LENDA URBANA - FAZENDA AMARELA

Era uma vez, em uma fazenda bem próxima à Ilicínea, havia um grande coronel. Conhecido como Coronel Ferreira, esse tinha várias fazendas e muitos escravos, temido em toda região devido o seu coração tão ruim. Diziam que ele tinha um pácto com o demônio em troca de prosperidade. Os escravos tinham medo de seu olhar e nem pensavam em fugir, e, se fugissem, eram chicoteados até morrerem no tronco.

O coronel era casado e sua esposa era submissa às suas ordens, nada era questionado. Ele tinha um grande sonho, ser pai de um filho homem para dar continuidade aos negócios da fazenda. Mas, sua esposa só teve uma filha e, além de tudo, era portadora de deficiências(não andava e não falava).

Ele vivia com essa frustração e com toda a sua maldade sempre procurava as escravas na senzala da fazenda. Abusava sexualmente e depois as levavam ao tronco para serem chicoteadas por ele. Elas apenas engoliam o choro, sofriam caladas diante daquele verdadeiro monstro..

Com o tempo, essas escravas apareciam com barriga, e no dia em que dariam à luz, o coronel participaria do momento da forma mais cruel possível. Elas ao darem à luz não podiam dar um gemido ... ou ele as matavam. Assim que a criança nascia, ele a pegava e jogava no chiqueiro da fazenda, onde haviam porcos com muita fome. O choro das crianças não duravam muito, logo parava e, isso foi durante anos e anos.

A esposa não aguentando tanta humilhação e sofrimento se enforcou, deixando sua filha para ele cuidar. O que seria impossível, pois o coronel nem chegava perto da menina. Esta não demorou muito e amanheceu morta. Dizem que foi envenenada pelo próprio pai; outros dizem que foi pelos escravos.

Um dia, o coronel apareceu com uma doença nas pernas e teve que ficar de cama. Assim, menos poderoso e mais dependente dos escravos passou a pagar pelo o que fez àquele povo.

Sozinho em seu quarto, tentando alcançar a água para beber, deixou a vela cair e... morreu queimado. Ninguém foi socorrê-lo, mesmo em chamas, ouvia-se os gritos de desespero e dor.

Com o coronel morto, alguns escravos partiram e outros tentaram construir suas vidas ali mesmo. Mas, isso foi por pouco tempo, pois à noite, sempre ouviam choro de criança vindo do chiqueiro. Tentaram destruir o chiqueiro, mas mesmo assim o choro continuava. Então, todos partiram para quilombos.

Hoje, em 2007, a fazenda ainda existe... o choro também existe... Ao passar por lá, à noite, você consegue ouvir, por alguns segundos o choro de recém nascido... o mesmo choro até cessar com a gula dos porcos. Pessoas que passam por lá, rezam para não ouvir, dizem que é algo inesquecível e arrepiante. Em Ilicínea, essa é mais uma história, triste e verdadeira que circula entre a população.

Vaneide Arantes
Enviado por Vaneide Arantes em 12/11/2007
Código do texto: T734195
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