1984 - Os Dez Psicopatas

Ele anda pelas ruelas escuras dando topadas em fantasmas imaginários.

O lunático fala consigo mesmo, lamentando-se de erros passados.

Derrepente topa com um índio.

Não um desses índios de cocar. Um índio moderno.

Ele tem o cabelo cortado em um mullet e olhos profundamente vermelhos.

Seus compridos dentes caninos aparecem na escuridão.

- Você é um anjo? – quer saber o psicótico com um esgar na face.

Ele de alguma maneira misteriosa sabe que vai morrer.

- Sou um anjo. Um anjo sombrio... – murmura Saturno.

Agarra o louco e morde seu pescoço sugando vorazmente.

Minutos depois larga o corpo flácido no chão.

- “Faltam poucos agora.” – pensa ele.

Um pequeno ruído chama sua atenção. Dois mendigos o observam, horrorizados.

O vampiro os encara por alguns segundos.

- Durmam. – ordena em sua voz gutural.

Sob suas feições de pedra os dois caem em um sono hipnótico.

Como se não pesasse nada o imortal levanta o corpo do chão.

Pouco depois o atira no rio Tietê, com o rosto desfigurado.

Outra noite continuaria a caçada.

Faz dois meses que ele vasculha a cidade atrás de dez psicopatas fugitivos.

Não há desejo se vingança algum nisso, é apenas um modo de permanecer entretido.

Eles fugiram de uma instituição de alta segurança, o que no Brasil, quer dizer segurança alguma.

Todos doentes irrecuperáveis.

Foi uma manchete que por muito tempo repercutiu no país.

Nada que interesse a Saturno.

Só quando começam a aparecer crianças mortas é que ele resolve tomar uma atitude.

Sai pela noite usando de todos os informantes que possui.

Logo de cara mata um. Algumas semanas depois encontra o segundo.

Está morando em uma casa perto da Vila Galvão, em Guarulhos.

O imortal destranca uma das janelas e desliza suavemente para dentro.

Na TV o programa do Bolinha abafa uma conversa.

O maníaco discute com alguém. Pelo cheiro o vampiro deduz que o companheiro silencioso está morto. Ou morta.

- Viu o que você fez? Se tivesse devolvido meu ouro isso não tinha acontecido!

A voz do lunático é esganiçada.

Logo em seguida seu tom de voz muda e responde para si próprio com uma voz carregada de solenidade.

- Você está louco? Esse ouro pertence ao rei!

Saturno se impressiona aparentemente ele é esquizofrênico ou tem dupla personalidade.

Move-se sem ruído algum e observa a vítima.

Um senhor de meia idade, estrangulado com certeza.

O corpo já em decomposição.

É hora de acabar com isso.

- Estou com seu ouro! – avisa o vampiro.

O louco fica muito espantado com a presença do índio. Fica alguns momentos desorientado e logo sua face se contrai de ódio.

- Me devolve!

Sua voz e postura mudam e ele fala como se fosse outra pessoa:

- Cale-se imbecil. Esse selvagem imundo está nos enganando!

O filho-da-noite sorri enigmaticamente.

- Tem certeza?

O tom é de desafio.

O pisicopata lhe aponta um revólver.

- Nós estamos armados!

Parece um misto das duas personalidades.

Cuidadosamente o vampiro tira de dentro do casaco preto com ombreiras, um longo punhal.

- Eu também estou armado, mas nem vou precisar...

Displicentemente atira a arma para cima.

Descrevendo alguns círculos no ar a afiada lâmina cai e enterra a ponta na fórmica da mesa cor de mogno.

Por um segundo o maníaco perde a sua atenção no vampiro.

Tempo suficiente.

O filho da noite se movimenta como um raio, parando ao lado do psicopata.

O louco se assusta, porém antes que possa atirar o vampiro arranca a arma de suas mãos.

- Agora sim, podemos nos divertir...

Ele sorri.

Seus dentes caninos estão cada vez mais longos.

Se nas grandes cidades as pessoas não se importassem apenas consigo mesmas, talvez o lunático tivesse sido salvo. O ancião também.

Talvez o maníaco sofresse menos, pois Saturno o tortura noite adentro.

Em seu esconderijo pela manhã, recebe uma triste notícia:

O Jornal Hoje passa que três dos doentes mentais de alta periculosidade foram recapturados e pedem informações dos demais foragidos.

- “Bem, eu ainda posso pegar três deles”!”E posso fazer uma visitinha no hospício onde estão os outros. Caso um deles seja o assassino das crianças...” - pensa o imortal.

Por algumas noites seguidas freqüenta a instituição de onde os psicopatas fugiram.

Descobre fotos dos restantes e rouba suas fichas.

Nenhuns dos que estão presos é o assassino de crianças. Ele ainda está à solta.

O primeiro que caça chama-se André Serval. Homicida, morou na penha até 1979; quando foi preso.

Assassino de homossexuais, dos quais comia frequentemente a carne.

Saturno resolve procurá-lo nas saunas da Rua augusta e outros pontos

freqüentados por gays.

Certa noite após percorrer locais conhecidos e outros mais discretos, está prestes a desistir quando o encontra.

Está em um bar na Rua Major Sertório acompanhado de um gigante de mais de dois metros.

O índio o procura com os olhos até prender sua atenção.

André cochicha algo no ouvido do grandalhão que observa Saturno com muita raiva.

O vampiro segue na direção do banheiro.

Espera que o acompanhante do maníaco o siga e não se engana.

Passa uma água no rosto liso quando o grande homem entra.

Bate a porta lançando seu olhar mais ameaçador para o imortal.

- Cê é folgado cara. Não vê que meu brotinho tá acompanhado?

Saturno mal chega a bater na altura do peito do homem, mas não demonstra uma gota de medo.

Saturno lhe dá uma chance.

Desvia para ir embora.

Ele não aproveita.

- Ei! Tô falando com você! – o gigante põe a mão o seu ombro.

O vampiro agarra a mãozorra e em seguida o atira contra o espelho.

Gritando de dor e surpresa o grandalhão cai no chão imundo.

Levanta rapidamente, o rosto sangrando e acerta um murro no queixo do rapaz de cabelos negros.

Este não se mexe.

Reprimindo um sorriso que quer lhe saltar dos lábios, o imortal salta no ar.

Com os dois pés acerta um violento golpe no peito do gigante.

Ele atravessa o banheiro derrubando a porta de um sanitário privativo.

Antes que possa levantar Saturno está sobre ele. Agarra sua cabeça como um torniquete.

Com força tremenda bate o crânio do homem na privada, que se despedaça.

Usando apenas uma mão, agarra o homem pelo cinto e o joga violentamente contra o teto.

Antes de ele cair no chão já está fora do banheiro.

Procura André Serval pelo bar. Ninguém notou a luta, pois a Disco Music está muito alta.

O maníaco parece surpreso quando o índio se senta a sua mesa.

- Seu amiguinho não vai voltar tão cedo...

É medido de cima a baixo pelo lunático.

- Você é forte? – quer saber o maluco.

Sem entender a pergunta o vampiro agarra o tampo da mesa de ferro e o amassa com facilidade.

Os dois saem pela rua e após meia hora andando em silêncio André puxa assunto.

- Eu preciso de homens fortes sabe?

- Para matá-los? – pergunta o imortal, frio como uma lápide.

O psicopata o olha longamente. Não parece estar exatamente surpreso.

Parece aliviado por alguém compreendê-lo.

- Sim! Comer a carne dos fortes aumenta minha força! Como um vampiro, sabe?

O lunático parece estar ficando alucinado.

O filho-da-noite não se contém e começa a gargalhar.

Não nota o esgar de ódio do assassino.

- Acha engraçado? Ri disso então!

Enfia uma faca no estômago de Saturno.

O imortal para por alguns momentos e logo volta a rir com força redobrada.

André Serval dá alguns passos atrás assustado com o quê vê.

O vampiro tira a faca do estômago, jogando-a por sobre o ombro.

- Você me divertiu muito. Vai morrer rápido!

Agarra os ombros do louco e com um puxão seu corpo se rasga em dois.

Após alguns segundos de agonia o maníaco está morto, deixando uma poça de sangue no chão.

Joga o corpo em um matagal. Espera que demore muito tempo até que o encontrem.

Quer muito saber quem está matando as crianças, pois na mente de todos que pegou até agora, nenhum é o autor desses assassinatos.

- “Faltam apenas dois loucos”. – pensa o jovem de cabelos negros.

Volta para seu covil e é brindado com más notícias.

Mais crianças foram mortas em estranhos rituais.

Olha as duas fichas. Um matador de mendigos chamado apenas Aparecido e uma ficha sem nome.

Um senhor magro e calvo de aspecto macilento, com uma longa barba negra.

Escrito em vermelho, apenas uma palavra: perigosíssimo.

Saturno tem um leve calafrio.

Após algumas semanas ouvindo as vozes das ruas encontra o tal de Aparecido.

Deixa um farto jantar para os ratos e vermes ao sangrá-lo em um beco deserto.

Em sua mente uma certeza agora confirmada, o louco sem nome é o assassino das crianças.

Por mais de um ano o caça, mas ele se esconde nas sombras como o vampiro.

E ainda tem a vantagem do dia.

Por duas vezes esteve muito próximo de alcançá-lo, porém o maníaco parece simplesmente sumir no ar.

Chega a imaginar que se trata de um vampiro, mas seu cheiro é claramente de um humano.

Certa manhã, descansando em seu covil, observa o mapa dos assassinatos que já tinha visto dezenas de vezes.

Percebe ali um padrão e com uma caneta marca texto começa a riscar o caminho virtual por onde o assassino deixou cada vítima.

Um pentagrama!

Incompleto ainda. Que aponta para o leste da cidade.

Os caminhos por onde procurara o maníaco eram as intersecções do hexágono que é a figura central do pentagrama.

Dez crianças ele havia matado uma para cada ponto de encontro das linhas imaginárias da estrela.

Sempre na primeira noite da lua cheia de cada mês.

Hoje.

Saturno precisa se apressar, pois pela lógica o próximo assassinato será esta noite no Parque do Carmo e ele está no Cemitério do Araçá.

- “O dia demora a passar” - pensa o louco.

O velho magro olha para o sol e dá um pouco de leite na mamadeira para o bebê.

- Hoje eu recupero toda a glória do meu poder! – diz em voz alta.

Junta seus apetrechos e se embrenha na mata em um lugar longe das famílias que se divertem no fim de semana.

O dia vai chegando ao fim e o vampiro rouba um carro. Um Scort do ano de um playboy. Ruma a toda velocidade para o Parque do Carmo.

O Velho magro olha para a lua.

Cheia e forte como deve estar àquela noite.

Deposita a pequena criança sobre uma pedra plana e distribui símbolos ao seu redor.

Começa a recitar uma oração em uma língua que já era esquecida na época de Cristo.

Invoca Deuses blasfemos de eras imemoriais.

A longa adaga sacrifical manchada com o sangue de outras vitimas, pouco a pouco se eleva.

Está no ápice da invocação quando ouve o barulho de um carro estacionando próximo dali.

O barbudo não pode para e continua murmurando velozmente.

Ouve os passos se aproximando e vira-se puxando um longo cajado. A testa marejada de suor.

Não há ninguém lá.

- “Estou ficando louco?” – pensa o homem olhando bem o terreno a sua volta.

Olha para a pedra onde está sua oferenda e seu coração dá um salto.

O bebê não está mais lá.

Alguém havia tirado o pequenino de lá e deixou uma foto em seu lugar.

- MALDIÇÃO! – berra o lunático desesperado.

Saturno enrola o bebezinho a cem metros dali deixando-o quentinho em sua camisa estampada de algodão.

Seus olhos brilham ferozmente enquanto volta para estripar o maldito seqüestrador.

O vampiro encontra o homem esperando-o calmamente.

- Olá! Pode me dizer onde pôs a criança? – pergunta o psicopata.

O imortal rosna ferozmente mostrando seus longos caninos.

Pretende assustar o maluco para tornar seu sangue bem agradável ao seu paladar.

O psicopata solta uma risadinha seca.

- Um vampiro? É isso que você é? E eu com medo de que fossem os Guardiões...

Furioso por aquela acolhida sarcástica, o filho-da-noite avança.

- Corrente de Dor! – diz energicamente o lunático

Da ponta do cajado uma curta faísca de luz cruza o ar.

Atingido, em instantes Saturno cai, atravessado por dores terríveis.

O homem de barba negra caminha em volta do índio.

- Vou lhe contar uma história. Era uma vez um mago que tinha uma ambição: conquistar todo o mundo! Seu poder cresceu de tal forma que outros se juntaram para derrubá-lo... Eu caí. Perdi o poder e a memória! Mas pouco a pouco me reergui do lodo! E agora quero vingança!

Nesse momento Saturno percebe que entrara em um apuro sem tamanho.

Provocou a ira de um dos Despertos, como são chamados entre os vampiros os magos e ascendidos.

- E... Os bebês? – pergunta contorcendo-se de dor.

Tenta ganhar tempo.

- Magia Antiga. Onze crianças pagãs, com seiscentos e sessenta e seis dias de vida cada, sacrificadas em nome de Baal! Assim terei meu poder de volta! – explica o bruxo.

Apesar da dor excruciante levanta-se tentando fugir!

- Imobille! Onde está a última criança? – grita o mago.

- Eu... Eu bebi seu sangue!

É mentira e o mago sombrio percebe isso.

- Acho que não! Leve-me até ele!

- Não!

O homem gargalha.

Com um pequeno gesto faz seus apetrechos levitarem, com a outra mão força o índio a andar.

Quando chegam até a criança, imediatamente o bruxo começa entoar sua invocação.

Quando termina sua mão se levanta e com ela a terrível adaga sacrifical.

Por mais força que faça o vampiro não consegue se mover.

E é com horror que vê a adaga descer velozmente.

Um facho de luz atravessa o ar acertando o homem maléfico em cheio.

- Imobille!

A adaga para a poucos centímetros do bebê.

O indígena suspira aliviado.

Vindo pela mata surgem quatro homens pelos pontos cardeais cada um portando um cajado.

- Ora, ora Mandreph! Fugiu de sua prisão não?

O jovem usa um jeans desbotado. O mago negro move a cabeça lentamente.

Com um movimento da varinha aquele que parece ser o mais velho puxa para si a adaga sacrifical.

- Maldito Dricius! Solte-me! – berra o bruxo.

O Maléfico homem não precisa de cajado ou varinha para se soltar e com um pequeno estouro de luz está livre.

Nos momentos seguintes Saturno presencia o que parece ser um “bangue-bangue” com cajados.

O tal Dricius joga a adaga no chão e atira raios azuis e avermelhados.

Mandreph grita as palavras “Mortiis Nigrun” sem parar.

Tudo o que essa luz mortiça acerta, seca sem vida no mesmo instante.

Logo a influencia sobre o imortal desaparece e ele corre para salvar o bebê no fogo cruzado.

Rola no chão e corre carregando consigo o pequenino.

- Perfure-o! – ordena Mandreph.

Impulsionada pela magia a arma voa pelos ares.

Saturno tenta bloqueá-la com seu próprio punhal, porém tem o braço perfurado.

Através da carne vampírica a adaga corta de leve o peito do bebezinho.

Quando as primeiras gotas de sangue fluem, um grande estrondo ecoa nos céus.

As nuvens que encobrem o lugar se abrem e formam um grande turbilhão que pode ser visto a quilômetros de distância.

Uma voz, rugida em uma língua arcana pôde ser ouvida longe, tamanha sua potência.

- [Minha oferta? Onde está?].

Algo imenso se materializa próximo ao local onde estão; sua cabeça cheia de olhos ultrapassa a copa das árvores.

Todos os magos ficam pálidos com a visão.

Menos Mandreph que pula e grita de felicidade.

Neste momento Saturno toma sua mais louca decisão: Volta correndo em direção ao mago e à aparição.

- Baal! Eu o invoquei! Devolva meus poderes agora!

As centenas de olhos do demônio se voltam para o bruxo.

- [Minha oferta!] – exige o infernal.

- Está ali com o não-vivo!

O homem sombrio aponta para o índio.

Para surpresa de todos eles, o vampiro se aproxima a toda velocidade.

Saturno toma o cajado de Mandreph e tenta se afastar.

O mago negro aponta suas mãos e solta uma poderosa magia:

- Petrus Carnae!

Os outros magos, mesmo assustados percebem que precisam agir.

Apontam seus cajados para Baal.

- Expurgo! – gritam eles em uníssono.

O demônio solta um urro medonho e vira seu corpo mortiço contra seus agressores.

Gira o braço descomunal lançando uma corrente de ar fétido.

Três dos Iniciados voam longe, caindo no meio do matagal.

O imortal começa a se sentir lento, está virando pedra.

Dricius grita para ele:

- Vampiro! Apenas o cajado que invocou o demônio pode mandá-lo de volta!

As pernas do rapaz de longos cabelos negros estão rígidas. Ele vira o cajado contra Mandreph.

- Pare! Quer dizer... IMOBILLE!

Um facho de luz atravessa o ar, atingindo o atônito bruxo em cheio.

Baal começa seu andar cambaleante em direção ao filho da noite.

- Tira esse feitiço de mim! – pede o índio desesperadamente.

Está transformado em pedra até a o tórax.

- Disfaratem incantem!

Uma aura azulada o cerca desfazendo o encanto de rocha.

O demônio Baal está em frente ao vampiro que engole em seco.

Sua cabeça coberta de olhos o observa do alto de seus oito metros de altura

O corpo lembra um inseto coalhado de espinhos.

- [Minha oferenda! Entregue-me a oferenda!] – grunhe a criatura do abismo.

Saturno olha desesperado para Dricius.

- Como eu mando esse bicho embora?

- Aponta o cajado e grita “Expurgo”

Mandreph continua imóvel, mas acompanha tudo com os olhos raivosos.

- Expurgo! – grita o índio com todas as suas forças.

Nada acontece.

Sem pensar duas vezes, o imortal se vira e foge.

O bruxo consegue se mover lentamente.

Baal urra com fúria insana e começa a perseguir o vampiro em pânico, derrubando as árvores em seu caminho.

O demônio estende as mãos e o indígena é arremessado no ar.

Cai no chão protegendo a pequena vida com seu próprio corpo.

Dricius faz uma invocação de vôo e logo alcança Baal e Saturno.

- Você é um morto! Um amaldiçoado! Foi a vida da criança que lançou a magia! – grita o mago.

O filho da noite entendeu o que aconteceu: de algum modo o bebê tocou no cajado quando lançou o feitiço contra Mandreph.

Vira-se contra Baal que estende as garras para o vampiro.

Este encaixa a mãozinha rosada do pequenino no cajado e o aponta contra o demônio.

- EXPURGO! Capeta do caraio!

Um facho de luz branca atinge o ser infernal no peito.

Por alguns instantes o tempo parece parar.

Logo Baal começa a rodopiar e desaparece com um urro que pôde ser ouvido em várias dimensões ao mesmo tempo.

- Acabou... – murmura Saturno.

Ele é inesperadamente empurrado e o mago negro agarra o cajado, tentando tomá-lo.

- Vou destruí-lo por isso! – berra Mandreph alucinadamente.

Em desespero, o vampiro grita uma magia ao acaso enquanto ao mesmo tempo o bruxo grita outra.

- Imobille!

- Mortis Nigrun! – vocifera o homem sombrio.

Brilhando intensamente, o cajado explode em chamas multicolores.

O indígena é atirado a vários metros e sente um formigamento no braço que está rígido.

Pústulas se abrem em seu membro e várias coisas saltam de entre seus dedos, olhos, larvas e cogumelos entre elas.

- Aaargh! O que é isso?

Após analisar um segundo, Dricius responde:

- os feitiços voltaram para os donos, além de se misturarem com outros quando o cajado de poder se rompeu...

- Mas então... Mandreph está morto?

Ele deposita o bebê que ainda chora de medo em segurança e eles vão checar o destino do bruxo.

Os outros magos atingidos por Baal, começam a se aproximar, ainda meio tontos.

No local onde estivera o mago sombrio, dezenas de besouros negros e lustrosos jazem mortos.

- Aí está! É o fim do grande e sinistro Mandreph!

Após se informarem dos fatos, os quatro magos resolvem decidir o que fazer, tanto com o bebê quanto com índio.

- Vampiros são maléficos! Devemos exterminá-lo! – disse Karmion.

Saturno olha com raiva o Desperto de calças jeans.

- Se não fosse por ele talvez a noite não terminasse bem! – reclama um mago chamado Elric.

Dricius após pensar por algum tempo toma sua decisão:

- Vamos poupá-lo! Ele merece uma chance, pois prestou um bom trabalho! Quanto à criança ficará aos nossos cuidados!

Saturno vai reclamar, porém com um gesto, Karmion tira a criança flutuando de seu colo gélido.

Em seguida os quatro se desvanecem no ar.

Bando de bostas! Nem pra me dar uma carona!

O vampiro índio anda pelo matagal fechado, procurando a saída.

Um besouro de olhos lustrosos é esmagado por seu coturno quando ele segue caminho até a saída do Parque do Carmo.

Fim.

Humberto Lima
Enviado por Humberto Lima em 16/06/2008
Código do texto: T1037252
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