CAMINHOS DO MEDO

Uma Visão

Certa vez uma menina que vivia num povoado da Bahia, pais de classe média, que investiam na educação dos filhos, sempre dizendo que era a herança que deixariam para cada um deles. Dois do sexo masculino e a menina, única mulher.

Ela sempre muito sensível. Quase todo dia pela manhã tinha um sonho para contar. E os mais velhos diziam: isto não é sonho é a pura realidade vivida. E explicavam que durante o sono o Espírito ganha a liberdade e vai por onde quer. Ao despertar lembrará ou não dessa trajetória noturna, e do que viu.

Mas, a menina fora estudar em Jequié, cidade maior, melhores condições para a aprendizagem. Passou a residir em um bairro chamado Jequiezinho.

Certa tarde pediu dinheiro ao pai para assistir um filme na matiné. Recebeu toda orientação de como se comportar. Inclusive ir e voltar de coletivo.

Lá se foram as duas primas! Chegando ao centro da cidade, resolveram que deveriam fazer uma farra de picolé, bolo e suquita. E adeus matiné.

O tempo foi passando e as duas muito entusiasmadas com a farra, quando perceberam que a tarde estava indo embora. E ai? Não tinham mais dinheiro para o coletivo. Único recurso, ir andando por um mangueiro onde se criava animais. Visto ser o caminho mais perto.

Ambas com muito medo e pressa, pois circulava na cidade que existia um chupa sangue de crianças. E estas eram encontradas mortas com um furo no pescoço. Além disso, o caminho era tido como mal-assombrado.

Ao iniciarem o percurso uma começou a sentir arrepios e como se não bastasse uma força a fez parar de andar. Ao olhar para trás viu uma mulher de branco, enorme que não se via o final dela. Carregava atravessado sobre os ombros algo enormes parecendo toros de madeira. Cabelos muito compridos que iam até o chão.

A menina pediu socorro à prima, e mostrava o que estava vendo. E ela não conseguia ver o que era mostrado. A outra pediu: puxa-me pela mão? O que não foi possível.

Então pediu a Deus que a ajudasse a correr. E como era da cruzada, (coisas da igreja católica) lembrou da prece do Anjo da Guarda. Ai sim! Pode correr até alcançar o rio. Porém o Espírito também era veloz. Após ultrapassar o rio, olhando para trás nada mais viu.

O medo maior era que aparecesse na nossa frente. A partir daí corremos muito, muito... Chegando em casa com tudo escuro. Entrando esbaforida como vinha caiu desmaiada. E os pais sem saberem de nada começaram a gritar: minha filha morreu, morreu!

Passado o torpor do medo, abri os olhos e percebi que essa menina era eu! Já adulta é que fui entender que aquele Espírito faz a união entre Terra e Céu. Acredito que estava nos protegendo.

Hoje tenho sessenta e dois anos, sou espírita e médium ostensiva (dá comunicação dos Espíritos). E agradeço a Deus por tudo na minha vida. Ele é o meu sustentáculo.

Eloina de Jesus Lim

Eloina Lima
Enviado por Eloina Lima em 28/03/2008
Código do texto: T921073
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.