Miséria

Certo dia de verão do ano de 1951, a enfermeira Iara jamais poderia prever ou mesmo esquecer o que iria lhe acontecer...

Miséria

Iara uma moça de formação humilde, sempre teve em seus pais figuras batalhadoras em prol do sonho de sua única filha, estudar.

Em épocas passadas é de nosso conhecimento que estudo era algo raro e extremamente caro entre os brasileiros.

Iara sempre dedicada a seus estudos jamais se conformou em nascer de família humilde e sempre almejava mais. Sonho este que muitas vezes lhe levava a comportamentos levianos com rapazes da alta sociedade, tudo em prol de uma condição melhor de vida.

Ao terminar seus estudos de segundo grau, Iara conseguiu um emprego como enfermeira em um hospital na cidade de Santos.

O ambiente que vislumbrava não condizia com sua realidade, pessoas que gozavam de uma condição financeira melhor estudavam medicina algo que ela sempre sonhou e ela ali sujeitando-se a chamá-los de doutor apenas por não ter dinheiro.

Por este motivo, a menina vivia praguejando pelos cantos do hospital: - que miséria de vida, que emprego miserável, que casa miserável que moro...etc..etc..

Certo dia ao descer do ônibus que a levaria até em casa, isso já tarde da noite, ela caminhava somente sob a luz do luar pela pequena estrada de terra rumo a sua "miserável" moradia.

Eis que aconteceu algo que Iara jamais iria esquecer até o seu último suspiro.

Ao andar pela estrada, vinha em sua direção um vulto maltrapilho. Iara sentiu o arrepio em sua nuca porém continuou sua caminhada, ao aproximar-se cada vez mais aumentava a sensação de formigamento e calafrios...

Até que o momento chegou, Iara encontrava-se completamente paralisada, imóvel, não conseguia gritar se quer...

A figura maltrapilha aproximou-se dela e Iara pode notar que se tatava de uma velha mendiga, que lhe sorriu, passou a mão em seus cabelos e disse: - Olá bela moça, eu me chamo miséria, você tanto me chama, oque queres de mim?

Era uma figura de aspecto horripilante, com trapos cobrindo seu corpo inteiro, sua face desdentada e enrugada, seus cabelos sujos e desarrumados, e seu hálito era de pura pobreza...

Iara finalmente conseguiu mover-se e deu um salto para trás, gritando e desmaiando.

Algumas horas se passaram e a moça foi acordada por um viajante que passava pela estrada ao amanhecer.

Iara pensou não passar somente de um pesadelo, foi quando ela fechou seu punho esquerdo e lá estava um pedaço do trapo que a velha miséria usava como vestimenta...