A MISTERIOSA VILA 40 - EPITÁFIO

A dama se afasta lentamente do corpo de Aros e se coloca ao lado do grande capitão. Em seguida Asgard anda dois passos a frente e pergunta:

- Capitão sempre lhe fui o mais fiel súdito jamais o trairia, agora estou diante de um enigma, como é possível que isso esteja acontecendo?

O capitão continua uma figura forte e atraente, sua voz é grave e fática, seus olhos se derramam como geleia, seus ombros sustentam uma capa de cor encarnada com pedras brilhantes que se estendem até o chão encobrindo seus pés. Ele olha na direção da dama, depois vira-se lentamente para Asgard e responde.

- É o melhor dos meus guerreiros, e por isso tenho o grande estima, logo tudo será dado ao seu conhecimento. Prossegue. – Aros será levado a câmara de sagração, tome em mãos este pergaminho, mande gravar no granito natural da sua lápide este epitáfio. E prossegue - A criatura que está lá fora, não deve jamais ser molestada, ela é a guardiã do cemitério e do mausoléu de Aros. Em seguida vira-se para a dama dos olhos verdes e diz. - Meu amor conduza a cerimônia, as honras lhe cabem por direito.

Absorta em um turbilhão de águas revoltas, a mente de Asgard ainda procura entender todo aquele mistério cabalístico que se desenrola em sua frente, algo sem precedentes, inexplicável. A dama então olha para Asgard e diz.

- Asgard sei que não teria a capacidade de entender agora, mas certamente conhecerá a verdade. E continua. – Que tenha início a cerimônia, não há tempo a perder.

Durante a cerimônia fúnebre, a iluminação do salão era apenas refletida pelos archotes crepitando suas labaredas amarelas nos corredores. Em absoluto silencio, ouve-se apenas, a voz grave e pausada do capitão emitindo frases incompreensíveis. Terminada a eufemia, a dama ordena que levem o corpo para a sagração. Os quaro guerreiros pegam a pedra do altar e a levam com o corpo para dentro da câmara. A tempestade dá uma trégua, a luz da lua crescente permitia enxergar por entre as grades dos janelões, as escarpas verticais da encosta. O choro e as gargalhadas da criança cessaram desde o inicio da cerimonia. Já era noite. Então a dama vira-se para Asgard e diz.

- Asgard permaneça aqui com os guerreiros até a lua cheia chegar ao apogeu, após a sagração terá a missão final a cumprir.

Asgard não contém seu ímpeto de guerreiro e responde com uma pergunta.

- Farei o que me for determinado, mas preciso desesperadamente entender o que aconteceu, e somente você poderá esclarecer tal situação. Em seguida completa com veemência. - Preciso disso, somente assim terei paz pra seguir servindo e sendo fiel.

A dama o olha docemente e responde. - Tranquilize seu coração grande e fiel guerreiro, entenderá tudo no seu tempo. Depois olha para o capitão, acena-le com um gesto e segue para o corredor até o final onde uma porta se abre e ela desaparece. O capitão vira-se para Asgard e diz.

- É melhor dos melhores, sempre terá a minha incondicional consideração, o transformarei em um guerreiro eterno. Em seguida vai ao encontro da dama de olhos verdes. Asgard, olha para os guerreiros em formação e diz.

- Quero que permaneçam aqui até a lua cheia. Vira-se para as ninfas e completa – Vocês permanecerão com o luto juntamente com os guerreiros até que seja terminada a sagração.

Em seguida pega o pergaminho, chama uma das ninfas e ordena-lhe que entregue ao escultor, para que seja feita a inscrição na lapide de Aros.

Na tumba de Aros, foi erigida uma estátua do seu busto em tamanho natural saindo da cova apontando para o oceano além do desfiladeiro, com o seguinte epitáfio:

"Invencível é o amor, uma gota na vastidão do oceano encontrará seu caminho”.