A Encomenda

Eram três horas da manhã. A campainha toca. Bocejando e coçando os olhos levanto da cama indo em direção à porta. Ao abri-la, o ranger da mesma me faz mais atento, franzo a testa, olho para todos os lados, não tinha ninguém. Indo um pouco a frente, chuto um objeto até então não identificado.

O coração faz o sangue subir com mais rapidez, fazendo ferver meu cérebro. “O que será essa caixa?”, pergunto-me abaixando para pegá-lo.

“Confidencial”, dizia o bilhete em letras prateada se destacando do vermelho que envolvia o pacote.

“Quem enviou isso?”, pergunto-me sem ter uma pista.

Com cuidado, abro o bilhete, e o que se lê me faz arregalar os olhos e fugir o sangue da face. “Aqui se faz, aqui se paga”.

Os papéis da minha primeira vitória como promotor público, ainda estavam em minha mesa. Sempre soube que ser promotor era ter uma vida ameaçada. Só não imaginava ter a vida ameaçada no primeiro caso vencido.

“Uma bomba!”, dizia-me em pensamentos.

O ar saindo e entrando do meu nariz chiava no ritmo da batida do coração.

Pego o pacote tendo ainda as mãos trêmulas. Encosto no ouvido, no intuito de ouvir alguma coisa. Nada.

Pingando suor, arrisco-me a abrir a embalagem do objeto. Dentro, uma caixa feita de papelão. Esforço-me, e com todo o cuidado abro-o

Aberto, meus ombros caem de alívio. Sinto o sangue retornar ao rosto renovando as minhas forças.

Dentro da caixa, uma placa de honra ao mérito, confeccionado pelos meus colegas de Direito por ter vencido meu primeiro caso como promotor.

Havia também um cartão comemorativo, que dizia: “Não é você que gosta de matar os outros de susto?”

João Áquila
Enviado por João Áquila em 04/10/2007
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