A Loira do Banheiro

Havia uma lenda assustadora que rondava as escolas do meu bairro. Diziam que, ao entrar sozinho no banheiro e bater três vezes na porta do último cubículo, a Loira do Banheiro apareceria. Como uma criança curiosa de onze anos, não pude resistir à tentação de investigar essa história.

Certa tarde, enquanto todos os outros alunos estavam brincando no pátio, decidi enfrentar meus medos e adentrei o banheiro sombrio da escola. O odor de produtos de limpeza misturado com um leve cheiro de mofo enchia o ar. As luzes fracas lançavam sombras ameaçadoras, dando ao ambiente uma atmosfera de suspense.

Caminhei em direção ao último cubículo, onde diziam que a Loira do Banheiro apareceria. A cada passo, o eco dos meus sapatos batendo no piso frio ecoava pelo corredor vazio. A tensão aumentava a cada segundo, minha respiração se tornava mais rápida e ofegante.

Ao chegar ao cubículo, uma coragem temporária tomou conta de mim. Com a mão trêmula, bati três vezes na porta. O silêncio se fez presente e a espera se tornou insuportável. Por um momento, pensei que tudo não passava de uma história inventada para assustar crianças como eu.

Mas então, um sussurro frio e arrepiante preencheu o ar. Minha pulsação disparou e meu corpo inteiro gelou. A porta do cubículo rangeu lentamente, revelando uma figura pálida e assustadora. Era a Loira do Banheiro.

Seus cabelos loiros estavam emaranhados e molhados, grudados em seu rosto pálido. Seus olhos vazios pareciam penetrar minha alma, enquanto seu vestido branco manchado de sujeira arrastava-se pelo chão. Ela emanava uma aura de tristeza e angústia que se misturava com o medo que me dominava.

Eu queria correr, fugir daquela visão assustadora, mas meu corpo estava paralisado pelo terror. A Loira do Banheiro avançou lentamente em minha direção, seus passos ecoando no silêncio perturbador do banheiro.

A medida que ela se aproximava, podia sentir o frio intenso que emanava dela, como se a própria morte a envolvesse. Seus lábios se moveram devagar e uma voz rouca e sussurrante escapou de sua boca:

- Por que me chamou? Agora, estarei sempre contigo - disse ela com uma voz aterrorizante.

Uma sensação indescritível de pavor se apoderou de mim. Tentei gritar, mas minha voz estava presa em minha garganta. Tudo parecia acontecer em câmera lenta, como se estivesse preso em um pesadelo do qual não conseguia acordar.

Por um breve momento, pensei que minha vida estava condenada a ser assombrada pela presença sinistra da Loira do Banheiro. Mas então, com um último suspiro, a figura desapareceu no ar, deixando apenas uma sensação de frio e umidade no banheiro.

Ofegante e em estado de choque, saí correndo do banheiro e jurei a mim mesmo que nunca mais desafiaria os mistérios das lendas assustadoras. O ambiente tranquilo da escola nunca mais pareceu o mesmo.

Até hoje, o suspense permanece em minha mente, deixando-me com perguntas sem resposta. Será que a Loira do Banheiro era apenas uma criação da minha imaginação assustada de criança? Ou será que ela realmente existe, à espreita nos cantos mais obscuros dos banheiros?

Eu nunca mais tive coragem de explorar esse mistério sombrio novamente, mas às vezes, quando estou sozinho em um banheiro silencioso, sinto uma presença invisível, como se estivesse sendo observado. O que será que se esconde por trás dessas paredes? O enigma permanece, flutuando no ar como uma sombra inquietante, pronta para ser desvendada por aqueles que se atrevem a encarar o desconhecido.