As Jóias de Salomão

Roube ainda hoje! Amanhã pode ser ilegal.

Millôr Fernandes

Nunca vi uma mulher comprar seu próprio anel de noivado.

[ Christina Aguilera]

“Pelo amor de Deus! Eu te suplico. Nunca leia o Goetia’’

[Saparrow]

Desde que me entendo por gente eu sempre quiser ser um ladrão. Em casa eu roubava as moedas de valores menores e juntava até ter um valor maior. Já na escola eu roubava os lanches e repassava para meus compassas. O roubo do lanche consistia em dois vigiando a secretaria.Enquanto eu e mais dois furtávamos os pães da cantina. Podem me chamar de Israel, esse não é meu nome de batismo.Vocês nunca vão saber meu verdadeiro nome, mas vou contar para vocês a minha verdadeira história.

Tudo aconteceu em 6/03/1940. Um judeu de nome Absalom Akiva se mudou para o meu bairro, ele morava sozinho, era um velho ranzinza que falava pouco. Seu andar era curvado e para se locomover ele usava uma bengala feita de sândalo. A bengala brilhava como as estrelas do céu e dela saia uma fragrância maravilhosa que me fazia me lembrar do natal.Ele trajava ternos caros e sapatos mais caro inda. Na garagem havia um Rolls Royce de cor preta que brilhava como a lua. Como ele tinha tudo isso?Você deve estar se perguntado, e eu respondo, ele era um joalheiro, o melhor da cidade. Todos os ricos viam comprar com o judeu. Pessoas das cidades vizinha vinham fazer fila na porta da loja. O velho morava sozinho, mas tinha dois capangas, eram judeus altos de barbas longas, usam sobre tudo preto, eles tinham um andar estranho, andar de alguém que tem uma arma na cintura. Ninguém ousava roubar a loja, mas eu pensava ao contrário. Tudo que eu precisava era de um plano perfeito. Fiquei meses arquitetando, analisando o lugar, conversando com que entrava e saia da loja. Pedia para algumas pessoas entrarem na loja para apressar as joias e analisar o lugar. O velho morava em cima da loja e os dois seguranças ficavam fazendo a segurança em baixo. Mas teve um dia que o velho saiu e com ele foram os dois seguranças. Não deu tempo de chamar meus comparsas ou eu não quis chama-los, eu não sei...,mas só sei que eu fui para os fundos da loja. Era dezessete horas da tarde. O céu estava escuro parecia que ia chover. Não havia ninguém na rua, era a hora perfeita. Com um grampo e muita agilidade eu destranquei a porta e adentrei. Não ousei acender as luzes, fui tateando o lugar, mas não estava tão muito escuro. Eu parei de frente para porta que levava até joalheria, mas eu vi a escada que ia até a casa do velho carcamano.

Quando eu me vi eu já estava subindo as escadas abrindo a porta com o grampo e minha esperteza. O local era pequeno e modesto, bem organizado. Todo os moveis eram feitos de madeira de sândalo. Até as molduras dos quadros. A fragrância deliciosa do sândalo entrou em minhas narinas – o cheiro é maravilho não é filho? – o velho atrás de mim me faz essa pergunta. Eu girei nos calcanhares e dei de cara o velho e dois brutamontes:

- Fique calmo filho, eu sei quem você é, e eu sei o que você veio fazer aqui.

- Você sabe? mas como?

- Eu sou mais esperto que você filho. O cheiro do sândalo te trouce até aqui. Agora me escute. Eu não vou te fazer nem um mal, mas vou te dar algo. Não fale nada me deixe terminar. Por muito tempo eu fui guardião de um jarro. Esse jarro carrega uma antiga maldição judaica, eu não sei se você acredita nisso, mas... deixa eu te contar uma história. Salão o rei filho de Davi se envolveu com varais mulheres ao longo de sua vida. Bruxas, demônios. Mas ele se arrependeu de tudo isso e aprisionou os demônios e as bruxa dentro de um jarro chamado Goetia. Meus ancestrais tomaram conta desse jarro, morrem por esse jarro, mas eu já estou velho. E vou te passar esse jarro e mais algumas coisas que você vai gostar- O velho passou por mim com um sorriso no rosto. Me deixou a sós com os dois brutamontes. Ele voltou com duas malas. Ele abriu uma delas e tiro de dentro um jarro de cor vermelha com uma tampa de forma espiral, havia imagens de figuras bizarras fazendo coisas bizarras, conversando entre si. Havia desenhos de runas que eu não saberia escrever ou pronunciar. O velho pegou o jarro com cuidado e com seriedade no rosto – tome segure isso – e eu segurei. Ele tirou uma bolsa da mala e me disse – aqui tem joias de todo tipo. Não fale nada só pegue a bolsa e o jarro. vá embora e nunca mais volte aqui. Ou mato você – e eu fui embora carregando um jarro velho e um saco de joia.

Em casa eu coloquei o jarro em cima da estante e abrir a bolsa em cima da mesa. E meus olhos brilharam, meu sorriso se alargou. Eu estava rico, eram joias e mais joias, diamantes de vários tamanhos de varais corres, laranja, azul, rosa e velho! Minha esposa entrou em casa e viu as joias sobre a mesa e se espantou, mas eu omitir a história do velho e contei que havia roubado uma outra joelharia fora da cidade. Naquele dia eu vendi o primeiro diamante por uma bolada. Nessa mesma noite fui jantar com minha esposa, no melhor restaurante da cidade. Voltamos para casa bêbados e felizes, ela caiu na cama e dormiu. Eu fui olhar o que tinha de especial no jarro. Era um jarro normal como todo jarro, mas havia aqueles desenhos, aqueles nomes estranhos. Eu o balancei e algo tilintou. Eu tirei a tampa e o virei sobre a mesa, e de dentro caiu cinco anéis lisos e feito de ouro.

No dia seguinte eu acordei bem cedo e fui pegar a minha outra parte da venda do diamante. No meio do caminho eu encontrei o prefeito da cidade a quem eu vendi o primeiro anel. Ao chegar no banco onde eu fui depositar a grande quantia eu vendi o segundo anel para o gerente. Ao sai do banco eu fui até a casa do meu amigo e agiota a quem eu dei o anel para saldar uma dívida antiga. Eu fiquei com um anel e dei outro a minha esposa com um pedido de casamento que ela com lagrimas e sorriso disse sim!

Nos mudamos para uma casa maior e melhor no centro da cidade. Nos vertíamos bem e comíamos bem, comidas caras e vinhos antigos. Na minha garagem não tinha um Rolls Royce, mas sim três: preto, velho e azul. Nosso círculo de amigos havia mudado, éramos agora da alta sociedade, éramos alguém. Mas tudo mudou na manhã chuvosa de 41. Eu abrir o jornal e lá estava a seguinte matéria ‘’ esposa neurótica mata marido/30 pessoas infartaram no restaurante Bela França/ vocês não vão acreditar quando ler’’ eu achei que era uma piada, mas era a primeira página.

‘’ a esposa do então atual prefeito da cidade assassinou o marido usando uma arma branca. Tudo isso aconteceu a vista de todos no restaurante Bela França. Testemunhas disseram que o casal não demostrou nem um tipo desavença ao entrarem no restaurante. O porteiro e o gerente do hotel onde o prefeito residia disseram a mesma coisa. disseram que eles estavam sorridentes, bem humorados, cumprimentou a todos ao saírem do hotel. Que não viram e nem ouviram nem uma discussão antes do fatídico acontecimento daquela noite. O casal foi atendido pelo metre Jean Richard, ‘’eles pediram vinho antes de pedir o jantar’’ disse o metre e ele também disse que o prefeito tirou um anel de dentro de uma caixa. Foi nesse momento que o metre saiu. Testemunhas que estavam almoçando disseram que a esposa do prefeito pegou a faca e cortou o pescoço do marido. E logo em seguida deu um grito agudo, mas tão agudo... Primeiro vocês precisam saber de uma coisa, naquela noite havia 50 pessoas almoçando. E assim que a esposa do prefeito deu o grito agudo. Trinta pessoas morrem de infarto. Isso parece mentira, mas foi isso mesmo que aconteceu. As pessoas na mesa relataram o ocorrido ‘’ ela matou o marido e logo em seguida deu um grito agudo... e meu marido desabou na cadeira... o coração dele parou’’ relatou uma senhora. O pessoal da cozinha também nos relatou esse mesmo acorrido ‘’ o nosso sommelier, estava escolhendo a carta de vinho quando um grito vindo do salão principal nos chamou atenção... e ele caiu morto. O coração do sommelier parou’’ foi isso mesmo que vocês leram. Logo depois de matar o marido e de gritar a esposa do prefeito se levantou e esfaqueou o seu próprio peito. Os investigadores estão perdidos sem saber pode onde começar a investigação’’

Fechei o jornal sem acreditar no que tinha acabado de ler. Eu estava zonzo parecia que eu tinha tomado varais taças do vinho Troplong Mondot. Quis me levantar da poltrona, mas não conseguia. De repente tudo escureceu e eu acordei em meu quarto. Minha esposa acabara de sair do banho:

- ainda não se arrumou?

- Não... eu.... para onde vamos?

- Como assim para onde vamos? Se esqueceu do casamento do filho do Milo?

Milo era o agiota vocês se lembram eu falei sobre ele.

- Eu tinha esquecido. Eu li uma matéria sobre...

- Esquece a meteria e vai tomar um banho enquanto eu separo sua roupa.

- ok.

O filho de Milo se casou com uma italiana. O pai da moça era um mafioso o mais temido da cidade. O homem era respeitado, mas também era muito mal. Milo por ser agiota caiu nas graças do mafioso que deu a mão de sua filha em casamento. Geralmente italiano se casa com italiano assim como judeu se casa como judeu. Milo deu o anel que eu tinha dado a ele, vocês devem se lembrar que fui eu que dei para ele. Pois bem, Milo deu o anel para o filho. E ela estava os dois pombinhos no altar ambos vestiam brancos e estavam felizes, eles se olhavam e se amavam. O Padre disse o que sempre dizem os padres ‘’ podem pôr as alianças’’. Ela colocou no dedo dele e assim que ele colocou o anel no dedo da moça, ela começou a flutuar. Todos que assistiam achava que tudo era um truque houve aplausos e gritos, mas ela flutuava e flutuava, o noivo segurou em suas duas mãos e a moça começou a gritar desesperadamente, mas a gravidade não estava a seu favor. Todos começam a se olhar, sem saberem o que fazer ‘’ me ajudem, por favor!’’ gritou o rapaz. Milo foi ao seu auxílio, mas ele acabou tropeçando e caindo sobre o filho que tombou para o lado, suas mãos soltaram as mãos da sua futura ex- noiva. Ela subiu e subiu e gritava e gritava. Ninguém entendia nada e olhavam para cima. Tudo parecia um grande pesadelo todos olhando para cima desesperados. Foi então que ouvimos uma explosão e do céu choveu sangue. Isso mesmo sague! E partes do corpo da garota caia sobre nós. Aquilo era bizarrice de proporções bíblicas. Havia pessoas desmaiando, vomitando, sorrindo feito loucos, alguns achando que era brincadeira. O mafioso sacou sua arma e matou Milo e seu filho ali mesmo no altar.

Eu sair daquela loucura com minha esposa. Estávamos cobertos de sangue e restos humano. Eu acelerei o carro como se fugisse das pragas do Egito.

- O que foi aquilo? – ela perguntou

- Eu não sei! Eu vi o mesmo que você e não sei o que você não sabe!

- O quê?

Tudo parecia um grande pesadelo ou será que era um pesadelo? A qualquer momento eu iria acordar gritando no meio da madrugada na minha casinha humilde e toda essa história de riqueza, velho judeu, Salomão, jarro, bruxas, anéis. Tudo isso seria apenas um maldito pesadelo. Mas estava demorando demais para acorda. Mas talvez se eu batesse o carro contra um muro eu acordaria no chão do quarto ou na sala. Era loucura eu iria morrer se fizesse isso.

- Sinal vermelho pare!

Meu Deus quase que batia em um ônibus. Eu frei minhas mãos tremiam muito eu estava quase pra ter um colapso nervoso. Quando caiu do céu um corpo. Caiu dobre o capo do meu carro. Minha esposa gritava e gritava muito! Eu olhei para aquele corpo morto sobre o metal frio do Rolls-Royce preto e gritei – GERENTE DO BANCO, ESSE É O GERENTE DO BANCO!! – ele havia se jogado do vigésimo andar e caiu logo em cima do meu carro, isso não podia ser coincidência – vamos sair do carro – disse para minha esposa, mas ela não estava mais lá. Ela não estava mais ao meu lado. Foi aí que lembrei do anel no meu dedo. Eu tinha dado um anel para minha esposa. Eu tirei o anel do dedo e coloquei no meu bolso e corri para casa. Deus como eu corri, ao chegar em casa todo suado e desgrenhado e com cara de louco. Eu vi em pé em minha sala. Um esqueleto trajando roupas reais. Usando coroa na cabeça. Trajava uma capa real purpura que arrastava no chão, e sua mão direita havia o jarro e em sua mão esquerda havia uma espada:

- Quem é você?

- Eu sou Salomão

- Onde está minha esposa?

- Aqui dentro

- Eu a quero fora desse jarro agora!

- Não é assim que funciona, você era o guardião do jarro e você resolveu abrir em vez de guarda. Você liberou o mal que havia nos anéis. Para você ter sua esposa você terá que lutar comigo ou entrar no jorro para buscá-la, mas assim que você entrar eu vou quebrar esse jarro e vocês vão ficar presos para sempre.

- Mas se eu conseguir sair?

- Você não me ouviu? eu vou deixar o jarro cair!

- Mas se eu sair?

- Se você sair eu volto a ficar preso de novo, e o jarro fica com quem te libertou. Os anéis já perderam os podres.... já perderam a graça. Para entrar no jarro coloque o anel e entre.

Eu sorrir um riso dissimulado e coloquei o anel e assim que Salomão abriu o jarro e fui tragado para dentro. Dentro do jarro é deserto e sombrio, cheio de perigos e mistério. Eu achei minha esposa contei para ela o meu plano.

Enquanto corria para casa eu passei por uma Sinagoga. Eu encontrei um Rabi um homem simpático que ouviu e acreditou em toda minha história, ele me disse que o velho Absalom Akiva não deviria fazer o que ele fez. Então juntos arquitetamos esse plano o Rabi sabia que Salão quebraria o jarro e foi isso que ele fez. O plano era simples assim que Salomão quebrasse o jarro e fosse embora da minha casa. rabi entraria e coloraria toda as peças virando assim o guardião do jarro. Eu escuto o Rabi me chamar o plano deu certo, eu vou indo.

sparrow
Enviado por sparrow em 24/03/2020
Código do texto: T6896033
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