Pesadelo da Luz - II

Parte II - A Escuridão

Amanda tampou a boca o mais forte possível para não gritar. E enquanto arrastava-se, passos ecoavam na escuridão. Ela se encolheu atrás da escada, os olhos não vendo mais que a plena escuridão que se instalou. Além do silêncio, o ruído de passos cada vez mais próximos dela. Foi então que explodiu no ar o som de vidros estilhaçados. Amanda se levantou gritando e correu até a porta, empurrando a mesma com força. Deixou algo cair, e só pode ouvir o som de um objeto rolando na calçada da rua onde agora estava. Parou assustada e abaixou-se tateando o chão desesperada até sentir que segurava uma lanterna. "Mas de onde?" Fosse o que fosse, a última coisa com que estaria preocupada era saber de onde surgiu a tal lanterna. Imediatamente a ligou. Suas pupilas dilataram ao ver a luz promovida pela lanterna prateada. Um forte cllarão branco iluminava dois metros a sua frente - A única parte da rua qual podia observar. Parecia estar em outro lugar diferente. Analisou as lojas na calçada, todas elas banhadas numa mistura estranha de ferrugem e... sangue? Então ela continuou beirando a calçada a sua esquerda, andando o mais depressa possível. O medo que a tomava lhe impedia de fazer barulho. "Que diabos de lugar maldito é esse?" Uma imensidão deserta envolta em trevas. Quando ela entrou num beco úmido, tropeçou nos degraus de uma escada e rolou até uma enorme grade de ferro. Mirou a lanterna trêmula e viu a estrada do outro lado. Iluminou as barras de ferro e percebeu que estava sem saída. O cercado era alto demais para que pulasse. Segurou firme a grade e empurrou, mas ela nem se moveu. Foi então que aconteceu. Um grito fantasmagórico e fúnebre invadiu seus ouvidos congelando a espinha. A jovem virou para observar quem descia as escadas e se deparou com algo assombroso.

Arrastando-se pelo chão, com um corpo magro e flácido, descia um estranho ser de pele enrugada e vermelha. Os olhos, duas enormes bolhas de sangue. Um corpo deformado e comprido, com dedos longos e unhas apodrecidas. A criatura avançou grunhindo diabolicamente. Com o susto, Amanda caiu e deixou a lanterna cair também, do outro lado da grade.

- Ah, merda... - berrou ela se jogando no chão e tentando pegar a lanterna desesperada.

A coisa, o que quer que fosse, se aproximava incrivelmente rápido e alcançou o último degrau, deixando um rastro de sangue grosso pelo escada.

- Droga! Não! Não! - Por mais que esticasse o braço, ela não alcançava a lanterna.

Olhou pra trás tentando ver alguma coisa, mas só ouvia os grunhidos se aproximarem.

Então, num embalo, ela conseguiu agarrar a lanterna e puxou a mão de volta para se levantar. Foi quando viu pés a sua frente e seu coração disparou mais ainda. Segurou a lanterna tremendo e pode ver do outro lado um casal se beijando, encostado na grade.

- Socorro! Socorro!!! - ela berrava.

A luz da lanterna focou em cheio o enorme monstro atrás dela. As mãos pútridas e gélidas agarrando suas pernas.

- Sai daqui! Sai daqui! Não!!! Socorro!

O casal continuava a se beijar, sem sequer olhar para Amanda.

- Desgraçados! Me ajudem, malditos! - Amanda soluçou chorando desesperada e sacudindo as pernas.

As enormes unhas arranhavam sua calça, perfurando sua pele. Vários arranhões sangrentos. Um estranho calafrio passou por suas pernas, numa mistura de dor e medo, cada vez maiores. Histérica, Amanda assistiu as pernas serem arrancadas com brutalidade. O estalo dos ossos sendo quebrados em seus ouvidos. Logo jaziam no chão junto a enorme poça de sangue. Ela soltou a lanterna e a última coisa que se lembrou foi de ter visto uma forte luz, antes de desmaiar...

(Fim da Parte II)

Glaucio Viana
Enviado por Glaucio Viana em 14/10/2008
Reeditado em 23/11/2008
Código do texto: T1227234
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