(Imagem Google)


NO SÉTIMO ANDAR



 
Passos lentos, inaudíveis, adentraram o apartamento do sétimo andar, no escuro daquela noite fria. A porta se fechou com cuidado, lentamente, como se qualquer ruído pudesse denunciar  o visitante noturno.

Uma pequena luz, saída de  uma lanterna de bolso, iluminava o caminho a ser percorrido e, em pequenos flashes, visualizava-se     a mobília do hall de entrada, perfeitamente decorada com enfeites natalinos.

A cozinha estava impecavelmente limpa e sentia-se o cheiro agradável de algum produto com que foi higienizada. Tudo estava em seu lugar, a não ser as cortinas da janela que esvoaçavam ao sabor do vento que entrava por ela. Na parede branca, o relógio marcava exatas três horas da manhã. Da lavanderia também exalava um agradável cheiro de amaciante, das peças branquinhas, estendidas no varal portátil. As dependências da funcionária da casa indicavam que esta, ao deixar o local, preocupou-se com todos os detalhes de limpeza e organização.

Seguiu-se, então para a sala de visitas, de três ambientes, decorada com fino bom gosto. Na mesa de jantar, uma linda ceia festiva havia sido preparada, mas tudo estava intacto. A mesa posta fora preparada para duas pessoas no mais puro requinte e riqueza de detalhes. Os pratos pareciam apetitosos e ainda podia-se sentir o aroma do tempero que exalava deles. A sala estava deliciosamente aquecida pelo fogo baixo da lareira, proporcionando um ambiente  confortável e aconchegante. 
 
O extenso corredor levava aos três dormitórios e o primeiro deles estava com a porta aberta. O pequeno facho de luz da lanterna adentrou o recinto e vasculhou todos os cantos. A cama estava vazia e arrumada e da janela aberta entrava uma brisa fria da noite.


O segundo dormitório estava com a porta semi cerrada e foi aberta cuidadosamente, mas um leve ranger a fez parar...segundos de silêncio...nada se movia , então prosseguiu-se a inspeção do local com o pequeno facho de luz da lanterna, por alguns momentos apenas, voltando a fechá-la.

O terceiro dormitório era uma suíte e o visitante noturno a abriu vagarosamente, sabendo, instintivamente, o que iria lá encontrar.

O corpo esguio de mulher, que parecia imóvel, se moveu ao toque de uma mão firme, envolta em luvas de couro, que provocou arrepios em sua pele alva e macia.

De um salto, a mulher se atirou nos braços daquele vulto e falou com a voz embargada pela emoção:

- Que bom que você está aqui. Te esperei tanto que adormeci, achei que não viesse mais.

- Perdoa-me, querida, está nevando muito e tive problemas com o carro, chegando aqui encontrei o prédio sem energia e tive que subir pelas escadas, mas agora estou aqui...Feliz Natal, meu amor!





 
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Lucia Moraës
Enviado por Lucia Moraës em 28/11/2020
Reeditado em 29/11/2020
Código do texto: T7122784
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