele ter me ligado algo de muito ruim tinha acontecido. Deixo cair na caixa postal e vou falar com a Bruna. Não encontro ela em lugar nenhum da casa e nem minha camiseta, nem mesmo minha calça de moletom. Um frio sobe pela minha espinha e corro até o celular. Um raio rasga o céu da noite e a tempestade acaba. Estou chorando ao nascer dos primeiros raios de sol.