Sob a Lua Cheia

*Conto com apelo erótico.

Essa não é mais uma história de lobisomem, ou o sétimo filho que se transforma na lua cheia, é uma história intrigante, começa num olhar, se enlaça no amor, e termina como tem que acabar como é o destino. A missão tem que ser cumprida...

Nêmeses.

Não era só um olhar, era olhar dele, que acalmava que arrebatava ao mesmo tempo. Não eram só os seus poderes que ele sugava, era sua alma... Era fulminante e quieto... Assim eram os olhares de Ares e Charlise. Nada parecia importar quando ele a olhava, quando ele falava...

Charlise havia recebido o poder, havia transcendido. Era uma nêmeses, e devia agir como tal, ser como estava a altura de seu cargo. Mas não!! Era inebriante demais, queimava por dentro, fazia o coração bater, mais forte, e o seu toque... Era perfeitamente macio e forte ao mesmo tempo, seus beijos eram molhados, ardentes de paixão e desejo... Todo meu mundo girava... Certo, ou errado? Sério, ou não? Verdade ou mentira? Posso ou não posso?

Ah, aquelas lembranças, quentes e doces, que fazem meus olhos arderem agora, em frente ao corpo imóvel que tenho aqui... Imóvel, inerte,sujo,vermelho...podre. Já faz três dias.

Três dias que olho o alto preço a ser pago por aquilo que sou. Mas não posso negar quem sou e o que tenho que fazer, é preciso, simples assim. Não importa quem seja, eles devem pagar, pagar... e caro pelo mal causado a humanidade e por encher o mundo com seus pecados sujos.

Vamos a minha lista:

Dama de vermelho: docemente morta!

Mãe: morta emfim!

Charles: morto friamente...

Transcendência: sacrifícios completos...

No aguardo de novos ensinamentos, eu decidi tocar a vida, treinando sempre, novas maneiras de como matar uma pessoa limpando seus pecados. Talvez não fosse ao um mistério, talvez não fosse só a morte. Nós, Nêmeses, as justiceiras de séculos através dos séculos temos a missão de limpar o pecado dos homens, das mulheres e de todo ser que contamine a humanidade. E neste tempo eu o conheci: Ares.

Não era simples assim, um homem, era Ares. Um Deus, rodeado de mistério e olhares secretos. Quando nos olhávamos era tão mágico, era inebriante, era... Paixão ardente. E por grandes momentos eu se esquecia de quem eu era...

Conversávamos longas horas, e aquele olha profundo me atingia em cheio, era tão persuasivo, era tão convidativo... Era algo inexplicável... E eu fui me deixando envolver, fui me deixando descobrir de novo (tinha até me esquecido do Charles).

Ele era tão novo pra mim, com suas frases, suas histórias, seu jeito de ser... Aquele sorriso... era impossível resistir, e assim passou-se dias.

Conversávamos, e claro os olhares já revelavam a química existente. Era tão forte,tão presente. Meu corpo arrepiava a cada olhar,cada abraço, e quando ele delicadamente, cheirava meu pescoço, era tão viril,tão excitante... já não dava mais para resistir...

Mas, como todo destino precisa ser seguido, como tudo deve ser feito, isolada em meu castelo, nas minha cores vermelhas, mergulhada em meus pensamentos, e no Ares...

Como um clarão, eu escutei...

Charlise...

Charlise...

Eu tremi, porque só uma pessoa me chamava assim: A rainha das Nêmeses...

Charlise esqueceste suas missões? Esqueceste para que fostes escolhida hein?? Não sabes diferenciar as coisas? O que quer fazer, acabar com toda a história e justiça? (acertou Charlise bem no rosto com um tapa)

Não Nêmeses, não esqueci, apenas me envolvi com uma pessoa... e não me bata assim, você pode ser a primeira, mas não é melhor do que eu, e não manda em mim!!(mais uma vez Nêmeses acerta Charlise com seu poder)

Charlise, doce,sensual Charlise(Nêmeses fica bem próxima de Charlise) Você por um acaso sabe com quem se envolveu? Está tão envolta em sua magia de desejo e paixão, seu toque delicado e forte ao mesmo tempo não é? Diga sua vadia!

Como você sabe disso? Ele é uma mistura, meu sangue ferve por ele, e eu o quero!

Como sempre, Ares me causando problemas com minhas Nêmeses! Mas isto vai acabar. Este Deus que se acha Deus... Vai voltar para onde não deveria ter saído, para o inferno!

Você Charlise, em sua condição de Nêmeses, deve matá-lo com uma faca de prata!

Não! Não posso fazer isto, ele é mais que um caso para mim!! Não é mais de uma das minhas vítimas! Não Nêmeses, piedade (ajoelhando perto de Nêmeses), me mate em troca dele! Não! Por favor!

Como esta cena é patética sua vadia! (bate em Charlise novamente) vai matá-lo e beber de seu sangue, como nós fazemos, livramos o mundo do pecado e de tudo que há de mal... Está encerrado, e como prova, quero que traga a cabeça dele... você tem dois dias Charlise.

E se eu não o matar?

Você morre. Adeus Charlise.

Fiquei perdida no vazio, e no miado dos meus gatos. Não há nada o que se fazer. Era preciso matá-lo. Não havia remédio. Era a minha missão, eu era uma Nêmeses. Me vesti a caráter, como toda Nêmeses, minhas vestes vermelhas, e fui ao encontro dele.

Marquei com ele em uma praça e o convenci a ir para meu castelo. Seria mais fácil no meu mundo. Ares aceitou prontamente, e disse que seria até melhor, pela imaginação...

Foi rápido e inesquecível. A lua estava encantadora. Cheia e poderosa no céu. Dona de tudo que havia. E só ela, era minha confidente. Só ela presenciaria, como em todas as outras vezes, a minha missão. Entramos no castelo, com os hormônios á flor da pele. Não podíamos nos olhar e nos tocar... Tudo deveria ser lento, e eu acharia a hora certa de matá-lo.

E no meio da conversa, deitados em um dos terraços, onde eu cuidadosamente havia preparado um tapete vermelho, com almofadas vermelhas, um incenso de absinto, e aquela Lua Cheia. Olhamos-nos, e fizemos o que nossos instintos tanto queriam: Beijamos-nos. Envolvemos-nos sob a luz do luar, por todo aquele ambiente... Abraços longos e apertados, aquele cheiro, mais pareciam uma droga...

Ao longo dos beijos, minha pele arrepiada, meu corpo ofegante e preciso, caminhava por todo o tapete e pediam, pediam por ele, ansiavam por ele e todo seu cheiro, sua respiração em meu pescoço, era inevitável... Eu não conseguia pensar em mais nada. E só ia aumentando, a química, o olhar, meu corpo pedia,implorava... nada mais fazia sentido... só o momento, parecia que o mundo estava parado, acompanhando aquele momento eterno, aquela Lua,sorria em minha confidência...

Os beijos,abraços,os corpos nus e unidos, arfando e pedindo... toda a atmosfera, o cheiro do incenso em nossas narinas, o suor dos corpos,o olhar profundo...

Um brilho no alto, e um baque...

A lâmina de prata tinha atravessado o coração de Ares, friamente e lentamente...

O baque de um corpo caindo, e o quase fim...

Eu estava com os olhos ardendo e cheios de lágrimas, Ares ainda olhou para mim...

Você é uma Nêmeses? Nêmeses... Eu vou voltar... Para casa...

Caiu.

Eu cumpri a minha missão, e aqui estou há três dias olhando para o corpo de Ares, e preciso terminá-la.

Liguei o som, uma ópera. Vesti-me como uma princesa Nêmeses... Coloquei Ares em uma cama, e com todo o cuidado, arranquei-lhe o coração, pus em uma bandeja de prata, colhi seu último sangue, e coloquei em uma taça de sangue.

Pronto, estava terminado.

Charlise e Nêmeses,banqueteavam, e Nêmeses havia aprovado a sua fiel justiceira.

Não como fugir do nosso destino.

Com os cumprimentos de Nêmeses, a inevitável...

Charlise de Orleans
Enviado por Charlise de Orleans em 19/10/2008
Código do texto: T1236757
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