Natal Macabro

Os olhinhos de um pobre garoto brilhavam solitários, refletindo as luzes dos fogos que explodiam radiantes no céu. Era noite de natal, com canções e alegria estampada nas faces daquele simpático povo da pequena cidade, todos repletos de votos de esperança e prosperidade. Para aquele pequeno garoto pobre, os presentes jamais seriam entregues e a ceia seria apenas um pedaço de pão dormido com muita sorte.

Enquanto a neve caia do lado de fora, Igor um garoto glutão se fartava com os melhores doces e guloseimas, enchia suas mãos rechonchudas de doces e levava a boca suja de açúcar. O pobre garoto observava Igor se empanturrar através da janela, por um momento esqueceu o frio e se imaginou ali comendo tudo aquilo que sempre sonhou, saciando a fome que o perseguia a cada dia, sendo enfim um garoto feliz e afortunado. Os pais de Igor se compadeceram com o pobre garoto a congelar, sendo assim entregaram uma linda cesta de Natal para que Igor a levasse até ele. Igor torceu o nariz e as imensas bochechas coradas relutante, mas enfim concordou, afinal de contas era Natal.

Igor Levou a cesta para o garoto que sorriu timidamente, com passos pesados e certa insatisfação e um olhar opressor, que então disse;

_ tenho um presente para você...Venha comigo!

Os dois garotos caminharão em direção a um lago parcialmente congelado. Igor observou o gelo espesso que brilhava sobre a água turva e disse;

_ se quiser comer pegue a cesta...

Subitamente Igor jogou a cesta sobre o lago congelado a uma distancia consideravelmente perigosa.

Os olhinhos de Luis verteram lágrimas, mas a fome era tamanha que o menino não pensou duas vezes. Então caminhou cauteloso em direção a cesta, o gelo trepidava e trincava a cada passo. Finalmente o garoto chegou até a cesta, sorrindo satisfeito enquanto Igor o fitava com um sorriso sarcástico. De repente o gelo não suportando mais o peso trincou e o garoto caiu na água gélida se debatendo e lutando por sua vida. Mas Igor não esboçou reação alguma, apenas observava o garoto afundar na água turva com um sorriso macabro nos lábios. Enfim, Igor voltou para o conforto de sua casa, sem culpa ou remorso pelo ocorrido, guardando um terrível segredo consigo.

Dez longos anos se foram, o menino se transformou em homem, um dos piores e mais inescrupulosos homens. Nestes anos muitas maldades foram cometidas, um ser de caráter corrompido. Seus pais morrerão sem entender o porque de tanta maldade em seu filho, uma terrível decepção.

Após o falecimento de seus pais (em circunstâncias misteriosas) ele herdou toda a fortuna da Família Austen, feito que sempre almejou. Devido ao seu temperamento inconstante, Igor não tinha esposa ou filhos, poucos amigos eram condicionados aos seus caprichos, amizades de puro interesse, com o tempo habituou-se à solidão.

Então era véspera de Natal, uma data como outra qualquer para Igor, mas desta vez fatos estranhos começaram a acontecer. Em sonhos uma sombra o perseguia, depois vultos corriam pelo canto dos olhos. A casa estava cada vez mais triste e fria em um silêncio sepulcral e pequenos filetes de gelo se formavam em alguns pontos da casa.

Era noite de Natal, estava ele sozinho em frente à lareira, nenhum amigo ou convidado que pudesse ouvir suas lamurias. Então quando ele se fartava em uma imensa mesa de iguarias natalinas, subitamente o vento rufou forte e as janelas se abrirão, o vento frio invadiu a sala arrancando cortinas e empurrando moveis. Foi quando ao fechar uma das janelas ele avistou uma figura negra próxima a casa, mas não soube dizer quem era e sem se preocupar retomou sua ceia. Novamente uma nova rajada de vento frio, mais revolto e violento, derrubou tudo o que havia sobre a mesa ricamente decorada. Igor ficou furioso e novamente voltou para trancar a janela e observou que o vulto estava mais próximo, sendo assim finalmente ele pode identificar a misteriosa figura. Seus olhos incrédulos fitaram o menino pobre da noite de Natal, que morrerá de forma tão trágica no lago. Igor sentiu cada músculo vibrar de frio e medo. Os olhos do menino morto eram brancos como a neve, suas roupas estavam molhadas e rasgadas, seus lábios arroxeados eram um estranho contraste com a pele cinza e de seus cabelos escorria uma terra turva como lodo. Igor encarava a face da própria morte.

Quando desviou o olhar o vento lhe soprou as orelhas, o menino fantasma estava a sua frente, tão próximo que a face cadavérica lhe parecia ainda mais monstruosa, uma neblina gélida pairava ao redor do espectro.

As retinas de Igor refletiam o mais puro terror, talvez sua ultima visão. Alguns dias depois vizinhos encontram o corpo de forte odor, sentado na cadeira com um imenso lago de sangue ao seu redor, um buraco fundo fora feito em seu peito. E lá na beira do lado das lágrimas você poderá encontrar uma linda cesta com um coração em seu interior, talvez uma ultima refeição de um espírito vingador.

Feliz Natal

Lembrem-se festas de final de anos não são datas onde pessoas como Igor exercem toda a sua Hipocrisia, mas sim devemos cultivar tudo e que há de bom o ano todo.

Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 25/12/2008
Reeditado em 12/07/2010
Código do texto: T1352740
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