Proposta Diabólica

- Táxi! – Gritou o estranho homem na beira da calçada, que aparecera do nada.
Paulo parou seu carro e ouviu a pergunta do cidadão que acabava de entrar em seu carro.
- O senhor pode ficar a nossa disposição o dia inteiro?
Aquele passageiro cheirava a enxofre puro.
- Como nossa, se só estou vendo o senhor?
- É que outras pessoas nos aguardam. – Respondeu rindo.
- Depende, o que desejam que eu faça?
- Sou agenciador de programas para a alta sociedade.
- Mas como funciona isso?
- Meus clientes têm o desejo de se relacionar intimamente com um taxista.
- Tem que ser eu? Por acaso fui escolhido ou eles se interessaram por qualquer um?
- Não, a escolha é feita por meu chefe e eu sou encarregado de recrutar.
- Você trabalha para alguma agência de emprego?
- Mais ou menos... Então? Você vai passar o dia na residência deste casal?
- Fazendo o que, propriamente? – Paulo insistiu em saber.
- Ora transando com os dois ao mesmo tempo, ora só com ele, ora só com ela.
- Agora sim está ficando interessante... Mas quanto eles estão pretendendo pagar pelo serviço extra? – Especulou o motorista já com a intenção de aceitar.
- Aceita ou não?
- Você ainda não me respondeu sobre o pagamento!
- Vai depender da sua atuação.
- Como assim?
- A tabela varia: – Se for boa você continua livre; se for razoável, terá uma nova chance; se for ruim terá que frequentar o curso de reciclagem que meu chefe administra.
- E quem faz essa avaliação: – o diabo? – Paulo gozou o passageiro sem saber na verdade de quem se tratava.
- Que isso, amigo? Sou eu mesmo, meu chefe tem mais o que fazer. Ele só entra em ação se a sua atuação estiver abaixo da crítica. – Riu mostrando uma dentadura pra lá de amarela, de tão sujos que estavam seus dentes.
- E esse curso que teu chefe ministra é feito no inferno? – Paulo continuou ironizando.
- Agora você acertou em cheio, meu amigo. É lá mesmo.
- E você que fica assistindo o meu desempenho aqui.
- Claro, eu daqui e ele lá do escritório. Como vou poder avaliar seu desempenho? Não posso ser enganado.
- Se me garantir que vai avaliar na melhor tabela, leva um qualquer. – Paulo continuava com a ironia.
- Desculpe, mas não preciso de remuneração. Temos um contrato com eles pela eternidade e somos bem pagos.
Nessa hora o cheiro do enxofre se acentuou ainda mais.
- Meu amigo, não faço negócio do qual eu não possa ter controle.
- Basta que você se esforce. Se precisar faça um acordo com o meu chefe que ele te ajuda.
- Opa! Assim fica complicado. Melhor deixá-lo fora dessa conversa.
- Ai sim complicou. Não tem como deixá-lo de fora, Ele participa de tudo e adora assistir essas festinhas.
- Vai que eu passo com eles o dia todo e no final eles dizem que não gostaram? Como eu faço?
- Você vai poder reclamar diretamente com meu chefe.
O motorista demonstrando preocupação resolveu terminar aquele encontro.
- Com essa resposta, aí mesmo é que acaba de complicar a coisa.
- É pegar ou largar. Aceita?
Paulo virou-se para responder ao passageiro.
- Não posso aceitar. Tenho outro compromisso neste momento.
Para sua surpresa ele tinha desaparecido.
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Desprezado
 
Fernando Antonio Pereira
Enviado por Fernando Antonio Pereira em 24/11/2019
Código do texto: T6802531
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