1944

2 de Setembro de 1944, há exato um ano para o final da segunda guerra, no sul da Polônia ficava o maior e mais temido campo de concentração, desembarcando ali milhares de judeus, sem delongas ao adentrar os portões não eram tratados como gente, mas como animais, uma raça inferior, danificados, forçados a trabalhar até a morte, eram jogados em grandes covas com outros que não resistiram ao inferno formado sobre a terra. Esperança? De fato não havia ali, apenas dor e um gélido ar de tristeza. Almas que antes sonhavam, agora morriam dia após dia, agonizavam em seu próprio sangue derramado por cães famintos, escorraçados como porcos as pessoas morriam lentamente, eram torturados da pior maneira, devoravam seus sonhos e esperanças.

Edgar, um agente da SS, por fora era igual a todos os outros nazistas, famintos pela dor que causaram aos judeus, bem vestido, um olhar frio, por dentro, chorava de desespero, vendo a crueldade que o ser humano carregava no coração, na alma. Apenas 20 anos e já tinha visto o inferno no olhar do homem e o diabo em suas atitudes. Era apenas um garoto, chamado para servir a seu país. Grande parte dos prisioneiros tinham o dobro de sua idade. Mas ele não compartilhava os mesmos pensamentos dos outros soldados, sentia-se angustiado, aquele sentimento gritava dentro dele.

Como poucos guiou seus pensamentos tornando-os esperança, tomando a decisão de ajudar as pessoas a saírem dali, não seria fácil, pelo contrário, seria a missão mais difícil de sua vida, mas não importava, ele queria e fez seu plano.

Todas as noites traçava as linhas a serem seguidas com um dos prisioneiros, com todo cuidado, guiava os prisioneiros, passando seu plano para eles, exigia que tudo fosse igual ao que conversaram, com isso não haveria erros ou desconfiança, como todos ali já estavam debilitados, orientava-os a se fingirem de mortos, então com o raiar do dia ia buscar o corpo e jogar fora, mas isso nunca acontecia, sempre levava para um lugar seguro. A cada pessoa salva a cada risco que colocava sua vida, ele sabia que estava fazendo o certo, salvando inocentes de um futuro cruel.

Era uma tarefa difícil e perigosa, mas Edgar estava disposto a salvar quantas vidas fosse possível, queria tirar aquelas pessoas das mãos dos nazistas.

Em uma dessas suas tramóias se apaixonou, por uma jovem, loira, de olhos claros com um sorriso tão lindo quanto às estrelas, mais delicada que uma camélia, não tinha como não se encantar pela bela moça. Seu nome era Ayla, como muitos ela estava no seu limite, mal conseguia se manter em pé, levada a uma cabana onde todos os fugitivos ficavam até recuperarem. Edgar fazia questão de deixar lá sempre cheio de comida, boa água e roupas novas.

Duas semanas se passaram até Ayla conseguir ficar em pé sem tanta dificuldade, Edgar ia à cabana sempre que possível, estava apaixonado e queria ter certeza que a moça estava bem, mas era muito perigoso ela continuar ali, e ele sabia, já que os policiais olhavam tudo, todas as semanas.

Mais do que todo o risco que já sofria, decidiu tornar-se um foragido da SS, juntou todas suas coisas e fugiu com a linda moça, não se sabe para onde, tão pouco se foram pegos, porém nunca mais ouviu falar dele, apenas histórias de sua grandiosa coragem.

Victória Reginna Soares
Enviado por Victória Reginna Soares em 06/01/2023
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