SENRENSARETA (洗練された)

CAPÍTULO 01 – “RIN”

Na minha profissão, não há espaço para erros, um inofensivo, milimétrico, erro de cálculo que seja, pode ser fatal. Também não é admissível que alguém treinado como eu fui, cometa erros. Meu codinome, que é como eu devo ser conhecido, se é que “conhecido” é a palavra mais apropriada (ou talvez paradoxal) para denominar o meu anonimato. Mas como dizia, meu codinome é NOZOMI. E eu sou um Assassino Profissional. Um dos melhores e mais bem pagos do mundo. Não sou japonês, mas o homem que me criou era, e, desde cedo me apelidou assim: Nozomi. Então resolvi adotar este apelido em minha vida profissional.

Meu nome, ou melhor, codinome, era temido e respeitado desde os círculos mais profanos até os mais esotéricos de assassinos que existiam na face da Terra.

Quando havia algum trabalho que não podia falhar, tanto as agências clandestinas, organizações profissionais de assassinos, quanto as agências ditas "oficiais" de segurança ou de inteligência, sob governos capitalistas ou socialistas, me contratavam para executá-lo. E, quando isto acontecia, significava que a missão era praticamente impossível de realizar. Mas eu sempre dei conta do recado. Pelo menos até agora...

Estou deixando este dossiê salvo (aliás, como sempre faço a cada nova missão) num editor de textos em meu laptop, e também programei meu e-mail para disseminá-lo em anexo para a maioria dos órgãos de imprensa, nacionais e internacionais, mais relevantes do globo, em 48 horas, caso eu não sobreviva a este último “trabalho”. E, tal como rastilho de pólvora, ele irá incendiar a reputação dos homens mais poderosos e “acima de quaisquer suspeitas”, que já contrataram os meus préstimos para realizar os seus servicinhos sujos.

Esse ato (caso eu não sobreviva) será uma forma de redenção para com a sociedade e com todas àquelas pessoas, pelo menos as que considero inocentes, que precisei matar.

Ah, e não esquecendo, que para a população em geral, essa informação revelará um mundo underground que existe sob os seus narizes. Com homens treinados como eu, que são muito bem pagos, para assassinarem pessoas importantes e influentes, ou que estejam criando problemas e gerando obstáculos para esses contratantes. Pessoas como eu, que matam por dinheiro e depois desaparecem como fantasmas. Sem deixar rastros...

Viver como um fantasma ou como uma sombra para mim não é uma opção, trata-se de um modo de vida, no qual fui treinado desde tenra idade, em técnicas como as tonpo e inpo de infiltração e fuga de instalações altamente protegidas, civis ou militares. De certa forma, não diria viver, mas sobreviver, prevalecer. Sob qualquer circunstância. Meu treinamento era duro, estoico, e apenas homens de grande vontade e de férrea estrutura mental seriam capazes de adotar tal estilo. Algo bem raro hoje em dia, neste mundo moderno. Onde os homens estão cada vez mais frágeis e efeminados.

Nesse mesmo momento, concluo uma meditação tântrica de controle mental, onde permaneci por mais de 12 horas sentado em postura seiza, fixando o olhar no mudrá que fiz com as mãos. Dedos médio, anular e mindinho entrelaçados, com os indicadores esticados tocando-se e os polegares unidos sobre eles. Este exercício místico, além de fortalecer o meu corpo e mente também me preparava para suportar dor, calor ou frio extremo... Ah, e maravilhoso também para aguentar torturas em caso de ser capturado.

Abri os olhos na penumbra daquele quarto de hotel. Vestia meu uniforme negro, aderente ao corpo. Olhei para a mesinha de canto no instante em que a tela do meu laptop acendeu, clareando de forma inconveniente a minha companheira escuridão... O toque de uma chamada não rastreada tilintava insistente no computador. Levantei-me, saindo da postura meditativa e teclei para atender. Nesse instante, uma voz feminina posicionou-se de forma firme, mas educada, chegava a ser quase doce, suave.

- Saudações, Nozomi! Pronto para a sua próxima missão?! Caso aceite tecle Enter para abrir o arquivo contendo o seu próximo alvo.

Por um segundo abri mão de meu jeito empedernido e sorri ante àquela voz persuasiva e sedutora. Estava quase gostando da parceria que estabeleci com àquela Organização, denominada a “Aranha”. Confesso que não era meu forte trabalhar como um Samurai para um Daimio preferia mesmo ser um Ronin, mas era muito mais fácil e prático receber um contrato de mão-beijada de uma Agência, do que ter de ficar correndo atrás de um. Isso não me impedia, é óbvio, de realizar trabalhos solo, desde que não interferisse nos negócios da Organização e vice-versa. Embora, fosse fato consumado, e eu já havia determinado isto para mim mesmo, esta, seria de fato, a minha última missão.

Meus instantes de reflexão causaram impaciência em “X” que era o codinome da mulher misteriosa a quem eu me reportava na “ARANHA”. Ficava imaginando como ela seria. Ocidental? Oriental? Loira, morena? Linda, e com curvas instigantes??? Será que um dia a conheceria?! Muito bem Nozomi, não era hora para isto. O tempo urge, e temos um cronograma a cumprir...

Teclei enter e um arquivo se abriu na tela do computador fracionando-a ao meio. De um lado os dados da missão, e do outro a foto do Alvo.

- Muito bem. – Tornou a voz de “X” através do áudio da máquina. – Agora que você aceitou sua nova missão, estamos transferindo os 2,5 milhões de dólares para a conta indicada no Chipre. O restante será depositado após a conclusão do trabalho.

- Ok. – Respondi memorizando os dados, pois sabia que todo o arquivo se apagaria logo após o fim daquela transmissão, como era de praxe, o protocolo de segurança estabelecido por àquela Organização.

Antes de aceitar o trabalho, estava prestes a convidá-la para tomar um drinque, caso a missão fosse um sucesso. Mas depois que descobri de quem se tratava o alvo, fiquei tão perplexo e sem ação, que acabei deixando a oportunidade passar...

A tela do laptop se apagou. A comunicação se encerrara.

☞ PRIMEIRO CAPÍTULO DA OBRA, DISPONÍVEL APENAS NO RECANTO. ☜

L Mandrake
Enviado por L Mandrake em 02/10/2021
Reeditado em 21/11/2021
Código do texto: T7355020
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