Negócio com Buzica

Eu era seminarista, mas não hesitei - e até hoje não me arrependi - mas entrei decidido, quase triunfante no negócio de Buzica, e o fiz com o testemunho de meu irmão, quase junto ao rual portão, em plena luz do dia e com boa parte vizinhança na mais fremente e infrequente gelosia.

Por cinco mil pratas - na época era cruzeiro - ela abriu-me aquele tesouro que já não cheirava nem fedia. Mas valia, ah, como valia. E seu irmão, outrora dono e senhor da situação, embora ausente, de tudo sabia, até da volúpia da gente.

E 26 de fevereiro de 1967 marcou o fim de minha virgindade transacional: assenhoreei-me, verdade que em sociedade com o mano Beu, daquele objeto de nosso irrefreável desejo: toda uma coleção de marcas de cigarros, antigos em sua maioria e que até hoje ainda estou por ver igual. Foi em borbotões o jorro de emoções.

Não listo aqui as preciosidades por economia de tempo e da paciência do leitor, mas havia coisas como Yolanda, Liberty Ovaes, Caporal Lavado, Ascot, Odalisca, coisas que você não vê mais, a não ser - e nada em favor indica - que você se depare com outra Buzica, guardiã de tanta coisa rica e infensa a qualquer futrica.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 13/08/2021
Reeditado em 29/11/2023
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